Moana: Um Mar de Aventuras, lá de 2016, vem de uma série de filmes da Disney que realmente marcaram a década de 2010 no estúdio. Dos sucessos como Enrolados (2010) para o mega hit Frozen (2013) e Zootopia (2016), Moana meio que é um dos filmes que são a cara do estúdio no período, e que continua extremamente popular, principalmente depois de anos depois de seu lançamento ter visto um ressurgimento na Era do streaming e num momento pós pandêmico.
Depois do primeiro filme ser o mais assistido no streaming em 2023, a sequência chega aos cinemas pronta para dizer novamente “Eu arrasei, eu já sei. De nada.” Afinal, estreia num momento crucial tanto para o estúdio, quanto para o mercado de entretenimento de maneira geral.
Marcado também por ser um dos carros chefes do estúdio em termos de representatividade e com excelentes músicas (obrigado Lin Manuel Miranda), o primeiro Moana marcou gerações e aqui a sequência, intitulada apenas como Moana 2 (2024), acerta em continuar a história da jovem polinésia que recebe o chamado do Oceano e precisa embarcar numa jornada ao lado de um semi-Deus debochado de uma forma extremamente empolgante de se assistir.
Claro, é sentido no filme que não temos músicas do mesmo nível que Miranda entregou no primeiro filme, onde os hits Saber Quem Sou, De Nada e Brilhe, ajudaram o filme a ser o sucesso que foi. Sinto que Moana 2 toma um caldinho nesse sentido, mesmo que vire a maré no que poderia afundar essa nova história e consegue dar a volta por cima, e respirar, ao se aprofundar em uma vasta mitologia que é apresentada para esse universo.
Ao apresentar mais desse mundo ensolarado e praiano, Moana 2 faz com que a história dessa personagem se expanda rapidamente na medida que a jovem, agora mais velha, com uma função maior de líder da ilha, com um grupo de garotas (chamadas Moanetes) que se espelham na personagem e a idolatram, com uma fofíssima irmã caçula chamada Simea para ser sua parceira, e com um novo mistério, e um novo vilão para ser enfrentado, parte em uma aventura, agora, com os colegas habitantes da ilha de Motunui.
Se o primeiro filme tínhamos uma fórmula ah lá A Pequena Sereia, com Jasmine de Aladdin, de uma jovem que buscava encontrar quem era e que era atraída para um lugar fora de onde sempre viveu, em Moana 2, a personagem é muito mais confiante de si e isso meio que faz com que a narrativa para Moana acaba por se apresentar e ser uma aventura muito maior, perigosa, onde as consequências dessa nova viagem são muito mais arriscadas e impactantes para a vida dela.
E Moana não está sozinha nessa. Com ela temos Kele, um senhor mais velho, e extremamente um alívio cômico para a sequência, que está ali responsável para cuidar da plantação e da alimentação do grupo; Moni, um homem feito e que está ali para ser a força bruta, e detalhe ele é o maior fã de Maui que existe e tem ótimas habilidades de desenho. E também, claro, de Loto, uma Motunuiana que projeta qualquer coisa e que é o cérebro dessa operação que Moana cria para embarcar pelo Oceano em busca do chamado de seus ancestrais que vem no formato de um pote antigo.
Assim, esse grupo de desajustados partem em missão com a jovem enquanto ela precisa tentar descobrir a localização de uma ilha perdida há anos que serviria de ponto de contato entre diversos outros povos do Oceano. E dessa vez, os favoritos dos fãs, a galinha Heihei e o porco Pua, estão também de volta e agora embarcam com Moana nessa nova aventura.
Narrativamente, dá para notar a ideia que o roteiro de Jared Bush (que trabalhou no longa original e agora assumiu o controle criativo da Disney Animation) e de Dana Ledoux Miller (que atua também na direção ao lado de Jason Hand e David G. Derrick Jr.) foi estruturado mesmo para ser uma série animada no Disney+, e é sentido uma certa “serialização da história” em termos de termos pequenos trechos que tem começo, meio e fim na trama. Mas a forma como a história foi montada para o filme e o sentimento de que aventura espera esses personagens e que a sequência entrega de uma forma extremamente grandiosa e faz de Moana 2 ser um filme para realmente ser visto nos cinemas.
E até mesmo as técnicas de animação aqui estão mais rebuscadas do que no primeiro, com um trabalho de luz extremamente melhorado em relação ao primeiro filme, afinal, as situações que Moana, e os outros personagens, são colocados exigem um trabalho muito maior de detalhes, seja nos humanos, quanto nas outras partes que o filme se destaca.
E se o filme entrega uma nova, robusta aventura, a narrativa em Moana 2 também acaba por soar maior e mais madura, já os problemas que Moana enfrenta no segundo filme acabam por ser mais sérios do que vimos antes. Aqui, a mensagem que o longa quer passar é um pouco mais complexo e que segue a trajetória natural da personagem ao longo dos três anos que se passaram depois que a protagonista conheceu Maui, cantou, aprendeu a navegar e salvou o mundo ao colocar o coração de Tefiti no lugar certo.
E claro, que ele, o Semi Deus mais cabeludo e engraçado também está de volta e se une a jornada de Moana. Cabe ao fortão Maui, também ter a função de movimentar novamente a trama na medida que o Semi Deus demora para cruzar caminhos com Moana já que está sob o comando e influência de Matangi, uma nova, e importante personagem que é introduzida na sequência.
Enquanto Moana e sua tripulação enfrentam os mais diferentes tipos de ameaças, quase como se Moana continuasse a seguir a trama ah lá Os Doze Trabalhos de Hércules da mitologia grega, Mauí precisa lidar com a esbelta, perigosa e debochada personagem que jogo um jogo perigoso e muito maior do que a aventura que Moana vive.
E mesmo não tão memoráveis quanto as músicas do filme, em Moana 2, toda mundo canta e dança novamente. Na voz da brasileira Any Gabrielly, Moana tem um novo solo chamado Além que é a música do filme, o mesmo vale para Maui (voz novamente de Saulo Vasconcellos na versão brasileira) com Quero Ouvir um Chee Hoo extremamente divertido, e até mesmo no filme, Moana e Matangi que tem um dueto bastante interessante.
E nada medida que a história envolve o trabalho em equipe num exercício de confiança importantíssimo para a sobrevivência de todos, a exploração de novos cantos do vasto Oceano, o retorno dos Coquinhos, e ainda o anzol mágico de Maui que tem a missão de puxar uma ilha do fundo do oceano, Moana 2 acaba por expandir nossos conhecimentos sobre a mitologia desses Deuses e sobre o mundo que eles vivem.
No final, Moana 2 faz uma boa sequência, com um B gigante de vai bombar na bilheteria e que vai fazer o público matar a saudade da personagem e revisitar esse universo. A expectativa é que Moana 2 sirva como um retorno para esse mar e que seja um novo capítulo dessa jornada para a figura adorável e destemida que abriu as portas para essa nova geração de figuras femininas que permeiam a lista de personagens que o estúdio Disney abraçou nos últimos tempos e que reflete, nós, como sociedade, de maneira geral. Ela está de volta, e com o live-action vindo aí, mostra que veio para ficar. Ela é Moaaaaaaaaana.
Moana 2 chega em 28 de novembro nos cinemas.