Não Olhe (Look Away, 2018), literalmente avisa para o espectador, o que esperar da produção que faz uma mistura de suspense com terror bem mais ou menos. A produção tenta, claro. Aqui, somos apresentados para um filme que entrega um drama confuso e cansativo sobre abusos psicológicos e que faz um história que poderia ser muito mais interessante se bem executada.
Não Olhe, fala sobre a obsessão com as expectativas do que é ser perfeito, e do belo, mas também, de como isso pode esconder imperfeições, como quando vemos uma imagem refletida no espelho, coisa que nossa protagonista sempre olha.
Na trama, acompanhamos Maria (India Eisley), uma jovem que vive num mundo aparentemente perfeito, com pais bem sucedidos, que estuda numa boa escola e vive numa grande mansão. Clássico Gossip Girl né? Mas, se tem uma das poucas coisas que Não Olhe acerta são nesses pequenos vislumbres que as coisas são muito perfeitas, mas lá no fundo sabemos que alguma muito errada acontece na história e com a vida de Maria.
Em Não Olhe, temos em Jason Issacs, o seu ator mais bem conhecido, e Issacs até que está bem no longa, mesmo que bastante canastrão, como Dan. No filme, vemos que quase todos os caminhos da trama levam para ele, afinal, o cirurgião plástico, controla a família com rédeas curtas, onde, nada pode estar fora do lugar, e as expectativas com a filha Maria e a mulher Amy (Mira Sorvino) estão lá em cima. Controlador demais? Sim.
O longa demora para engrenar e apresentar seu plot principal, a troca de lugar entre as figuras de Maria, e sua imagem refletiva idêntica, Airam. Mas, mesmo depois disso, tudo em Não Olhe continua a seguir por caminhos tortuosos e a história parece nunca ganhar fôlego. A vida da jovem parece que ganha novas camadas, onde vemos Maria, agora Airam, continuar a sofrer sua dose diária de bullying no colégio sem menores explicações, o que leva a jovem a começar a resolver seus problemas com as próprias mãos.
Aliás, a falta de explicação em Não Olhe é gritante e bastante incomoda. Desde as amizades falsas, até as relações familiares frágeis da personagens, tudo é muito simples e aqui, é aceitar os devaneios do roteiro de Assaf Bernstein, e embarcar na trama que nos entrega uma história com toques de sobrenatural e que a cada momento que passa fica mais perigosa, violenta e sanguinária. E claro, com um erotização bem marcante.
Não Olhe então, tenta ser um retrato psicológico de uma jovem em apuros, que não sabe bem seu lugar no mundo e como se comportar, mas peca por não se preocupar muito com porques e comos. Pelo lado positivo, Não Olhe até chega agradar visualmente, com boas tomadas com ângulos curiosos e interessantes posições de câmera (para captar as cenas onde Maria e Airam conversam por reflexo), e isso tudo, ajuda o espectador a manter o olhar fixo em tela e prestar atenção na história.
Em Não Olhe, a fotografia escura e o tom sombrio claro ajudam, mas no final, não é nada mais que obrigação para uma produção que tenta ser e se passar por um terror.
Não Olhe chega em 28 de fevereiro nos cinemas