E realmente os filmes mais adolescentes nacionais nos últimos tempos tem acertado a mão nas tramas e nas histórias que querem contar para aqueles que são efetivamente o seu público alvo. Primeiro parou a “moda” de escalar atores com mais de 30 anos para interpretar adolescentes, os roteiros evoluíram e passaram a realmente mostrar os conflitos, desejos e anseios deste grupo de uma forma muito mais realista e aceitável do que “Ah vamos lá no bar.. e tomar um suco”.
E O Melhor Verão de Nossas Vidas (2019) faz isso, em um longa que pega um grupo de meninas cantoras, as coloca numa trama de amadurecimento, e entrega uma produção agradavelmente modesta e aceitável para os padrões de comédias nacionais.
O Melhor Verão de Nossas Vidas não revoluciona o modo de contar histórias, ou acerta visualmente em ser um Euphoria da vida, mas compre seu papel, em pelo menos não estereotipar personagens e situações. Claro se você não for uma garotinha sua atenção irá desviar para todos os outros lugares, e sua mente irá focar em qualquer coisa menos para a trama do filme, que soa previsível e nada animadora. Não se engane, O Melhor Verão de Nossas Vidas tem seus momentos, mesmo que nada marcantes, para contar uma história de amizade e companheirismo numa era digital.
Na trama vemos um grupo de amigas, Bia (Bia Torres), Laura (Laura Castro), e Giulia (Giulia Nassa) que formam uma banda e vão competir num festival de música no litoral. O único problema é que elas ficaram de recuperação no colégio e precisam achar um jeitinho para ir até a praia sem que os pais soubessem. O Melhor Verão de Nossas Vidas segue uma cartilha bem quadradinha de como quer contar sua história, entrega uma conveniências de roteiro bem grandes e que gritam um certo desespero em muitas partes, mas no final, faz um filme adolescente divertido e espirituoso.
O Melhor Verão de Nossas Vidas se garante pelo ritmo e pela química das três protagonistas, e claro, pelo timing cômico de dois humoristas conhecidos do público, o Carioca, como o Professor Caramez e Maurício Meirelles, como o Tio Denis. Convenhamos que em plena temporada de Oscar, já é fato que não dá para esperar nenhuma Meryl Streep no elenco, e no filme temos certas falas que são completamente narradas, e transmitidas sem emoção ou entonação nenhuma, mas como todo mundo está ali no mesmo barco, esses pequenos problemas acabam passando.
O mesmo vale para a tentativa de criação estética e visual que o filme opta, é como se tivéssemos dentro de um filtro do instagram com um forte sépia e que realça as cores mais fortes, e está ali sempre presente no longa. Em O Melhor Verão de Nossas Vidas é como se o espectador estivessem rolando o feed de alguma blogueira ou influenciadora digital. Na medida que as BFF Girls precisam escolher entre realizar seus sonhos, se manterem unidas, enfrentarem seus pais, e claro se relacionar com o sexo oposto, a trama de O Melhor Verão de Nossas Vidas se encaminha, sem grandes surpresas, durante um grande festival de verão.
As tramas e alguns dos personagens paralelos, como a do jovem Julio (Enrico Lima) parecem um pouco sem sentido, e tentam criar personagens completamente unilaterais e opacos, mas que acabam apenas por encher linguiça na trama em vez de agregar para a história. Como falamos, nem tudo são flores, mas para o público que filme quer mirar O Melhor Verão de Nossas Vidas entrega uma produção satisfatória e agradável na medida do possível… pensa que pelo menos não é uma sessão de Cats.
O Melhor Verão de Nossas Vidas entra em cartaz em 23 de janeiro.