sábado, 23 novembro, 2024
InícioEntrevistasProdutor brasileiro Rodrigo Teixeira fala sobre Armageddon Time

Produtor brasileiro Rodrigo Teixeira fala sobre Armageddon Time

Pouca gente sabe mas o longa Armageddon Time que chega nos cinemas nacionais agora em Novembro tem uma produtora brasileira envolvida. O mesmo vale para um dos hits do Oscar de 2018, o longa Me Chame Pelo Seu Nome. É a RT Features do produtor Rodrigo Teixeira.

E depois de lançar longas como O Animal Cordial (Gabriela Amaral Almeida, 2017), A Vida Invisível de Karim Aïnouz em 2019 e O Farol de Robert Eggers também em 2019, Teixeira lança seu segundo filme em parceria com o diretor James Gray, depois de Ad Astra – Rumo Às Estrelas (2019) com Brad Pitt.

Se trata de Armageddon Time com um time de outros grandes nomes de Hollywood, sendo dois deles vencedores do Oscar, como Anthony Hopkins e Anne Hathaway. O projeto ainda tem também o queridinho dos fãs do twitter o ator Jeremy Strong, da série Succession.

O longa tem roteiro e direção de Gray e acompanha o jovem Paul (Banks Repeta) e sua família na medida que eles vivem suas vidas no meio de uma época difícil nos EUA.

Em bate-papo com o site, Teixeira fala sobre como o projeto chegou na RT Features, o lançamento no Festival de Cannes no começo do ano, e suas apostas para o longa na temporada de premiações que ganha força efetivamente agora em Novembro.

Armageddon Time | Crítica: Um olhar para a simplicidade da infância em situações complexas

Confira abaixo.

Michael Banks Repeta e Anne Hathaway em cena de Armageddon Time.
Foto: Courtesy of Anne Joyce/Focus Features/Universal Pictures
  • Logo de cara, queremos saber, Anne Hathaway leva ou não leva o Oscar por seu papel como Esther Graff em Armageddon Time?

Rodrigo Teixeira: Não sei se ela vai ganhar ou não. Tem sido ano bom, um ano generoso com o trabalho de atuação de maneira geral… eu acho que tem sido um ano bom. Para Armageddon Time, tá gerando um comentário bom entre críticos, e eu acho que isso pode surpreender na premiação dos críticos, valida muito para a Academia [Academia de Artes e Ciências Cinematográficas que vota no Oscar], aí para BAFTAs e Globo de Ouro. E acho que o estúdio tá fazendo trabalho muito bom de campanha, a gente sabe quando o estúdio quer que o filme vá… eu vejo muito o estúdio fazendo um trabalho excelente de divulgação. É um trabalho insano, e eu só vi isso, em filmes que eu trabalhei, só uma vez, que foi em Me Chame Pelo Seu Nome. E quando eu vejo o estúdio [aqui no caso da Focus Features e a Universal Pictures] trabalhando desse jeito, você vê que reflete indicação.

Qual [indicação] não sei dizer. Eu acho que esse filme, hoje, de tudo que eu vi até hoje, esse ano, eu acho que esse filme merecia algumas indicações… ganhar é outra história. Aí eu não tenho muito como responder, né?

  • Poderia falar do projeto desde do começo? Por que no começo o que a gente tinha do longa era o título e que iria ser dirigido por James Gray que já vindo de Ad Astra que era uma coisa mais de ficção científica. Como foi para vocês quando o longa chegou na RT Features?

Teixeira: A gente já ia desenvolver um próximo projeto durante o Ad Astra, que não era esse filme, que não era o Armageddon Time, é um projeto que a gente tá desenvolvendo agora, só que ele [Gray] resolveu inverter. Ele falou: “Cara, esse projeto não é para agora vai para depois e eu quero fazer um outro projeto com vocês.” Ele fez um pitch para mim [prática do mercado onde diretores, roteiristas vendem o projeto do filme para uma produtora ou estúdio] em 2018, eu tava filmando O Farol (…) voltei para Los Angeles para para ouvir a proposta e depois fechei com ele. E ele começou a desenvolver a história, que é uma história pessoal [dele] né? É a história da família dele. A partir daí começamos a desenvolver o projeto, ganhou corpo e virou Armageddon Time.

