Por ser a primeira série de ficção original da TNT, já vamos deixar claro que Rua Augusta é um acerto. E dos grandes!
Com um ritmo empolgante e uma história que prende atenção de quem assiste logo nos primeiros minutos, Rua Augusta faz jus a rua que dá nome a série: uma produção com um visual estiloso e uma história que mostra logo de cara para que veio, unindo diversas e diferentes tramas num roteiro bem escrito. Fiorella Mattheis até é o destaque e está bem no episódio piloto, mas quem realmente rouba a cena é Lourinelson Vladimir como Alex.
A série não poupa esforços em cair de cabeça no mundo meio underground e hipster da rua Augusta e acerta em ousar e não ficar com falso puritanismo ao mostrar a realidade com sexo, prostituição e drogas que ronda a noite paulistana e que tem na rua um ponto de encontro de diferentes tipos de pessoas e frequentadores em suas inúmeras casas noturnas.
A produção quase chega a ter um climinha meio noir e sua fotografia se destaca por cores fortes num visual quase neon, bastante pulsante e que grita. Com uma ambientação escura e com movimentos apressados de câmera o primeiro episódio acerta em criar um clima de desbravamento e de mistério para apresentar seus personagens.
Logo de cara conhecemos Mika (Matheis) e Nicole (a desenvolta Pathy De Jesus) duas strippers que estão acostumadas a lidar com o dia-a-dia (ou seria a noite?) no local onde elas trabalham. “Você não cansa de homem?” pergunta uma delas e a outra prontamente responde “Não!”, e assim entramos de cabeça no mundo das garotas onde perucas e saltos altos estão ali para agradar os clientes, mesmo que elas claramente tenham uma outra vida fora dali.
E então o roteiro de Ana Reber, Jaqueline Vargas e Julia Furrer sabe continuar bem a apresentação de seus personagens e o que parecia ser diversos núcleos diferentes, temos tramas que acabam se conectando de uma forma bastante interessante. Assim, como a rua Augusta tem como característica unir diversos tipos de pessoas, com sexualidades e ideais diferentes num mesmo ambiente em busca de diversão, a série também acaba parece ter esse propósito.
Com um estilo único que lembra até mesmo um clipe da MTV dos anos 90, Rua Augusta tem o nível de uma produção original HBO e entrega um primeiro episódio envolvente, com personagens humanizados e cheio de camadas prontas para serem desvendadas nessa primeira temporada.
E como falamos Lourinelson Vladimir é o grande destaque, Alex é dono de uma balada na frente da boate onde as meninas dançam e talvez aqui seu personagem seja o mais desenvolvido nesses primeiros 30 minutos. Ele é dono de um desses inferninhos cultuados pelos hipsters que frequentam a rua e lida tudo com uma mão de ferro, mas também tem uma história com a família e com a filha pequena que parece que irá se desenrolar ao longo da temporada de uma forma curiosa, afinal teremos o mesmo personagem lidando em ambientes completamente opostos.
Rua Augusta não poupa em nada e entrega momentos fortes, intensos e bastante violentos quando vemos os personagens centrais envolvidos numa série de eventos envolvendo pessoas poderosas, trocas de socos, sangue e até mesmo um assassinato que deve rondar a trama.
A medida que as histórias vão se convergindo todas elas acabam caindo no mesmo local, a rua que dá nome para a série. E em Rua Augusta é como se o espectador estivesse a pé, na rua com o mesmo nome, fazendo o percurso Av. Paulista até a Praça Roosevelt e encontrasse nos quarteirões uma história que desenrolasse ao longo do caminho de uma forma curiosa e instigante como seu percurso, afinal na Augusta você nunca sabe o que te espera. E é esse o sentimento que o seriado transmite, o de uma ótimo produção que está pronta para mostrar uma realidade pouco vista na TV brasileira.
Rua Augusta estreia dia 15 de março com episódio duplo na TNT Brasil.