Sorry For Your Loss é uma daquelas ótimas surpresas escondidas no Facebook Watch, o serviço de streaming do Facebook.
Sim, o Facebook, a maior rede social do planeta, com 2,2 bilhões de usuários ativos, tem sua própria plataforma de streaming.
Lançada em 2018, Sorry For Your Loss, talvez, seja a produção mais completa e ousada da plataforma. Digamos que a série, é a jóia da coroa do Facebook Watch, onde Sorry For Your Loss tem cara (e padrão de qualidade) de HBO, tem um roteiro digno de produções do FX e uma quantidade de talentos de dar inveja para a Netflix.
Se Sorry For Your Loss passaria em algum desses canais? Talvez. O seriado toca em temas polêmicos e difíceis, onde, em algum desses canais, não poderia ter certas liberdades criativas para desenvolver com mais profundidade seu texto.
Numa primeira olhada, pelo menos no episódio piloto (1×01 – One Fun Thing), esse drama de 10 episódios de 30 minutos fala sobre o processo de luto e a perda um ente querido. Na trama, acompanhamos Leigh (Elizabeth Olsen, numa atuação precisa e impactante, numa chance de finalmente mostrar seu talento) uma jovem que sofre com a perda repentina de seu marido, Matt (Mamoudou Athie).
Tudo é muito rápido no começo, somos jogados para a vida de Leigh, como um carro em movimento, onde sentamos no banco do passageiro e acompanhamos essa jovem viúva de luto pela morte repentina do marido e como isso afetou sua vida. As passagens são completamente emotivas, melancólicas e Olsen carrega tudo numa atuação de impressionar, com a câmera sempre focada no seu olhar incrivelmente triste.
A princípio, não sabemos nada sobre o evento, só que Leigh e Matt pareciam ser um daqueles casal que gostamos e torcemos, e assim, Sorry For Your Loss, com pequenos flashbacks, nos conta a história do casal. O roteiro da série, então, pega passagens e momentos que ativam a memória de Leigh, seja ela parada na porta de sua casa, quando encontra um cachorro perdido na rua, ou no meio de um café enquanto espera seu amigo para um bate-papo, para nos dar um panorama geral dos personagens e suas complexas dinâmicas.
Leigh tem um grupo de apoio, onde Olsen entrega monólogos incríveis e devastadores sobre suas experiências, mas, a jovem, também tem seu grupo familiar composto pela a mãe Amy (Janet McTeer, ótima) e a meia-irmã recém saída da reabilitação, Jules (a cativante Kelly Marie Tran). Ambas com histórias próprias e importantes para o desenvolvimento da trama. Leigh ainda precisa lidar com o cunhado que ela nunca se deu bem, Danny (Jovan Adepo) e enquanto o tempo passa, o quarteto lida com suas tristezas, sofrimentos e luto sobre a morte de Matt.
E, ao longo que a temporada avança, vemos que o roteiro destrincha essa premissa de ser uma série sobre luto apenas para falar de diversos outros temas como, depressão, a dificuldade de relacionamentos familiares, suicídio e alcoolismo de uma forma, às vezes sutil, outras bem didáticas, sem nunca deixar de ser muito bem escrita e atuada.
Um dos destaques de Sorry For Your Loss é que a trama segue uma narrativa quase não linear, como se a série mostrasse trechos da vida de Leigh e momentos importantes no processo de luto de uma forma que não importa muito a linha do tempo que você assiste alguns dos episódios, afinal, que o roteiro sempre se conecta em algum momento.
Assim, vemos a personagem lidar com a mudança de sua casa no 1×02 – Keep, Toss, Giveaway, ou quando ela resolve a voltar a escrever sua coluna num grande portal em 1×06 – I Want a Party e até mesmo a jornada em descobrir a senha do celular do falecido marido, onde o arco narrativo culmina no pesado, denso e completamente sombrio episódio 1×05 – 17 Unheard Messages, onde vemos o foco, ficar em Matt e acompanhamos os últimos meses de vida do jovem professor com o sonho de publicar uma história em quadrinho.
No final, Sorry For Your Loss, é um turbilhão de emoções que te faz querer entrar no seu dispositivo para abraçar a personagem de Elisabeth Olsen e dizer que vai estar tudo bem. E isso, meio que acontece para todos os personagens que são cativantes, humanos e cheio de problemas reais e super conectáveis.
Esse drama, além de falar sobre questões importantes, faz tudo de uma maneira natural e reflexiva e desculpe, mas, você só irá perder uma das melhores séries que poucas pessoas viram em 2018 se não assistir e se emocionar com essa história.
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