Num primeiro momento, quando rolava o papo que a Marvel Studios iria introduzir o personagem dos quadrinhos da Marvel chamado Lobisomem na Noite no MCU, eu pouco liguei. E mesmo depois que o ator Gael García Bernal foi anunciado no papel era um projeto que estava totalmente fora do meu radar. Até que o trailer foi liberado on-line e eu fiquei: “Hum parece que temos alguma coisa escondida aqui que parece ser muito boa“.
E é. Lobisomem na Noite (Werewolf By Night, 2022) entrega a hora mais experimental da Marvel Studios até o momento. E durante esses nem 55 minutos, isso é ótimo. A mudança sinto que realmente começou para valer com Thor: Ragnarok (2017) e desde então, o estúdio comandado por Kevin Feige, tem colocado jogado seu boné para novas direções. Foi com a experimental WandaVision (a melhor coisa do estúdio nos últimos anos), com o polêmico e com ares cult Eternos (2019), depois com a própria Ms. Marvel (ao focar numa série mais teen) e agora com Mulher Hulk: Defensora de Heróis (que flerta com as comédias de escritório).
Mas com Lobisomem na Noite, a Marvel Studios dá um passo à frente gigante. É um agrado para os fãs dos longas de terror antigo, do cinema antigo, e que abre as portas para o canto do MCU que será focado nos Monstros.
Com Lobisomem na Noite somos introduzidos para a família Bloodstone e a Pedra de sangue, uma família que há anos luta contra as criaturas do mal. E na medida que o MCU ganha uma nova, e inexplorada mitologia, temos novos personagens para conhecermos na medida que alguns caçadores se reúnem para celebrarem a morte de Ulysses Bloodstone e ver quem será digno de ser o novo proprietário da Pedra Mágica. O evento é liderado por Verussa (Harriet Sansom Harris, ótima) que recebe os convidados para a noite cerimonial. Entre eles temos o misterioso Jack Russel (Bernal, num trabalho visual e corporal muito bacana) e Elsa (Laura Donnelly que eu espero que fique no MCU por um bom tempo), a filha rebelde de Ulyssess que clama a Pedra para si.
O evento? O caçador que sobreviver à noite e matar o monstro solto pelo labirinto leva a pedra para casa. E nesse mix de “que vença o melhor” dessa competição, Lobisomem na Noite entrega cenas com um apelo visual gigante e um roteiro com piadas afiadas, igual as presas de um vampiro. Mas não, nem Morbius, nem Blade, não aparecem em Lobisomem na Noite. As decisões estéticas que Michael Giacchino (o famoso compositor agora diretor em sua primeira empreitada) toma nesse especial da Marvel Studios são formidáveis, as escolhas para onde a câmera deve focar, o tom das passagens e as decisões musicais são tão acertadas, homenageiam tanto os filmes antigos, onde o especial do MCU apenas fica mais envolvente com a coloração em preto e branco que realmente nos faz sentir estar em um daqueles filmes de terror dos anos 30, 40.
E o elenco escolhido também ajuda e muito a contribuir com os bons minutos que passamos em Lobisomem na Noite graças ao roteiro da dupla Heather Quinn e Peter Cameron (que trabalharam em outros projetos do MCU como a série do Cavaleiro da Lua) E Bernal e Donnelly tem aquela parceria cômica, cheia de tiradinhas e provocações cheia de humor típico do MCU, e estão muito bem juntos em tela. E Harris está assustadoramente bem.
A trama é enxuta, não perde tempo com firulas, e mostra para que serviu esse capítulo, apresentar o conceito do Terror no MCU. E como essa história, essa trama, e esses personagens vão se conectar ao vasto mundo apresentado nos mais de 20 filmes no futuro, é um trabalho para o futuro propriamente dito.
Lobisomem na Noite acerta por ser, por si próprio, um bom capítulo, e que se sustenta por si mesmo para contar uma boa história e apresentar interessantes personagens. E com toda essa ambientação caprichada, Lobisomem na Noite entrega um verdadeiro presente para o mês de Halloween no MCU. Já mal podemos esperar para voltar para essas bandas. Tomem cuidado com os monstros que agora podem saltar, e apavorar o MCU, a qualquer minuto.
Lobisomem na Noite disponível no Disney+.