Mesmo baseado em eventos reais, ou seja, que realmente aconteceram com pessoas que existiram há algum tempo atrás, Lizzie (2018) tinha um grande desafio pela frente de conseguir incluir, dramatizar e preencher lacunas na história dos assassinatos da família Borden.
E com duas atrizes talentosas, isso parecia uma tarefa fácil. Mas não foi bem por ai. Mesmo com boas atuações de maneira em geral, principalmente de Chloë Sevigny, Lizzie é marcado por uma boa história com uma execução ruim, onde o filme trabalha seus arcos para chegar (ou pelo menos tentar) na verdadeira questão que a produção quer mostrar: Quem matou os Borden?
O roteiro de Bryce Kass se preocupa em excesso em criar e moldar a trama para culminar nos eventos que levaram na morte do Sr. Borden, Jamey Sheridan que acerta em mostrar a personalidade detestável do patriarca, da Sra. Borden (Fiona Shaw) e de John, o parente abutre que está de olho na herança interpretado pelo sempre ótimo Denis O’Hare.
Todo o trabalho de criação das personalidades, tanto de Lizzie (Sevigny), uma moça da alta sociedade da cidade de Fall River no Estado de Massachussets e da criada Bridget (Kristen Stewart) é um dos pontos altos do roteiro. O filme acerta em apresentar as duas protagonistas com passagens marcadas por sutilezas e com uma quantidade rica de detalhes impressionante sobre os comportamentos das jovens e seus medos. Junto à isso, aliado com o ambiente de época, por volta do final dos anos 1890, Lizzie tem em sua locação (um grande e escuro casarão) e seus figurinos muito bem criados que foram feitos para ajudar a contar e traçar uma visão do momento que ambas as jovens viviam.
Mas, ao ir e voltar em sua trama, e brincar com as questões do famoso Quem Matou?, Lizzie deixa quem assiste um pouco cansado com a tamanha falta de foco que o roteiro tem para chegar ao que importa. Mesmo que claro, na época, nada tenha sido provado sobre a suspeita de Lizzie ter matado o pai e a madastra, afinal, as evidências eram apenas circunstanciais no machado (que foi a arma do crime), Lizzie acaba por dar voltas e voltas na trama mesmo que em vários momentos apresentados o espectador ganha na construção da tensão para a construção das motivações para o possível crime.
Ao entregar um bom estudo de personagens, Lizzie cria uma drama focado na controversa persona que foi Lizzie Bordan, onde com o talento de Sevigny, essa produção cria um suspense interessante mesmo que apoiado em fatores e questões completamente pertubadoras.
Lizzie chega nos cinemas nacionais em 3 de janeiro