quinta-feira, 19 dezembro, 2024
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Que Horas Eu Te Pego? | Crítica: Jennifer Lawrence faz aposta para conseguir carro e Ela É Demais

Jennifer Lawrence passou como um furacão em Hollywood, protagonizou diversos filmes, foi a queridinha da mídia durante um bom tempo, ganhou Oscar, e tudo quanto é tipo de premiação, para depois resolver tirar um sabático.

Retornou aos poucos para os filmes, primeiro com o polêmico Não Olhe Para Cima (na Netflix), depois com o melancólico Passagem (no Apple TV+), mas o grande teste do retorno da atriz fica com a comédia Que Horas Eu Te Pego? (No Hard Feelings, 2023) que chega em um movimentado mês de junho nos cinemas.

Descrita como uma comédia para maiores, o longa realmente é um difícil de se encaixar no padrão no que Hollywood tem apostado nos últimos anos, e principalmente após tudo que passamos na pandemia. Que Horas Eu Te Pego? não é franquia, não é adaptação de nada, não tem um elenco de peso. É apenas um longa com uma ideia inusitada e com Jennifer Lawrence como protagonista.

E numa Era onde as estrelas de Hollywood, e não só aquelas que são conhecidas do grande público, mas aquelas que levam as pessoas para os cinemas, estão cada vez mais escassas, a aposta nesse tipo de projeto sempre é arriscada, mas no final, é o ditado, quanto mais alto você aposta, o retorno será maior.

Que Horas Eu Te Pego
Jennifer Lawrence em cena de Que Horas Eu Te Pego?
Foto: © 2023 CTMG, Inc. All Rights Reserved.

E com Que Horas Eu Te Pego? fica claro que isso é uma faca de dois gumes e que corta dos dois lados da moeda. Afinal, o que você precisa saber do longa é que Que Horas Eu Te Pego? faz sim uma boa comédia. Mas não é uma comédia para todo mundo. Sem querer pegar muito pesado com “os sentimentos” do longa, mas ao mesmo tempo que Que Horas Eu Te Pego? se disfarça de comédia pastelão que marcou o final dos anos 90 e 2000, o texto de John Phillips e de Gene Stupnitsky (que também dirige o longa) não tem medo de ser também fofo e dramático.

É uma combinação interessante, e realmente o longa é sustentado por uma boa Jennifer Lawrence. Em Que Horas Eu Te Pego? Maddie, a personagem de Lawrence, está prestes a perder a casa que herdou de sua mãe, na litorânea Montauk, e que vive cheia de turistas endinheirados no verão, e faz uma aposta para conseguir um carro depois de ler um classificado on-line. E Lawrence, no longa, Ela é Demais.

Mas por mais jeitão de comédia dos anos 2000, Que Horas Eu Te Pego? entrega uma história extremamente atual, e um texto moderno, sobre relacionamentos, autoestima e encontrar seu lugar no mundo. Assim, ao aceitar passar um tempo com o jovem Percy (um excelente Andrew Barth Feldman) em troca do tal carro para conseguir a voltar a trabalhar como motorista de aplicativo de carona, Maddie percebe que as coisas vão ser muito mais complicadas do ela imaginava, onde veremos ela definitivamente navegar por aí, e tentar não perder um carro em 10 dias.

Muito o que dá certo em Que Horas Eu Te Pego? fica por conta do timing cômico de Lawrence, coisa que sempre foi uma das características mais marcantes da atriz, mas aqui, aliado ao texto que o longa oferece, e ainda, por colocarem ela para atuar ao lado de Feldman, uma mistura de Timothée Chalamet com Tom Holland, é o que faz o longa pegar no tranco.

Que Horas Eu Te Pego
Jennifer Lawrence e Andrew Barth Feldman em cena de Que Horas Eu Te Pego?
Foto: © 2023 CTMG, Inc. All Rights Reserved.

As personalidades completamente opostas, e as situações, até que bem embaraçosas que a dupla se mete, faz Que Horas Eu Te Pego? abraçar seu lado comédia, mas ao mesmo tempo que o texto nunca realmente vai totalmente para esse lado, também se encaminha para entregar uma trama mais cheia de nuances do que o esperado. 

Que Horas Eu Te Pego? chega com os dois pé no peito no humor exagerado, no irreverente, o descontrolado, mas ao longo do filme se encaminha para apresentar alguns momentos mais cheios de camadas e que se preocupa em realmente desenvolver esses personagens.

O texto então foca em trabalhar essas figuras para não os deixar opacos e unilaterais, como vimos em diversas outras comédias clássicas. Seja com a história de Maddie, quanto a de Percy, e até mesmo os amigos da jovem como Sara (Nathalie Morales, excelente) e Jim (Scott MacArthur), e até mesmo com os pais do garoto (Laura Benanti e Matthew Broderick) que foram quem tiveram a maluca ideia do anúncio.

Todos eles contribuem para essa história ganhar um pouco mais de profundidade e saber aproveitar os temas mis mundanos, e de ensino médio, que o longa oferece. É uma mistura de Bons Meninos (também de Gene Stupnitsky), com Booksmart – Fora de Série, com Superbad – É Hoje, e tudo isso com o seu próprio carisma e sentimento de excentricidade muito gigante.

Na medida que Maddie e Percy mudam as visões de mundo um do outro, Que Horas Eu Te Pego? encaminha para um lado mais dramático muito interessante, mesmo que realmente chame atenção quando está com o carro engatado na marcha da comédia. Enquanto eles aprendem, erram, e acertam, um com o outro, a dupla nos entrega cenas das mais estapafúrdias, dos diálogos mais malucos, para contar da forma mais bem humorada, e não só pela diferença de idade, mas também de personalidades desses dois personagens, essa história.

No final, Que Horas Eu Te Pego? é mais um filme retorno de Lawrence que aqui está excelente, e que entrega uma história que diverte e nos faz dar risadas pelo quanto é hilária, e simples, na medida que o que temos é essa ideia de um anúncio sem pé nem cabeça e conseguiram fazer isso dar certo na linguagem cinematográfica.

Numa Hollywood marcada por grandes orçamentos, elenco de peso e efeitos especiais que custam milhões de dólares, fica claro que com Que Horas Eu Te Pego? o que temos é uma hora interessante para as comédias para adultos terem o seu devido retorno, num longa que definitivamente vai ter pegar de jeito, e prender, sua atenção.

Avaliação: 3 de 5.

Onde assistir Que Horas Eu Te Pego? ?

Que Horas Eu Te Pego? está em cartaz nos cinemas.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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