Uma dica para quem for assistir Noites Brutais (Barbarian, 2022): vá sem saber nada, sem ver o trailer abaixo, sem caçar informação nas redes sociais… nada! Te garanto que a experiência vai ser muito melhor e você terá uma noite, ou manhã, ou tarde, das mais brutais e surpreendentes do ano, principalmente se você for fã do gênero de terror.
Mas leia esse texto sim! O que podemos falar de Noites Brutais é que a premissa é simples, uma moça aluga uma casa em um aplicativo em uma pequena cidade. Mas quando chega lá descobre que outra pessoa também está hospedada. Os acontecimentos depois da primeira noite se tornam cada vez mais sombrios e malucos do que ela, e nós espectadores, podemos esperar.
E por trás dessa premissa aparentemente comum, sem muita originalidade, e que você deve achar que eu tô levantando mais a bola do filme do que ele deveria, é apenas a ponta do iceberg que Noites Brutais nos apresenta.
Por isso que eu falei, vá sem saber nada, pois depois dos seus momentos iniciais, o longa se encaminha para a sequência de pirações tão grandes, tão “o que está por acontecer aqui?”, “quem foi que imaginou tudo isso?”, “por que isso está tão morbidamente interessante e o que vai acontecer em seguida com a jovem Tess (Georgina Campbell, ótima) e os outros personagens?” e tudo mais.
E Hollywood tem, em uma mão sofrido e com a outra fomentado, a cultura de spoilers. Desde de participações especiais até cenas pós-créditos, mas aqui, qualquer coisa dita sobre o que acontece passado, os sei lá, 30 minutos iniciais em Noites Brutais pode ser considerado um baita spoiler e que estraga a experiência de assistir o que Zach Cregger (que comanda e escreve o longa) preparou para o filme.
É uma construção narrativa que somente cresce ao longo do filme, onde logo de cara já sabemos que alguma coisa de errada vai acontecer com Tess na medida que ela se vê no meio da noite, sozinha, na porta da casa que ela alugou e encontra um homem (Bill Skarsgård, excelente aqui) já hospedado nela.
Um sinal de alerta já surge na cabeça de Tess e na nossa, claro. Um estranho, à noite, numa casa alugada, e ainda mais sem contato com a plataforma ou com os donos. E ainda pior, sem outro lugar para se hospedar. Suspeito. E Noites Brutais é sobre personagens suspeitos, sobre lobos nas peles de cordeiro e quem devemos confiar por mais “bonitos/interessantes” que as pessoas possam ser.
E tanto o desenrolar da noite, e dos dias posteriores, são trabalhados de uma forma tão tensa, que te deixam na pontinha da cadeira (no caso o seu sofá, afinal, o filme chega aqui no Star+), e que trabalha com tantos conceitos bacanas e interessantes do gênero que, o momento que a história vira, só serve para dar uma pausa em tudo que já vimos para ser jogarmos em outras situações também malucas para enfim descobrimos o que realmente acontece nessa casa.
Noites Brutais coloca Jess e Keith (Skarsgård) num jogo de gato e rato para tentarem descobrir se devem confiar um nos outros, afinal, eles estão sozinhos na presença um do outro, sem conhecer um ao outro, enquanto decidem que vão dividir o local mesmo com a confusão no agendamento de suas reservas. Aceitar bebida de um estranho? Vamos lá Tess você é mais esperta do que isso. Dormir com a porta do quarto trancada enquanto a outra pessoa dorme na sala? Sim. Barulhos ao longo da noite e a maldita porta do porão da casa que cisma em ficar aberta? O que acontece aqui?
O longa cria então essa atmosfera tensa na medida que eles trocam informações sobre suas vidas e vamos conhecer um pouco mais deles. Mas quem garante que algum deles está por falar a verdade?
E além dessa narrativa contada de forma que nos deixa com os olhos colados em tela para tentarmos reunirmos pistas e dicas para sabermos o que pode acontecer com esses dois personagens quando a noite passa, Noites Brutais nos apresenta para outros personagens que estão conectados com essa história toda, seja o ator Aj (Justin Long) que é o dono da casa, envolvido em um caso de #MeToo, e ainda outras figuras que estão envolvidas com o passado que a residência tem. Aqui, sem spoilers, já sinto que falei demais.
Assim, o longa vira um outro filme e se garante para conseguir amarrar todas as coisas, sem deixar de entregar cenas apavorantes, jump scares maravilhosos de bons, e ainda fazer uma crítica sobre a indústria de Hollywood, e tudo mais.
No final, Noites Brutais se garante em cenas das mais surreais possíveis, numa história maluca e que realmente o faz um dos destaques do gênero em 2022. Se não o melhor terror do ano, o mais surpreendente e cheio de reviravoltas, com certeza. Para os fãs de gênero, um para sair, esse sim, com um sorriso no rosto.
Noites Brutais chega em 26 de outubro no Star+.
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