Quem é você com 13 anos? É com essa pergunta que Red: Crescer é Uma Fera (Turning Red, 2022) se apoia para entregar uma nova animação Pixar, uma graficamente estilosa e com uma linda história de amadurecimento.
Sim, o que temos aqui é claro um novo acerto do estúdio quando se trata de criar personagens carismáticos e com uma boa história para se contar. E a história de Meilin Lee (voz de Rosalie Chiang no original) não é diferente do que já vimos para a Pixar. Mas isso não a deixa de ser basicamente única em sua proposta e pela forma que é contada. E divertida, muito divertida.
Red: Crescer é Uma Fera é pura diversão. E isso se dá pela sagacidade do roteiro que a dupla Julia Cho e Domee Shi (que também dirige o longa) entrega e que é o principal fator que faz o longa dar, e muito, certo. Claro, isso aliado também ao fato que o estilo de animação realmente bem diferente com o que já vimos o estúdio fazer, o trabalho de vozes envolvido, e tudo mais que embalam tudo como um grande abraço de panda também fazem de Red: Crescer é Uma Fera ser uma delícia de filme.
Red: Crescer é Uma Fera abraça a criança interior que todos nós temos e coloca nessa história de amadurecimento de Meilin um toque de mágica e misticismo sem deixar de mostrar problemas universais como ansiedade, primeiros amores, amizades e claro relacionamentos familiares que essa jovem enfrenta. E nada mais empolgante que isso que uma animação da Pixar, não é mesmo?
Em Red: Crescer é Uma Fera, acompanhamos a jovem Meilin que se vê dividida entre dois mundos. O mundo em que vive com suas amigas, a energética Abby (voz de Hyein Park no original), a alto-astral e super positiva Miriam (voz de Ava Morse no original) e a expressiva Priya (voz de Maitreyi Ramakrishnan no original), onde elas formam um grupinho delas onde além de estudarem juntas, elas compartilham a paixonite pela boy band do momento, a 4-Town (com músicas criadas por Billie Eilish e Finneas O’Connell), e por outros garotos também seja do colégio ou das redondezas.
É o começo da fase adolescente, mas para essas meninas elas já são adultas. Afinal, os hormônios, e a puberdade estão aí e Red: Crescer é Uma Fera consegue fazer uma cativante representação dessa época. É como se Red: Crescer é Uma Fera fosse a versão da Pixar de Eu Nunca… (série em que a própria Maitreyi Ramakrishnan participa inclusive). Red: Crescer é Uma Fera faz para a representação coreana o mesmo que a série de Mindy Kalling faz para a a indiana. Um mergulho para essa cultura e como ela é tratada pelas famílias nos tempos modernos.
E claro, Meilin precisa dividir seu dia com seus afazeres no templo que sua família cuida e é liderado por sua mãe, a durona, implacável Ming (voz de Sandra Oh no original e aqui ótima). Ming é a clássica definição de pai helicóptero e circula Meilin como um gavião atento. A última vez que eu vi o pai tão preocupado com o filho foi em Procurando Nemo com o Marlin e Nemo.
E aqui a relação de Meilin e Ming acaba por ser um dos grandes focos do filme, é um pouco mais complexa – o que causa algumas das melhores cenas do longa (sem spoilers), principalmente uma quando Ming encontra algumas coisas que Meilin gostaria que ficassem guardadas para ela – e assim por dizer, mais místicas na medida que a família Lee e as atividades do templo estão intrinsecamente conectadas com os eventos do longa.
Mas tudo muda, puf… num passe de mágica, na medida que Meilin se transforma num grande panda gigante. Assim, Red: Crescer é Uma Fera consegue criar visual as dores e os desafios se crescer através dessa transformação física da nossa protagonista realmente em um gigante panda. Alías um adorável, fofo e vermelhão panda. E isso, claro, movimenta a história, a vida de Meilin e principalmente seu núcleo familiar que espera que ela seja a perfeita MeiMei.
Na medida que a jovem precisa lidar com essa GRANDE (e peluda) mudança em sua vida, ela também precisa lidar com a vinda da banda 4-Town (formada por Jordan Fisher, Topher Ngo, Grayson Villanueva, Josh Levi e também Finneas O’Connell) para a cidade. Eles são 5, mas o título da banda é 4-Town, afinal o ano é 2002 e boys band estão no seu auge lembram?
A questão é que Meilin se transforma nesse gigante animal quando suas emoções estão no ápice, seja positivamente ou negativamente, falando. Como esconder para suas amigas, e para os outros estudantes, que você é um panda enorme? Principalmente com sua mãe no seu pé (ou seria pata?) atrás de você? Como controlar o seu panda quando você tem jovens em polvorosa por uma banda de 5 garotos, não é mesmo? E é assim que no meio de algumas reviravoltas bem interessantes que Red: Crescer é Uma Fera se desenrola de uma forma deliciosa de se assistir.
Na medida que o longa nos deslumbra com suas cores e seu visual que nos faz lembrar estarmos lendo uma revista, ou uma mangá, e com a qualidade visual dos personagens, seja nas suas expressões (e eles tão muitas), ou na textura de pele ou até mesmo do pelo do tal panda, Red: Crescer é Uma Fera também entrega uma cativante e comovente história de um grupo de amigas que vão fazer de tudo para que as coisas deem certo para uma delas, e claro, também para arrecadar 200 dólares para verem seus ídolos de pertinho e cantar todas as músicas juntas. Mesmo que no meio do caminho tenhamos pandas gigantes circulando por colégios, por festas de crianças, e levando um pouco de destruição e caos para as ruas de Toronto.
No final, Red – Crescer é Uma Fera é *a* animação que começa o ano. Na maior nota possível.Igual o tamanho que Mei vira quando se transforma no panda. É impossível não deixar de cantarolar Nobody like you depois de assistir o filme ou querer tirar fotos com os dedos levantados como a nossa protagonista. Assim, enquanto a nossa protagonista tenta lidar com a chegada de um panda vermelho em sua vida, o longa fará o espectador se conectar com essas jovens de uma forma muito muito interessante.
Red – Crescer é Uma Fera chega em 11 de março no Disney+.