Sauron está de volta! E agora, o grande vilão de O Senhor dos Anéis não é só um olho ameaçador que nem vimos nos filmes da trilogia, e sim, uma ameaça que tem cara, corpo e presença física em tela. Acho que uma das coisas mais interessantes que o segundo ano de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder faz é finalmente colocar um rosto para figura do vilão, seguir com a história dele, e com o personagem em câmera para vermos suas tramoias e planos malignos acontecer.
Claro, uma das graças do primeiro ano quando falávamos e pensávamos na ameaça do personagem era quem poderia ser ele. Afinal, sempre citado, a identidade de quem era, lá no primeiro ano, foi segurada pelos produtores até o final do último episódio.
O clima de paranoia era sentido na atração nos episódios anteriores, principalmente entre o núcleo dos Elfos e a guerreira Galadriel (Morfydd Clark), mas também, de certa forma, pelos outros personagens que circulavam pela região de Mordor e principalmente pelos Orcs, aqui liderados por Adar (Sam Hazeldine). Mas a confirmação veio, Sauron é real, e agora conhecemos mais desse personagem tão intrigante e cativante de certa forma.
E o segundo ano de Anéis de Poder, não só amarra todas as pontas possíveis de como o humano Halbrand (Charlie Vickers) era Sauron disfarçado, mas como também ele conseguiu cruzar caminho com a general élfica, enganar todos os personagens e chegar perto do ambicioso Celebrimbor (Charles Edwards) que há anos cozinhava uma ideia de criar artefatos especiais mágicos e cheios de poder.
Por mais belíssima e com um valor de produção inigualável, o primeiro ano de O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Podersofreu sim, um pouco, com ritmo e com muitas histórias que querendo, ou não, desviavam da trama principal. Claro, o arco dos anões, dos Pé Peludos e as intrigas palacianas em Númenor ajudavam a contar e contextualizar a trama, e também situar o momento que todos os personagens da Terra-Média viviam e que, querendo ou não, toda essa divisão política foi um prato cheio e um empurrãozinho primordial para a ascensão de Sauron (que não era bem Sauron, mas vocês entenderam).
Mas o segundo ano começa, com toda essa bagagem e introdução já feita, e realmente apresenta sua história de uma forma muito mais dinâmica. Talvez, pelo fato, que sim, já conhecemos esses personagens, onde a trama não perde tempo em avançar a passos largos e não ter tempo a perder.
Afinal, os anéis foram criados (temos alguns prontos e sendo usados aqui pelos elfos), e a figura de Sauron não é apenas um sopro de dúvida, e sim, uma ameaça corpórea, agora loira platinada e ainda interpretada por Charlie Vickers, e sua identidade revelada para alguns personagens e principalmente para Galadriel que era quem estava na cola do vilão desde do começo e meio que tinha uma quedinha por ele? Lovers to Enemies!
Claro, leva um tempo para descobrirmos os comos, quandos e porquês que isso acontece mas, particularmente, eu achei tudo muito bom de assistir e conseguir encaixar as peças. Foi bacana quando Anéis de Poder finalmente deu respostas em vez de nos dar só perguntas.
E até mesmo quando a ficha cai para Galadriel, onde Clark realmente está muito bem, sobre a identidade de Halbrand, e ela precisa não só lamber suas feridas por ter sido enganada pelo homem que dizia ser o herdeiro das Terras do Sul, mas também precisa enfrentar as consequências em ter que admitir que foi enganada por ele para o Alto Rei Gil-galad (Benjamin Walker, com um pouco mais de destaque) e para Elrond (Robert Aramayo também muito bem).
Assim, com os elfos de olho (e as orelhas pontudas) na situação, e já em posse de anéis, as coisas ganham uma urgência muito maior e, como falamos, isso reflete na narrativa da atração. O mesmo vale para boa parte dos outros núcleos, mesmo que para alguns a narrativa continue em uma intensidade um pouco menor. Igual foi no primeiro ano de Anéis de Poder.
Os problemas para Durin IV (Owain Arthur) e sua esposa Disa (Sophia Nomvete, tão boa e que merecia mais destaque) só devem aumentar depois que o caos é instaurado no Reino dos Anões e a relação com o pai dele, o rei Durin II (Peter Mullan) deve azedar ainda mais. O mesmo deve valer para as duas pés peludos, Poppy (Megan Richards, ótima) e Nori (Markella Kavenagh) que continuam em viagem e precisam, claro, enfrentar todo tipo de ameaça, desde de figuras máscaras e um Bruxo Sombrio (Ciarán Hinds), até mesmo estarem perambulando pelo deserto. E também para a figura chave da primeira temporada, do homem que caiu do espaço, O Estranho (Daniel Weyman) que o mistério de sua identidade é carregado até agora e aqui ocupa, também, parte dos episódios do segundo ano, principalmente quando vemos o encontro dele com o misterioso Tom Bombadil (Rory Kinnear).
E como falamos, as intrigas palacianas, ah lá Game Of Thrones, tomam conta de Númenor com o retorno da Rainha Regente Míriel (Cynthia Addai-Robinson) e boa parte dos membros da corte de olho na sucessão do trono. O mesmo vale para a continuação das tramas que envolvem o elfo Arondir (Ismael Cruz Córdova, ótimo) e o jovem Isildurn (Maxim Baldry), onde as cenas de ação, juntamente com a ameaça dos Orcs, árvores gigantes e tudo mais, é mais centrada.
E claro, o segundo ano de Anéis de Poder é marcado também pela ambição de Celebrimbor em fazer novos anéis, guiados aqui pela presença de Sauron, em sua nova forma, chamada de Annatar. E os objetos começam a mostrar sua influência na medida que os personagens passam a utilizar os anéis em suas mãos e que começam a dar glimpses do que vimos acontecer nos filmes da trilogia de Peter Jackson.
Como falamos, todos os personagens e seus arcos são desenvolvidos bem rapidamente, se formos compararmos com a trama do primeiro ano da atração. Se a estrutura narrativa mudou, Anéis do Poder mantém sua qualidade de produção. Tudo continua ser grandioso por aqui, os figurinos extremamente caprichados, e não só dos elfos e dos personagens no reino de Númenor, mas também das armaduras e do povo comum que circula pela florestas, das maquiagens, principalmente os Orcs, para os efeitos especiais (esqueça os dragões temos uma águia gigante em um dos episódios), a trilha sonora que se torna um pouco mais intensa na medida que vemos os personagens lideram com a escuridão crescente da ameaça de Sauron.
Assim, Anéis do Poder realmente volta a entregar uma das atrações mais cinematográficas que já passaram pelo streaming, e isso é sentido, novamente, ao vermos os episódios do segundo ano se encaminham para uma batalha pelo controle da Terra-Média muito interessante de acompanhar.
O destino final meio que já sabemos por conta dos filmes, mas a jornada até aqui tem sido muito boa, e extremamente bonita, de se ver.
O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder estreia com 3 episódios inicias em 29 de agosto e depois continua a temporada com episódios semanais.