O que ele sempre me disse é que ele tinha o título [para o filme], o título remete uma música do Clash, e ao momento que as pessoas achavam que quando o Regan fosse eleito [como Presidente dos EUA] que ia ter o apocalipse e que o mundo ia acabar. Então esse era o título, ele tinha o título e a história na cabeça dele, então ele tinha que filtrar da memória, e contar essa história para gente.

É muito difícil [no começo de projeto] o diretor querer abrir muito. Eles não tem muita vontade de contar o que eles tão fazendo, a não ser for um coisa muito explicita, ou uma franquia. Ele não quer. Ele quer deixar um mínimo um mistério para você se surpreender, ou não, quando o filme sair.

  • Avançando um pouco na linha do tempo da produção, como foi a decisão para levar o filme para o Festival de Cannes?

Teixeira: Acabou que não foi uma decisão né? O Thierry Frambux [diretor do Festival de Cannes], é um fã declarado do James [Gray]. E o James já teve outros filmes em Cannes, a crítica francesa ama o James. O Ad Astra não ficou pronto para a Cannes em 2018, e se tivesse ficado pronto, teria ido, mas foi para a competição de Veneza. E o Thierry Frambux ficou atrás da gente atrás e falando que queria esse filme.

Não imaginávamos que daria tempo para o filme de ficar pronto. Aí um dia eu recebi uma ligação do estúdio falando “Olha a gente tá selecionado para Cannes não pode falar para ninguém. A gente vai tá em 45 dias no Festival.” Ai eu falei: Mas vai dar tempo? E todo mundo: Vai dar tempo. A gente parou a nossa vida para ficar respondendo documento.

Mas o filme foi bem recebido em Cannes. Foi uma das melhores recepções pelo termômetro de Cannes, não foi premiado, eu tenho minhas questões, mas foi bem recepcionado.

  • Como que tava os ânimos e sensação que vocês estavam, vocês da produção, do diretor, dos atores no dia que o filme tava para estrear no Festival de Cannes?

Teixeira: O dia foi muito importante porque a recepção foi muito boa. Por que até aquele momento o filme tinha tido a melhor nota no MetaCritics [um agregador de críticas no estilo do popular Rotten Tomatoes]. Então naquele momento, o vencedor da Palma de ouro seria naturalmente pelos críticos, o Armageddon Time. Depois outros filmes tiverem notas superiores, mas o filme foi extremamente bem recebido. Foi uma recepção muito bonita, muito calorosa, o James ficou muito emocionado. São sessões que te marcam. E no festival de Nova York também, o festival é um outro termômetro importante, os públicos são diferentes. O relacionamento do público com o filme em Cannes foi uma relação de choro e de emoção, e a relação em Nova York, foi que eles riram muito. O nova iorquino ele se enxerga dentro de situações que o filme apresenta. Então é diferente. Tipo, eu não consigo rir disso e os americanos sim, é um filme muito nova iorquino. Funcionou na Europa porque mexeu [com o público], ele é primo de filmes franceses. Tem uma relação com os filmes franceses.

