A Favorita (The Favourite, 2018) chega na 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo como um dos filmes de destaques da edição desse a ano.
Dirigido por Yorgos Lanthimos, o longa foi escolhido para ser o filme de abertura em 2018 e ainda foi Vencedor do Grande Prêmio Especial do Júri e da Copa Volpi de Melhor Atriz para Olivia Colman no Festival de Veneza.
Confira a sinopse:
No início do século 18, a Inglaterra está em guerra com a França. A frágil rainha Anne ocupa o trono, mas é sua amiga lady Sarah que governa o país. É quando chega à corte uma nova e ambiciosa serva, Abigail. A novata acaba se aproximando da monarca, e a amizade crescente entre as duas desperta a ira de Sarah —mas Abigail não vai deixar ninguém atrapalhar seus objetivos.
O que achamos:
Imperdível. Obsessão, loucuras e vinganças marcam A Favorita num mar de intrigas palacianas comandados pela mente perturbada do visionário e talentoso diretor grego Yorgos Lanthimos.
Com um ar teatral e um visual majestoso, A Favorita é um jogo de gato, rato (e spoiler alert coelhos!) viciante e nos entrega três atuações dignas de todos os prêmios. Olivia Colman começa tímida, mas engrena no final e rouba todas as atenções como a frágil Rainha Anne; Rachel Weisz brilha sem tamanho e prende a atenção do espectador no primeiro minuto que surge em tela e a sempre excelente Emma Stone demora um pouco para mostrar para que veio, mas quando chega, vai e faz uma atuação impressionante e primorosa.
Comparado as outras produções do diretor, A Favorita é mais pé chão e realista, mesmo que ao longo do filme vemos, em diversos momentos, lampejos que são puramente a marca do diretor: pirações, desvaneios e milhares de significados por trás das cenas. São passagens como, uma queda de cavalo, ou monólogos numa lua de mel que acabam por serem um pouco mais surreais, mas, mesmo assim, fazem do filme ser uma daquelas produções de cair o queixo, seja por seus figurinos impecáveis, pelas suas locações deslumbrantes ou pela câmera que tenta sempre mostrar o plano mais aberto e quase em 360 graus.
Com a vontade de precisar ambientar o espectador na corte inglesa e todas as complexas relações entre seus personagens, A Favorita sofre um pouco com longos arcos e sequências divididas em atos, mas que acerta (e muito!) quando deixa suas atrizes focarem no embate entre lady Sarah (Weisz) e Abigail (Stone).
Outro ponto a se destacar é todo trabalho de edição de som, onde a trilha sonora consegue fazer o espectador cair de cabeça dentro do filme, onde qualquer barulho (ou a falta dele!) deixa no ar um suspense terrível de O que essas mulheres irão aprontar agora para não perder sua influência dentro da corte? E como se não bastasse tudo isso, ainda temos uma fotografia fantástica e um roteiro que acerta com um humor afiado e que faz uma sátira sem tamanho para a nobreza e seus costumes.
Em A Favorita, as personagens fazem suas apostas no longo prazo, em um demorado jogo de xadrez, onde os peões se movimentam entre si, atrás de uma Rainha, num viciante jogo das cadeiras, onde um passo errado e tudo será perdido. Mas, no final, o maior vencedor é Yorgos Lanthimos que dá seu check-mate e abre caminho para a temporada de premiações.
Nota: 4,5/5
Visto na 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Previsão de estreia no circuito nacional para Janeiro de 2019.