A Netflix lançou Sombra e Ossos, baseado no romance de fantasia de mesmo nome da autora Leigh Bardugo, e chegou com um hype lá em cima pelos fãs e na promessa de ser a próxima grande produção na TV (no streaming no caso). A seu favor, essa primeira temporada se garante com efeitos especiais muito bons, mas infelizmente perdeu a mão no desenvolvimento de sua história. O roteiro e a produção da série é de Eric Heisserer, que foi roteirista e produtor de Bird Box para a Netflix, e roteirista do longa Bloodshot.
A primeira coisa que falo é que não li a obra em que a série se baseia, ela foi lançada em 2012 e saiu aqui no Brasil pela editora Gutenberg, portanto meu julgamento é em cima da série, e do que eu vi durante seus 8 episódios. Sombra e Ossos, como se série, até que se esforça em nos apresentar este mundo fantástico com suas Grishas e a tal Dobra das Sombras que uma nação inteira quer derrubar.
Logo de início somos apresentados a Alina e Mal, e não sabemos muito bem o que acontece entre eles, apenas que eles tem uma amizade que vem desde da época que os viviam no orfanato, para ao longo do primeiro episódio sermos apresentados de supetão a um mundo de fantasia totalmente novo e mágico. Em Sombra e Ossos temos Grishas, consideradas bruxas e bruxos, que controlam os elementos, e ao lado de humanos, lutam para juntos derrubarem um feitiço muito antigo que foi conjurado por um Grisha do “mal”. Dentro dessa “fumaça do mla” inúmeros monstros sobrevivem, mas essa dobra como é chamada, acaba por ser uma espécie de muro que se estende por quilômetros, separa o reino de Ravka, e como isso acaba por criar um grande conflito por poder que se desenrola ao longo do primeiro ano.
Alina e Mal, claro, acabam por entrar dentro da dobra, cada um por com um motivo, ele por fazer parte do batalhão que deveria atravessá-la, e ela por não querer que ele vá sozinho, acaba por queimar um mapa e prontamente se oferece para ir fazer outro novo, afinal descobrimos que Alina é uma cartógrafa. A maior questão é que ela ao se colocar em perigo, levou vários colegas, e no meio de tudo isso, foram atacados, e ao longa dos episódios vimos que da jovem saiu uma luz. Assim, descobrimos que Alina é uma Conjuradora do Sol, a “santa” que viria com sua luz para derrubar a dobra e unir novamente o país.
Bem místico e basicamente quase a mesma coisa que já vimos em diversas outras jornadas de jornada do herói, como Harry Potter, Jogos Vorazes, e Senhor dos Anéis, não é mesmo? A questão é que Sombra e Ossos apresenta Alina e Mal, mas também o personagem do General Kirigan, um que se diz descendente do Darkling que ergueu a dobra e só quer derrubá-la e voltar a ter orgulho de sua linhagem, assim como os dregs Kaz, Inej e Jesper, que querem encontrar a Conjuradora do Sol e vendê-la por alguns milhões.
Assim, Sombra e Ossos peca nessa primeira temporada pelo excesso, afinal o tempo todo somos jogados neste universo que parece que só expande sua dimensão, onde ao mesmo tempo conhecemos sua importância, e até mesmo a motivação de cada personagem, mas infelizmente falta alguma coisa a conectar tudo isso. Jessie Mei Li se esforça para gostarmos de Alina, mas o roteiro a coloca em diversas situações que é impossível não querer que tudo acabe logo, umas saídas sem pé nem cabeça… os roteiristas usam e abusam de diversas conveniências ao longo dos episódios, uma das absurdas mais absurdas que a outra, que fica tudo fácil de se sacar, afinal, tudo caminha muito certinho para os personagens e o espectador já deve sacar de longa como cada reviravolta se dará.
E ainda sobre a nossa protagonista Alina, uma coisa que o time de roteiristas sempre voltam a mostrar e focam é no fato dela ser “meio Shu”, mas nunca nos explicam mais sobre isso, onde temos o tempo piadas e momentos de ranço para cima da personagem. Outro fato que não é muito explicado é o seu poder, ela conjura a luz mais pura, enquanto outros conjuram fogo, água, ar, terra, sentimentos do sangue, e até mesmo artesões de objetos, só que criar a luz é único, assim como trazer as sombras.
Ao longo de seus 8 episódios, Sombra e Ossos até que entrega uma série épica de fantasia que poderia soar interessante, mas demora para nos apresentar a construção desse novo mundo que a Netflix nos entrega nesse começo. E lá nos seus últimos momentos, a trama corre demais para entregar algo sólido, só para descobrirmos mais sobre o Darkling e seu fascínio e desejo por Alina e como ele deseja fazer da Dobra uma arma para que os Grishas possam ter moral novamente, pois além de tudo isso, eles ainda são caçados e condenados a morte pelos Fjerdan.
E sobre Fjerdan, ainda tivemos a trama completamente avulsa de Nina e Matthias, uma grisha e um fjerdan que se apaixonam e coincidentemente no fim do episódio cruzam os caminhos dos dregs… Fica evidente que eles terão algo importante nos próximos anos, mas por mais que tenha sido momentos legais os deles na barraca dos caçadores de baleia, não casou em nada com a trama desse momento da série.
O elenco jovem é estrelado por Mei Li (Last Night in Soho) a série ainda conta com Archie Renaux, Freddy Carter (Pennyworth), Amita Suman (The Outpost), Kit Young (A Midsummer Night’s Dream), e também com grandes destaques para Ben Barnes (As Crônicas de Narnia e Justiceiro), Zoë Wanamaker (Killing Eve, Britannia) e muitos outros.
No final, depois de assistir aos episódios de Sombra e Ossos fica claro que a Netflix tem em mãos, um grande universo que pode ser interessante de ser abordado e visitado, mas que peca em explicações demais para alguns detalhes e poucas para outros. Novamente alguns atalhos tomados pelo roteiro só prejudicam a experiência ao assistir a série e que acabam por extrapolar a “sorte” dos personagens, e que para fim, só servem para entregar uma protagonista que não nos faz sentir conectados com ela, por conta de decisões bestas ao longo da trama.
Sombra e Ossos tem os seus 8 episódios da 1ª temporada disponível na Netflix.
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