  • Todo processo de divulgação de um filme, sempre tem um momento que talvez a estratégia de divulgação precisa ser revista, poderia comentar um pouquinho sobre aquele momento que em o Jeremy Strong estava em alta na mídia americana sobre ele ter uma atuação de método e como isso influenciou para vocês o trabalho que vocês de divulgação antes do filme estrear no Festival de Cannes?
Jeremy Strong em cena de Armageddon Time.
Foto: Courtesy of Anne Joyce/Focus Features/Universal Pictures
  • Teixeira: A gente leu aquele perfil da New Yorker, quando estávamos no set de gravação. [O profile do ator viralizou nas redes sociais em Dezembro de 2021]. E sim, ele é um ator de método, mas eu não vi nenhuma questão no set. Aquilo é uma questão de concentração dele. Ele não se torna uma pessoa menos simpática… cada ator tem o seu jeito, e esse é o jeito dele de se concentrar no que ele tá querendo fazer. O Jeremy é um cara muito concentrado no trabalho dele, então durante o filme você não via, você não tinha esse momento de descontração. Porém em Cannes eu tive a oportunidade de encontrar um cara, um ser humano simples, muito educado, de um conhecimento de arte muito evoluído. Um cara que não mora nos EUA, que mora na Dinamarca, que tem uma vida comum e que é um cara obsessivo [com seu trabalho] e que ganhou fama mundial. Pensa um ator que era um ator coadjuvante, que não era pensado em nada, que ganha um espaço numa série de TV que se tornou um sucesso mundial, onde o personagem dele é um personagem que é o que cria as maiores emoções junto com o Logan Rox [papel de Brian Cox em Succession].
    É muito difícil ser o Jeremy Strong nesse momento, é muito difícil você com a idade dele descobrir o sucesso com quase 40 anos de idade. Então assim não é fácil para qualquer um. Então acho que pra ele permanecer no topo ele tem essa questão de concentração dele, eu já vi outros atores fazerem igual e não terem esse tipo de mídia. Eu acho que a matéria foi um pouco maldosa em relação a ele. E vou te falar, eu quando li, eu não li da maneira que muita gente leu… de uma maneira depreciativa, eu li de uma maneira que eu entendi exatamente o que estava sendo escrito ali.

    E muita gente saiu em defesa dele, a Anne Hathaway saiu em defesa dele na mesma hora. O cara é ótimo, eu até falei, por que você não vem para o Brasil divulgar o filme. E ele falou que “Eu adoraria, se eu tivesse agenda e o estúdio quisesse, eu estaria com vocês ai no Brasil. Eu amo o Brasil.”
  • E como vocês estão posicionando o longa na temporada de premiações? Anne Hathaway como Atriz Coadjuvante, o Jeremy Strong como Coadjuvante? E o Anthony Hopkins?

Teixeira: Olha eu acabei de receber essa mensagem do estúdio, recebi na sexta-feira, preciso olhar. Preciso confirmar, mas ambos estão como Coadjuvantes. O Jeremy Strong entra muito forte como Ator Coadjuvante, eu acho que ele tem uma força muito grande como Ator Coajuvante para receber uma indicação, e a Anne Hathaway também.

E o próprio Anthony Hopkins também. São três atores que podem surgir. Os principais são os garotos, o Banks Repeta e o Jaylin Webb. (…) Mas eu acho que assim é mais difícil você indicar o Banks bem numa categoria em que você tem cinco nomes e ele é um garoto.

Acho que a Academia tem muito mais dificuldade, mas ele pode ser pintar uma surpresa, e ele ser indicado ao Oscar de Melhor Ator.

  • Você poderia comentar o que tem de diferente na campanha de Me Chame Pelo Seu Nome com essa? E o que vocês aprenderam lá que tão usando aqui, ou não usando aqui?

Teixeira: São dois estudos de porte diferente. A Sony Classic é menor que a Universal de investimento, então assim, sem dúvida nenhuma investimento em marketing de Armagedoon Time é infinitamente maior do que foi o investimento em marketing em Me Chame Pelo Seu Nome.

Me Chame Pelo Seu Nome tinha um fenômeno chamado Timothée Chalamet no filme que se tornou o fenômeno cultural, então o filme hoje é um fenômeno cultural. A gente não emplacou uma série de Oscars que a gente queria. Por exemplo, o Luca Guadagnino não emplacou Melhor Diretor. Eu acho que o James tem uma coisa também, aqui falando de Armageddon Time, que James é um diretor muito querido do Independente Americano que ainda não teve, não foi agraciado, com nomeação ao Oscar. Então eu acho que assim o James pode ser nomeado em Melhor Roteiro original, eu tô torcendo para Melhor Filme porque eu produzi então… e eu torço porque eu acho que ele é com certeza é um dos nove melhores filmes do ano, para mim, até agora, do que eu vi, ele entra. Espero que ele seja nomeado.

Armageddon Time chega em 10 de novembro nos cinemas.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

Artigos Relacionados

Deixe uma resposta

Newsletter

Assine nossa Newsletter e receba todas as principais notícias e informações em seu email.

Mais Lidas

Últimas