sexta-feira, 22 novembro, 2024
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Lilo, Lilo, Crocodilo | Crítica: Musical com Shawn Mendes como crocodilo cantor surpreende e agrada

Ultimamente parece que virou moda em Hollywood colocar personagens e famílias inteiras para contracenar com animais grandes e com efeitos visuais. Foi assim com o pavoroso Clifford: O Gigante Cão Vermelho (2021) e agora com o mais agradável Lilo, Lilo Crocodilo (LyleLyleCrocodile, 2022). E parece que tem funcionado, em termos de dinheiro arrecadado e recrutar artistas, certo?

Baseado no livro de sucesso, talvez, mais conhecido pelas famílias gringas, essa nova produção entrega um musical que surpreende e agrada. Totalmente focado para um público mais familiar, Lilo, Lilo Crocodilo acerta por não entregar uma história qualquer só por que é para criança. Claro, o crocodilo falante cantor é o chamariz para manter o público alvo entretido ao longo de suas horas, mas Lilo, Lilo Crocodilo entrega em sua trama uma mensagem de amizade e de união de desajustados com algumas passagens musicais e músicas de sair cantarolando logo após a sessão.

O cantor Shawn Mendes dá voz para o crocodilo Lilo em cena de Lilo, Lilo Crocodilo
Foto: © 2022 Sony Pictures/CTMG, Inc. All Rights Reserved.

O que temos então é um musical divertido e com um elenco bem entrosado liderados pelo carismático Javier Bardem, aqui vivendo momentos dos mais surtados possíveis como um excêntrico artista chamado Hector P. Valenti que descobre em um crocodilo cantor uma chance de finalmente atingir o sucesso. Lilo, Lilo Crocodilo tem um pouco de O Rei do Show só que nos tempos atuais e um pouco menos sombrio, Bardem até tem o mesmo carisma de Hugh Jackman (que também seria ideal para o papel) e aqui tem muito o que trabalhar na medida que sua aposta em Lilo (voz no original do cantor Shawn Mendes) não dá certo e o jovem crocodilo falante e cantor é abandonado pelo seu dono. Triste né?

Mas como uma boa história para crianças, as coisas melhoram. Até que alguns meses depois, a família Primm se muda para a casa onde Lilo ficou esse tempo todo, escondido do mundo e de todos, sem mostrar seu talento vocal, e a vida desse crocodilo, e de seus novos inquilinos, vai mudar.

Ao mostrar um pouco de como a timidez de Josh (Winslow Fegley visto nos simpáticos longas de streaming Noitários de Arrepiar e Natal em 8 Bits e que aqui comanda uma presença nesse lançamento nos cinemas), Lilo, Lilo Crocodilo coloca esse jovem humano com esse jovem crocodilo para viverem uma amizade única e musical.

Acho interessante que o roteiro de Will Davies (dos filmes de Johnny English e da série Homem Vs Abelha, ambos com Rowan Atkinson) consegue bem trabalhar esse humor mais físico que o longa oferece na medida que temos um crocodilo a andar por aí, às vezes, no meio de Nova York. Outra parte que Lilo, Lilo Crocodilo trabalha bem é o fato de que bem… o que temos aqui é um crocodilo que realmente anda por aí, com uma figura humanóide, e que principalmente canta. A naturalidade como a história, e os personagens, lidam com isso é bem bacana de se acompanhar, onde você precisa apenas aceitar a informação e seguir em frente. Afinal, um crocodilo que canta não se vê com muita frequência por ai, não é mesmo?

Constance Wu, Winslow Fegley e Javier Bardem em cena de Lilo, Lilo Crocodilo
Foto: © 2022 Sony Pictures/CTMG, Inc. All Rights Reserved.

E talvez aí que reside o charme que Lilo, Lilo Crocodilo. O personagem é cativante, é divertido de ver e acompanhar suas peripécias por aí na medida que vemos como a mãe (Constance Wu de volta aos filmes depois de uma pausa na carreira) e o pai (Scoot McNairy, muito bem escalado) descobrem a presença do animal em sua casa. Cada um tem seu tempo de descoberta, e o roteiro de Lilo, Lilo Crocodilo mostra de uma forma super divertida que o crocodilo vai ajudar não só Josh a se adaptar na nova cidade, mas também mudar a vida dos pais do garoto, que vivem um certo bloqueio em suas carreiras e vidas pessoais. Assim, além de torcermos para o arco narrativo criado sobre o crocodilo precisar superar seu medo de palco, o texto trabalha também que não só ele precisa de um empurrão, mas também a família Primm de forma geral.

A mãe com seus livros de culinária, pai em resgatar o espírito que o levou a ser professor, e Josh em tentar fazer novos amigos. E não só a família Primm se vêem afetados por essa grande, escamosa e com dentes afiados, mas com um olhar apaixonante nova presença, mas também o vizinho da família, o Sr. Grumps (Brett Gelman, ótimo) e sua gata com um ar de superioridade vão ter alguns embates bem humorados e quase episódicos ah lá Mr. Bean com a presença de Lilo no bairro. 

Como falamos, o longa passa uma mensagem para o seu público alvo bem certeira, mas sem soar muito didática e realmente capricha, e acerta suas notas, ao colocar tudo isso com grandes sequências musicais com músicas escritas pela dupla Benj Pasek e Justin Paul (que olha só trabalharam em O Rei do Show, no live-action de Aladdin e na adaptação do musical Querido, Evan Hansen em filme).

As passagens são os pontos altos do filme, seja as do início com Bardem e Lilo mais jovem, ou até mesmo uma com a família toda, e claro, o momento final do filme, onde sem spoilers, o filme entrega uma grande celebração. E a dupla de diretores Will Speck e Josh Gordon (da comédia A Última Ressaca do Ano) consegue entregar um bom trabalho para nos deixar confortáveis em assistir esses números musicais e nos ambientar para essa maluca e um pouco excêntrica história.

No final, Lilo, Lilo Crocodilo é uma surpresa, daquelas bem inesperadas, afinal, todas as notas mostravam que isso poderia ser um potencial desastre. O que não é o caso aqui.

Avaliação: 3 de 5.

Lilo, Lilo Crocodilo chega com sessões de pré-estreia no dia 2 de novembro e em todo o circuito no dia 3.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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