Jojo Rabbit (2019) chega com uma proposta do diretor e roteirista Taika Waititi bastante curiosa e interessante. E não poderia vir de uma produtora que abraça histórias incríveis e um pouco fora do convencional em Hollywood, a FOX Searchlight. Aqui com o diretor e a produtora temos um combo de originalidade no meio de grandes franquias e remakes.
E JoJo Rabbit passou por 2019 como um furação, com um primeiro trailer controverso, cercado de polêmicas, e a certeza que geraria um debate intenso por conta de opções narrativas que Waititi tomou ao adaptar o livro de Christine Leunens. Assim, o longa fez sua pré-estreia no Festival de Toronto, e claro, Jojo Rabbit teve reações mistas, mas no final, venceu o prêmio do público, o que é um bom indicador para a temporada de premiações.
Mas depois disso, parece que a própria FOX, com a gigante Disney por trás, esqueceu um pouco filme na sua campanha. Uma pena, pois Jojo Rabbit faz aqui uma produção divertida, espirituosa, e realmente incrível em sua proposta. Waititi pega um tema corriqueiro do cinema americano, a Segunda Guerra Mundial, e coloca um tempero único numa trama nada convencional. Jojo Rabbit faz um triunfo para o cinema, um longa maravilhosamente roteirizado e dirigido por Waititi, e um dos mais comoventes filmes dos últimos tempos.
Em JoJo Rabbit conhecemos o Johannes Betzler (Roman Grifin Davis), um jovem alemão que descobre que sua mãe Rosie (Scarlett Johansson, ótima) esconde um grande segredo em plena Segunda Guerra Mundial. Assim, Johannes e seu melhor amigo, um Hilter (Taika Waitit, incrível) imaginário precisam bolar um plano infalível e decidir se vão entregar ou não a garota judia (Thomasin McKenzie), escondida no sotão da casa, para as autoridades nazistas.
E essa mistura imaginativa com os horrores reais da Segunda Guerra combinam e nos encantam como poucos filmes. Jojo Rabbit narra os acontecimentos na Alemanha de uma forma lúdica, simples, e feita para qualquer um com 11 anos entender. E os personagens parecem viver nessa realidade meio que paralela e fazem comentários ácidos e certeiros sobre o momento que vivem, onde os destaques ficam para Sam Rockwell como o Capitão Klenzendorf e Archie Yates (hilário e um ator mirim revelação) como o colega Yorki.
E talvez, ai que esteja a genialidade de Waititi em contar essa peculiar e encantadora história, Jojo Rabbit serve como um livro infantil para tratar de um assunto sério e extremamente importante para a história. Aqui, Waititi pega elementos como repressão policial, nacionalismo extremo, e obsessão política para contar uma história que se reflete com certos movimentos que estão de volta nos dias de hoje com a chegada de ultra conservadores no poder novamente.
Jojo Rabbit em toda sua sutileza e acidez conta uma história que nos alerta sobre situações que o mundo já viveu, e pagou caro, e periga de voltarmos novamente para esse status quo. Na medida que Johannes começa a se questionar sobre a colega de quarto judia, e todos os pré-conceitos, dos mais absurdos possíveis que os nazistas proclamam contra elas, o longa parte de uma comédia para um drama na medida que os eventos reias da tomada dos Aliados contra a Alemanha nazista se desenrolam no pano de fundo dessas duas crianças que estão em situações apostas.
E aqui, que Jojo Rabbit se destaca mais uma vez, Waikiti em cenas poderosas e impactantes, como se arrancasse um curativo que faz o jovem garoto crescer e amadurecer muito rápido, onde o filme acompanha essa perca da inocência infantil em um estalar de dedos, e abre os olhos do jovem para a vida adulta e a realidade que vive após a Segunda Guerra.
No final, com Jojo Rabbit temos um incrível e espirituoso filme de amadurecimento, que não perde a veia cômica e satírica ao mesmo tempo que nos entrega passagens mais dramáticas e o coloca em um outro patamar cinematográfico. Aqui Jojo Rabbit entrega uma das produções mais cativantes dos últimos tempos, num filme que não pode deixar de ser visto e apreciado.
Filme visto no Festival do Rio 2019
Jojo Rabbit chega nos cinemas nacionais em 6 de fevereiro.
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