quinta-feira, 21 novembro, 2024
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O Assassino | Crítica: Fincher entrega um John Wick cult

Siga com o seu plano.

Não confie em ninguém.

Preveja, não improvise. 

Lute apenas na batalha pela qual você foi pago.

É com esse mantra que é repetido em diversos momentos de O Assassino (The Killer, 2023) que David Fincher entrega um dos filmes mais caprichados do ano. Ao mergulhar na cabeça desse assassino de aluguel, o diretor entrega um John Wick cult em um filme afiado e liderado por Michael Fassbender incrivelmente bom. 

Michael Fassbender em cena de O Assassino. Foto: Cr. Netflix ©2023.

Com um ritmo preciso, ágil e que funciona como um relógio suíco, O Assassino prende nossa atenção na medida que o que temos é basicamente Fassbender em tela, narrando os acontecimentos depois que, por uma ironia do destino, uma missão dá errado.

E para esse metódico assassino isso acaba por ser a pior coisa que poderia acontecer para ele. Afinal, ele tem uma forma de trabalhar sem falhas, ou erros, o que o deu um grande destaque na profissão e bastante sucesso nessa linha de negócios.

Assim, Fincher mostra o que acontece quando tudo dá errado para esse cara obcecado em acertar, e que espera e espera até a oportunidade estar em perfeitas condições para executar seu trabalho, ir para casa e relaxar (a própria sua maneira). 

Mas a sua missão na França de observar, aguardar a chegada do alvo em um hotel de luxo, acabar com a vida dele e ir embora,  coisa que pareceu ser mais uma quinta-feira qualquer para ele, muda quando a bala milimetricamente planejada para atravessar a rua, chegar no prédio do outro lado da rua, passar pelo vidro e derrubar o alvo, não acerta quem deveria, e esse assassino se vê no meio uma série de situações que fogem do seu controle e que criam um efeito cascada que promete muita dor de cabeça para os envolvidos. 

Fassbender está excelente como esse personagem frio, calculista e vê seu erro afetar a estruturada vida que ele tem na medida que ele percebe que agora ele é a presa e não mais o caçador invisível que sempre foi.  Das cenas em que o longa constrói a antecipação ao dia da missão com o personagem disfarçado de turista alemão, comendo McDonalds na praça, para ver o personagem contar a forma como trabalha, até depois onde vamos descobrir mais sobre ele, seu passado, para quem ele trabalha e quem ele foge, Fincher entrega um personagem extremamente interessante de se acompanhar e passar algumas horas juntos. 

Atirador de elite com uma mira excelente? Sim. Personagem que desperta curiosidade? Também. E isso tudo se dá pela combinação explosiva e poderosa do texto do longa com o trabalho de Fassbender que realmente segura as pontas aqui e entrega uma atuação impecável de se assistir. 

Tilda Swinton em cena de O Assassino. Foto: Cr. Netflix ©2023.

E, sem dúvidas, fica claro que o filme é um show de um homem só, de Fassbender, mas que também quando o ator precisa dividir cenas com o restante do elenco faz com que todo mundo fique bem em cena. Seja com a secretária (Kerry O’Malley) da organização que ele trabalha , com a parceira (Sophie Charlotte num papel pequeno) que é pega no fogo cruzado, ou até mesmo com uma especialista (uma excelente Tilda Swinton)  que ele precisa negociar algumas coisas no meio de um jantar, todos estão bem e entram nessa dança muito bem coreografada por Fincher.

Tudo é milimetricamente feito para não deixar o espectador sair dessa ambientação sombria, deste mundo caótico que o personagem vive, essa versão fictícia de um universo muito parecido com o real  onde existem organizações, assassinos de elite, e os 1% dominando tudo e prontos para tacar dinheiro para resolver o problema. 

Com um humor bem específico, uma trama dividida em capítulos e uma paleta de cores que se contrasta com o quanto preciso é o personagem, o mundo criado e a história, O Assassino faz um filme que não perde tempo em acertar sua marca e nos entregar uma história e personagens matadores. Uma dica, vá sem saber muita coisa.

Nota:

Onde assistir O Assassino?

O Assassino chega em cinemas selecionados em 26 de outubro e depois na Netflix em 10 de novembro.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

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