sexta-feira, 22 novembro, 2024
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Ricky Stanicky | Crítica: John Cena em galhofada com carinha dos anos 2000

É curioso notar que Peter Farrelly, o diretor de Ricky Stanicky (2024), é o mesmo de comédias clássicas do besteirol que marcaram a Sessão da Tarde como Quem Vai Ficar Com Mary? (1998), Debi e Lóide – Dois Idiotas em Apuros (1994), O Amor É Cego (2001) entre diversos outros.

Afinal, num primeiro momento é isso que o longa estrelado por John Cena, Zac Efron e William H. Macy parece ser: uma comédia galhofa feita nos anos 2000. Mas Ricky Stanicky tem mais por trás dessa ideia meio aloprada de um grupo de amigos que precisa dar vida para a figura que eles criaram quando crianças e queriam deixar as confusões de lado e utilizam, e criam, o nome Ricky Stanicky para, até agora, adultos continuarem a pularem e deixarem de ir nos compromissos da vida adulta.

Jermaine Fowler, Zac Efron e Andrew Santino em cena de Ricky Stanicky.
Foto: Ben King/Prime. © 2023 Amazon Content Services LLC.

E por mais que a comédia do Prime Video pareça ser uma que tenha ficado parada no tempo, talvez, seja pelo elenco de comediantes reunidos aqui que o longa consiga entregar bons momentos e achar no streaming um lugar para chamar de casa. Liderados por um John Cena com um timing cômico aqui excelente, Ricky Stanicky consegue deixar sua fórmula mais quadradona para um filme de gênero e ir além para realmente trabalhar esses personagens ao longo das mais ou menos 2 horas de duração que a comédia se apresenta.

Bem mais do que bater a tecla numa piada só, Ricky Stanicky consegue fazer a história ir além da piada, carregar nas piadas mais pesadas, e entregar divertidas passagens com esse grupo de personagens. A quantidade trocadilhos, piadas de duplo sentido que o longa oferece é um chamariz para diversão. Com um humor extremamente mais agressivo e masculino do que as últimas comédias de sucesso lançadas nos últimos tempos como Bottoms (2023), Mais que Amigos (2022), Booksmart – Fora de Série (2019) e etc, Ricky Stanicky segue a linha de comédias como Te Peguei (2018), A Noite do Jogo (2018) e Caça-Noivas (de 2016 e também estrelado por Zac Efron ao lado de Adam Devine) e realmente se apoia no carisma do trio de amigos e nessa piada que chega a mudar suas vidas na medida que a mentira ganha perna longa.

E por longa, queremos dizer as pernas musculosas do Rod Hard de John Cena que se torna Ricky Stanicky e entra na vida pessoal dos amigos de uma forma que eles não estavam esperando. É interessante ver que o roteiro do grupo (Mike Cerrone, Pete Jones, James Lee Freeman, Brian Jarvis, Jeffrey Bushell e do próprio Peter Farrelly) brinca com essa antecipação de vermos o grupo de amigos tentando se livrar das responsabilidade da vida ao invocarem a figura de Ricky Stanicky, quase como se fosse um BeetleJuice e criarem uma história de vida (detalhada num livro chamado de A Bíblia) para esse personagem fictício com problemas de saúde, datas e histórias das mais malucas para depois encontrarem na figura de um ator fracassado a solução ideal para finalmente apresentar Ricky para seus parceiros, familiares e tudo mais.

E se parece que Ricky Stanicky fica preso desse fio estendido de uma piada só, a história da sua reviravolta e uma encorpada assim como Rod Hard vira Ricky ao conseguir uma vaga de emprego junto com o chefe (Macy) de Dean (Efron) e TJ (Santino) que trabalham no mercado financeiro. Acho que o filme então parte para sair de um tom só e ganha novas camadas e novas chances de vermos Cena improvisar e entregar mais momentos doidos com esse personagem.

John Cena em cena de Ricky Stanicky.
Foto: Ben King/Prime. © 2023 Amazon Content Services LLC.

Do momento que os outros personagens, principalmente as esposas e as sogras, conhecem Ricky até mesmo para depois que Rod se torna Ricky efetivamente, o longa sabe entregar um humor físico bem estridente. E realmente é como se estivéssemos em um novo filme, afinal, as dinâmicas mudam, e os amigos estão presos nas mãos do maluco Rod que acha que sua vida como Ricky é melhor do que a vida que ele levava.

É surreal, é pastelão, chega a beirar o inacreditável, mas funciona. Cena faz funcionar e aqui, acho que é o melhor papel da sua carreira do lutador transformado em ator. O ator segue a pegar e fazer papéis de personagens doidões, e isso está para Cena o que os filmes de ação genéricos está para The Rock e Jason Statham.

E o ator está muito bem. Acho que todos no elenco estão. De Efron que flertou com o drama consegue se sair muito bem aqui no campo da comédia, Santino se mostra também com um bom timing cômico e o mesmo vale para Jermaine Fowler que vê seu personagem, Wes, ter um arco próprio sobre escrever um livro e ter problemas com o namorado. E o quarteto principal que dita o filme, afinal, todo o resto é puro elenco de apoio, das mulheres, para os outros amigos, a salvo de Heather Mitchell como Leoana, a sogra de TJ, que realmente é a única que confronta o grupo sobre a verdadeira identidade de Ricky.

No final, Ricky Stanicky abusa da comédia física, no humor corpo a corpo e tudo parece um grande improviso, mas que funciona, e aplica fórmulas que deram certo no passado aqui em pleno anos 2024 na era do streaming. Seja pela união do roteiro, pelo ritmo cômico desses atores, ou por o quanto surreal seja essa história, Ricky Stanicky é a garantia de bons momentos e um divertimento sem compromisso ideal para passar algumas horas.

Nota:

Ricky Stanicky chega em 7 de março no Prime Video.

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Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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