quarta-feira, 26 março, 2025
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Novocaine: À Prova de Dor | Crítica: Filme com nepo babies funciona por conta deles.

Dá para dizer, logo de cara, que cara, sim Novocaine: À Prova de Dor (Novocaine, 2025) faz uma das surpresas do ano. Talvez, pelo tom bem humorado que essa história se apresenta, e que não é uma baseada em nenhuma outra mídia já pré-existente, pelo elenco de nomes relativamente jovens e em ascensão em Hollywood, mas extremamente competentes, ou até mesmo por ser um filme para dá se assistir numa boa e curtir tranquilamente e de uma forma despretensiosa.

Talvez, seja por uma combinação disso tudo, afinal, quem diria que ser liderado por dois nepo babies acabaria também seria também um dos motivos que Novocaine: À Prova de Dor desse certo. Liderado pelo carismático Jack Quaid que vem numa crescente pós The Boys (rumo a temporada final) e que se no comecinho do ano mandou muito bem em Acompanhante Perfeita, o mesmo dá para dizer do seu trabalho aqui em Novocaine: À Prova de Dor.

Jack Quaid em cena de Novocaine: À Prova de Dor. Photo by Photo Credit: Marcos Cruz/Marcos Cruz – © 2024 PARAMOUNT PICTURES. ALL RIGHTS RESERVED.

Quaid volta para um papel mais parecido com que entrega como o jovem Hughie em The Boys, mas não se engane, Nate é um personagem e uma coisa completamente diferente do que estamos acostumados com o ator. Mais uma vez. Em Novocaine: À Prova de Dor, Quaid interpreta um jovem que tem uma condição cara em que não sente dor nenhuma.

Nenhuma mesmo. Um soco na cara? Ele não sente. Um copo de café quente no braço, sem querer? Também. E se isso o fez levar uma vida cheia de não me toques e medos, as coisas mudam quando esse gerente de uma filial de um banco resolve arriscar e chamar uma colega de trabalho, a atendente de caixa Sherry (Amber Midthunder após o mega sucesso que foi Predador no Disney+ alguns anos atrás) para sair.

E eles saem. E o clima é incrível. (Muito se dá também pela atuação de Midhunder e e Quaid que estão ótimos aqui). É o famoso garoto conhece uma garota. Só que também disfarçado de um filme de ação ah lá John Wick? Sim. O texto de Lars Jacobson (que basicamente não trabalhou em nada de muito expressivo em Hollywood) meio que se comporta como uma mistura de romance com um drama teen nesse começo de Novocaine: À Prova de Dor. A jovem mostra para o jovem um mundo novo, onde ele pode ter um relacionamento, pode sair, pode até comer coisas sólidas (afinal, a preocupação é ele morder a língua, não sentir, e morrer). 

Até que Sherry é sequestrada por bandidos que resolvem assaltar o banco que eles trabalham perto do feriado do final de ano, fazem todo mundo de refém, e partem embora com a jovem a tiracolo. Num pico de adrenalina, Nate decide que não vai deixar isso barato e vai usar sua condição como um super-poder para ir atrás dos bandidos e ele mesmo procurar a jovem.

E se Novocaine: À Prova de Dor leva um tempo para introduzir os elementos da trama, a condição de Nate, e contextualizar a vida desse homem, na faixa dos 30, que trabalha e vai para casa jogar video game com o amigo virtual, boa parte do filme voz de Jacob Batalon (dos filmes do Homem-Aranha), até chegar na parte que o pau torar, o longa faz isso apoiado extremamente no carisma de Quaid. Por que depois que as coisas mudam e a porradaria começa, o filme entrega, decola, e garante umas cenas bem grotescas.

É quase como se os diretores Dan Berk e Robert Olsen (que vieram dos filmes Significant Other e Villains, curiosamente ambos com a atriz Maika Monroe) quisessem brincar de Esqueceram de Mim com Premonição para criarem as situações em que Nate usa condição para se livrar dos bandidos. E algumas são bem brutais.  

É segurar uma panela quente recém-retirada do fogo e tacar no bandido, é colocar a mão no óleo quente para pegar uma arma, é levar uma flecha na perna, uma bola de ferro nas costas. Berk e Olsen capricharam nas decisões de câmera, nos ângulos que contam essa história, e nas doideiras que o roteiro de Jacobson coloca na história durante essa busca de Nate pela jovem que além de criar cenas bacanas também surfa um pouco em uma reviravolta narrativa um pouco manjada. Mas é tudo muito curioso de se acompanhar, sem dúvidas.

Jack Quaid e Amber Midthunder em cena de Novocaine: À Prova de Dor. Photo by Photo Credit: Marcos Cruz/Marcos Cruz – © 2024 PARAMOUNT PICTURES. ALL RIGHTS RESERVED.

E aliado a isso, fica claro que o longa só se beneficia do timing cômico de Quaid que aqui está realmente incrível e realmente se mostra ser um “lead actor” de respeito e que não precisa se apoiar nos nomes dos pais para continuar a dar certo em Hollywood. E lembra que falei lá em cima que tínhamos dois nepo baby no filme? Pois então, o segundo é Ray Nicholson, o filho do ator Jack Nicholson e que está em papéis mais secundários ao longo dos últimos tempos (em Sorria 2, no longa Borderline, na série Panic), mas que aqui interpreta o líder dos bandidos de uma forma tão caótica, tão imprevisível e carismático que você meio que começa a torcer para ele se safar da polícia e conseguir ir embora com o dinheiro.

Se o roteiro de Jacobson não é nada rebuscado, e a trama, acaba por ser simples, Novocaine: À Prova de Dor nos ganha pelas cenas divertidas, nos gritos que Quaid dá por aí, no humor mais debochado que é impresso aqui, principalmente quando a ação começa e os detetives Mincy (Betty Gabriel) e Coltrane (Matt Walsh) começam a se meterem no caso e tem Nate como o principal suspeito de arquitetar o roubo. 

No final, fica claro que Novocaine: À Prova de Dor, talvez, possa passar despercebido do grande público na sua jornada nos cinemas, o que é uma pena, pois eu me diverti demais com essa aventura doida que Quaid e cia nos oferecem, mas fica claro que o destino dele é nos dar uma história que vai se sair muito bem ao longo de sua trajetória como um todo e principalmente em outras mídias, como no streaming, por exemplo. E digo mais, se Novocaine: À Prova de Dor tivesse sido lançado nos anos 80, 90, hoje seria um clássico da Sessão da Tarde celebrado e enaltecido. E digo isso totalmente com o coração aberto. 

Avaliação: 3.5 de 5.

Novocaine: À Prova de Dor chega em 27 de março nos cinemas nacionais.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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