domingo, 22 dezembro, 2024
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Meu Malvado Favorito 4 | Crítica: Divertido, mas mais do mesmo

Gru de volta, Minions super-heróis e novos vilões. Meu Malvado Favorito 4 continua extremamente divertido, mesmo que entregue mais do mesmo. Nossa crítica.

Já são 7 anos sem uma aventura focada exclusivamente em Gru e sua família. Mas estamos na Era das Sequências, pós pandemia, pós greves em Hollywood, e claro que o careca ex-malvadão estaria de volta em uma quarta aventura que levasse seu nome. Com Meu Malvado Favorito 4 (Despicable Me 4, 2024), Gru, sua esposa Lucy, as meninas, e os Minions estão de volta e mostra que a família Gru e companhia continua extremamente divertida se assistir. Vai ser um sucesso de bilhão de dólares na bilheteira mundial? Talvez, seja, mas aqui, o novo filme soa um pouco mais do mesmo e entrega uma história extremamente episódica e serializada. 

É ruim? Ou, não é engraçado assistir? Não, eu mesmo me vi rindo durante diversos momentos de Meu Malvado Favorito 4 e pensando nossa que saudades desse caos que só um filme de Meu Malvado Favorito proporciona, viu? Mas ao mesmo tempo achei a trama também bastante simples e menos inspirada do que outros capítulos dessa aventura familiar. Acho, por outro lado, que as crianças devem amar.

Minions, Silas, Edith, Agnes, Margo, Gru Jr., Lucy e Gru em cena de Meu malvado favorito 4. Foto: Courtesy of © Universal Pictures. All Rights Reserved.

Afinal, aqui quando um ex-colega de escola de Gru (voz de Leandro Hassum na versão dublada), o pomposo e estridente Maxime Le Mal (voz de Jorge Lucas na versão dublada) assume como o vilão da vez, ele se mostra uma ameaça bastante pessoal para o nosso protagonista que agora além de estar casado com Lucy (voz de Maria Clara Gueiros na versão dublada), e ser pai de Margô, Edith e Agnes (e dos Minions), ele também tem o Gru Jr.,. Meu Malvado Favorito 4 então, com a ajuda de Silas Ramsbottom, o chefe da Liga de Anti-Vilões, dá novas identidades para esses personagens, e leva a família Gru para um dos piores lugares do mundo: os subúrbios americanos. 

Assim, a trama separa a família quando chegam na idílica Mayflower, que me lembrou um pouco a estética da cidade vista na animação A Família Addams (2019), onde cada um desses blocos narrativos de personagens vivem sua própria aventura. É como se o time de roteiristas, formado por Ken Daurio (que trabalhou em outros longas da franquia) e Mike White (da série The White Lotus e também do longa Patos!) tivesse trabalhando em uma série de spin-offs para todos os personagens dentro desse mesmo único filme.

O humor está ali, e bastante afiado, diga-se de passagem, talvez pela mão de White que realmente tem se firmado com boas sacadas e piadas, e temos cenas extremamente boas e que tiram boas risadas. Mas o timing cômico do filme é curto e sempre pula de grupinho em grupinho numa velocidade tão rápida quanto abrir um vídeo no Tiktok ou até mesmo quando vemos que os Minions estão envolvidos em alguma confusão. E falando em Minions, Meu Malvado Favorito 4 entra na onda de super-heróis e coloca os amarelinhos frenéticos para virarem Super-Minions e ajudarem a Liga de Anti-Vilões a combaterem o crime. É todo o arco narrativo que envolve os personagens, que particularmente achei o mais fraco, menos claro, o trio principal dos Minions, Kevin, Stuart e Bob que tem suas tramas próprias (se podemos chamar ficar preso em uma máquina automática, de trama, né?)

E enquanto os Minions tentam tirar umas risadas, ao mesmo tempo, vemos a busca do vilão Maxime Le Mal por Gru e sua família, ao lado de sua parceria, a bocuda, classuda e magérrima Valentina (voz de Angélica Borges na versão dublada), onde nosso protagonista precisa se infiltrar no country club da cidade que eles vivem, tentar fazer amizade com os vizinhos Perry e Patsy, e ainda lidar com a filha fofoqueira deles, e que descobrimos ser uma mini vilã em treinamento, Poppy (voz de Lorena Queiroz na versão dublada) que ameaça expor a identidade do nosso protagonista. 

Enquanto Gru lida com essas questões, Lucy também tem seus problemas ao tentar se adaptar em Mayflower. A personagem ganha um arco narrativo próprio sobre ser uma cabeleireira de luxo, mas a piada é que ela não consegue durar muito no emprego e tem poucas cenas realmente boas. E infelizmente isso parece se repetir com o filme de maneira geral. Afinal, nem mesmo o plano do vilão consegue ser entregue para parecer uma grande ameaça propriamente dita. Com pouco mais de 1h30 de duração, o longa precisa correr para resolver tudo, já o que temos são muitos arcos ao mesmo tempo, um novo cenário, personagens novos, personagens antigos que retornam, o plot dos vilões, o plot dos mocinhos.

Ufa! Meu Malvado Favorito 4 parece que quer testar diversas historinhas para ver qual delas o público vai gostar mais para continuar a franquia. Que Meu Malvado Favorito tem muita história e é uma boa franquia já sabemos desde do primeiro filme (o melhor de todos, até agora), mas me parece que esse quarto filme chega para definir o ritmo episódico, que ficou tão marcante depois de termos dois filmes mais focados nos Minions.

Assim, voltar para a franquia principal agora soou meio estranho. É como se tivéssemos que ter muitas coisas para administrar de uma vez só, e pareceu que o time de produção não soube selecionar muito bem o que queriam contar aqui nesta quarta história e que acabaram por contar alguma coisa mais do mesmo. Claro, a regionalização da piadas (na voz de Hassum e Gueiros que continuam ótimos no papel), os visuais coloridos, as peripécias, seja dos Minions, ou das meninas (que perderam o foco totalmente aqui, com Agnes tendo o maior destaque mesmo aparecendo pouco), e o texto carregado de piadas que se esbaldam no humor físico, sustentam o longa (muito melhor que o terceiro), com certeza.

E enquanto Meu Malvado Favorito 4 parecia ser o que poderia ser o início de uma nova trilogia para a franquia, parece também que cai na maldição do quarto filme, igual foi com Shrek, lá no estúdio de animação vizinho, a DreamWorks. Assim, fica claro que esse quarto filme foi um grande filme teste, para vermos o que dá certo ou não para o futuro, e que acaba por entregar alguma coisa apenas boa, em vez de alguma coisa ótima, como tinha sido no passado. 

No final, parece que a lição que o time da Illumination vai tirar com esse filme pode ser uma não tão bacana, mas não dá para dizer que Meu Malvado Favorito tenha perdido a mão, afinal, Meu Malvado Favorito 4 ainda diverte e faz rir ainda como poucas franquias fazem. Independente de ser animado ou não, afinal quererendo ou não animação ainda é cinema. 

Nota:

Meu Malvado Favorito 4 chega em 4 de julho nos cinemas nacionais.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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