segunda-feira, 23 dezembro, 2024
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Jury Duty – 1ª temporada | Crítica: Comédia de exageros sobre falso julgamento entrega bons momentos

12 jurados. 11 atores. É essa a premissa amalucada que a série Jury Duty (Na Mira do Júri no catálogo nacional do Prime Video) apresenta, onde a atração ganhou destaque nos últimos meses nas redes sociais e viu seu boom principalmente depois de, lá em julho, ter sido indicada na categoria de Melhor Série de Comédia no Emmy na edição de 2023.

E não é à toa que recebeu indicações para o maior prêmio da TV americana. Jury Duty faz uma série extremamente engraçada, exagerada no ponto certo e realmente apresenta uma premissa interessante de se acompanhar. Talvez o seriado passasse batido se não tivesse descolado indicações para a premiação mais conhecida do grande público? Sim. A atração foi lançada na plataforma Freevee, um primo pobre (mas gratuita e disponível nos EUA) do Prime Video, e agora, chega alguns meses depois no catálogo nacional por conta dessas indicações, e onde realmente fez por merecer essa espera.

Mas sinto também que mesmo que nada tivesse acontecido, em algum momento o seriado iria ser descoberto e viralizado. Talvez as indicações e todo trabalho da Amazon desde o lançamento da série, até a campanha pré-Emmy apenas ajudou e antecipou a atração a ter ficado mais conhecida. Mas diferente de The Rehearsal lançada lá em 2023, aqui, a diferença aqui é que Jury Duty é boa. E não só isso.

Ronald Gladden e James Marsden em cena de Jury Duty.
Credit: Courtesy of Amazon Freevee

Extremamente maratonável e com uma energia caótica no estilo The Office, Jury Duty é uma das pérolas escondidas que faz valer a pena gastar seu tempo. É definitivamente uma das melhores coisas que estrearam no streaming nos últimos tempos.

Sem um grande nome para chamar atenção, o maior mérito de Jury Duty é sugar o espectador para dentro dessa dinâmica, junto com o protagonista, que até pode soar batida logo depois dos primeiros episódios, mas é por conta dos personagens extremamentes carismáticos e pela naturalidade que acompanhamos Ronald Gladden no meio desse pessoal que fazem a comédia dar muito certo no formato serializado.  

Sim, Ronald Gladden é um americano comum que achava que iria participar de um documentário sobre um julgamento. O que ele não sabe que o tal julgamento que ele é selecionado, e o programa que ele vai dar depoimentos, é falso, e seus colegas, tantos os jurados, quanto o juiz, o réu, os advogados, são atores.

E que o dia-a-dia, desde do dia que ele é convocado até quando o juiz pede para os jurados darem seu veredito, é orquestrado pelos produtores e roteiristas da atração. O mais interessante em Jury Duty é que a estrutura dos episódios são apresentadas em tempo real no caso, afinal, esses jurados ficam presos em hotéis em confinamento ao longo de três semanas.

E os atores nunca “quebram” a narrativa ou saem dos personagens, e com isso Jury Duty mantém a magia para nós espectadores até o final, onde só depois que damos uma espiada nos bastidores de como a série foi feita. Afinal, Jury Duty segue esses personagens e Ronald ao longo dos dias, onde não só eles precisam ouvir a defesa do réu, a advogada de acusação, as testemunhas, mas também interagir entre si nesse “falso documentário”.

E para isso, os roteiristas de Jury Duty criam os mais malucos e interessantes personagens. que são o que realmente chamam atenção, afinal, Ronald é um cara comum, que mesmo que extremamente gente boa, não seria a figura ideal para segurar uma série de comédia. Assim, uma salva de palmas para esses atores que ensaiaram e estiveram preparados para improvisar quando necessário, afinal, muito das cenas são extremamente inacreditáveis de se assistir.

Do ator James Marsden como uma versão dele mesmo e extremamente deslumbrado, para uma senhora já mais velha que vive por dormir durante as deliberações e atrapalhar o andamento do caso, a ótima Barbara Goldstein, para um jovem inseguro (Mekki Leeper) que vive por reclamar de ficar preso nas funções e vê sua namorada ir viajar com as amigas, um cara (David Brown) mais tímido e ávido por tecnologia que sempre aparece com algum gadget surreal, uma garota espírito livre (Edy Modica) e desbocada, ou também um cara (Ron Song) que sempre fala pausado de uma forma irritante, que é viciado em apostas e tem um jogo de pauzinhos com regras impossíveis. 

Esses atores dão o tom mais cômico para a atração e sempre que interagem com Ronald é garantia de boas risadas. Assim como diversos outros personagens que vão e vem nesse julgamento. Do juiz carrancudo (Alan Barinholtz) até a oficial da corte (Rashida Olayiwola), todos eles, e principalmente os jurados, têm momentos para interagir com Ronald e criaram narrativas das mais sem pé nem cabeça e que deixam o espectador não só, às vezes, desconfortável em assistir, mas também vidrado para saber o que vai acontecer, e como tudo isso vai acontecer com esse grupo.

Elenco de Jury Duty.
Credit: Courtesy of Amazon Freevee

E aqui, a piada principal de Jury Duty não é sobre enganar e rir de Ronald, e sim do processo do julgamento que tanto eles e Ronald estão inseridos. A absurdidade dos eventos é a grande piada e não o protagonista. 

Dos episódios onde eles saem para comemorarem em um bar, ou quando precisam deliberar e chegar no consenso sobre o veredito final, passando pelos momentos onde eles estão no hotel de folga, Jury Duty sempre parece ir pelo caminho mais sem noção, que garante momentos hilários, onde você vive a repetir que e  não acredita no que está acontecendo.

Com as câmeras escondidas fazendo o trabalho de formiguinha para ajudar a pintar esse mosaico, Jury Duty nos apresenta para esse rol de personagens que vivem por escalonar as situações enquanto tentam capturar as reações de Ronald que são extremamente genuínas por conta do jovem não saber realmente o que acontece.

No final, Jury Duty entrega um conceito diferente, ousado e que realmente faz valer todas as indicações que recebeu.

Sem dúvidas, o veredito final, é o mais claro possível: assistam Jury Duty que vocês não vão se arrepender. Júri dispensado.

Jury Duty – Na Mira do Júri está disponível no Prime Video.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

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