Uma franquia, que nem começou como uma franquia, mas que deu muito certo foi a de John Wick que há anos tem entregado filmes com as mais sofisticadas cenas de ação que já passaram por Hollywood e que impulsionou diversos outros filmes a seguirem seu caminho.
E em John Wick 4: Baba Yaga (John Wick: Chapter 4, 2023) não é diferente, e o diretor Chad Stahelski sabe disso e usa as cenas de porradaria a seu favor na medida que o quarto filme estrelado por Keanu Reeves precisava achar alguma forma de se diferenciar dos outros 3 já lançados.
E John Wick 4 maravilhosamente em suas quase 3 horas de duração consegue fazer isso. Mais uma vez. Aqui, o longa acerta e expande o Universo da franquia, ao mesmo tempo que trabalha na mitologia que vem sendo construída ao longo dos anos com esses filmes e ainda consegue entregar novos, e empolgantes, personagens ao mesmo tempo que apresenta novas ameaças e aliados para o assassino que bota o terror nos outros assassinos: o temido Baba Yaga, quer dizer John Wick.
Na medida que John Wick (Reeves, mais calado nesse quarto filme, mas com mais cenas de ação) cutuca a organização The High Table depois de ter sido excomungado nos eventos do filme anterior, o quarto capítulo nos apresenta para a figura de um de seus representantes, o Marquis de Gramont (Bill Skarsgård) para ser a grande e central ameaça do longa, e mais uma vez, fica claro, que por onde John Wick passa em busca de sua vingança, ele leva com ele caos, destruição e morte.
John Wick 4 talvez seja o maior longa da franquia, (e o filme também é sim longo em duração), em termos de escopo, de lugares visitados, e ameaças enfrentadas, onde a trama coloca finalmente John Wick contra oponentes que realmente criam uma sensação de ameaça muito maior e perigosa do que já tivemos até então.
Tudo é apresentado pela história como uma grande ameaça, com um sentimento de urgência, e de perigo muito interessante e extremamente mortal nas mãos do Marquis de Skarsgård, onde o roteiro coloca os dois em um tal duelo com regras antigas que é marcado em um ponto turístico conhecido nas ruas de Paris. E da hora que a disputa é acertada até o amanhecer do outro dia, os bandidos, os vilões, e os capangas vão dar muito mais trabalho para John Wick na medida que o vilão endinheirado que fecha museus (quem é ele? a Beyoncé?) coloca um valor monumental pela cabeça do nosso protagonista bom de luta e faz a trama ser Todo mundo vs. John Wick mais uma vez.
E para isso, o longa aposta em contar essa história com belos planos de fundo. John Wick 4 não cansa de nos entregar passagens visualmente das mais bonitas na medida em que John Wick anda por diversas cidades do mundo na busca de acabar com os membros da tal organização toda poderosa.
E isso deixa o filme com um ar muito mais interessante de se acompanhar. A cada cidade, a cada legião de bandidos, e a cada filial do hotel Continental que John Wick 4 apresenta, o longa mostra uma estética visual, e de combate, diferente.
Das luzes neon piscantes do Japão, ao passar pela Alemanha caótica e chuvosa, até as intensas e frenéticas lutas por diversos cantos da cidade de Paris, (a do Arco do Triunfo é a melhor para mim) John Wick 4 garante que em cada lugar veremos o personagem acabar com seus adversários um a um, onde ele deixa, mais uma vez um rastro de sangue e corpos.
John Wick 4, como falamos, se apoia em ampliar nossa noção desse mundo, e suas regras, e aqui coloca John Wick para bater de frente com o poderoso Marquis de Skarsgård, que não só se mostra um dos adversários mais perigosos da franquia, como também um dos melhores personagens desses 4 filmes. E Skarsgård realmente se destaca com seus ternos impecáveis e seu olhar altamente maníaco, e faz uma das escolhas mais acertadas para a franquia, sem dúvidas.
A história coloca esses dois antagonistas num jogo de gato e rato pelas ruas de diversas cidades, onde a trama, se decorre como se fosse um videogame, onde existem várias fases para passarmos até chegarmos no chefão de Skarsgård. E com uma história que se embola com as entranhas da própria High Table, Stahelski garante que teremos lutas das mais intensas e violentas em John Wick 4.
Acho que o quarto filme é o mais brutal que a franquia já foi, e existe um contexto para isso, afinal, as apostas, e o que está em jogo, são cada vez mais definitivas. E não só para John Wick, mas também para o concierge Charon (Lance Reddick), o gerente do Continental de Nova York, Winston (Ian McShane, poucas cenas, mas ótimo) e Bowery (Laurence Fishburne) que retorna mais uma vez.
O quarto longa tem em seus novos personagens, seu maior trunfo, onde temos a introdução de um novo Hotel, comandado por Shimzadu (Hiroyuki Sanada) e sua conselheira e concierge Akira (Rina Sawayama) que ajudam a deixar John Wick 4 entregar suas melhores passagens, na medida que a figura do assassino Caine (Donnie Yen) surge do passado de John Wick para também o perseguir e deixar essa situação ainda mais pessoal para todos os envolvidos.
E ao lado de Skarsgård, a cantora Sawayama é uma excelente adição para o mundo John Wick, e sua personagem é um dos destaques tanto para as cenas de ação, quanto para o desenvolvimento da história, e do futuro da franquia em si.
Stahelski usa as quase 3 horas para mostrar que nenhuma cena foi feita para ser apenas uma única cena, elas são basicamente pequenos curtas dentro desse longa metragem e que deixam o longa muito maior do que os outros foram. Das lutas pela escadaria em Paris, para uma em uma balada underground na Alemanha, até a sangrenta batalha numa das salas de vidro da filial do Continental no Japão, John Wick 4 dá ao espectador aquilo que é esperado para um filme da franquia: longas, impactantes, e estendidas cenas de ação.
Com John Wick 4, a história se torna tão mais grandiosa, se aprofunda tanto na mitologia que tem sido trabalhada há anos, mas que não deixa de entregar a essência dos filmes, e o que fez o público cair de amores pela franquia. No quarto capítulo é difícil não ficar imensamente vidrado em tela a cada vez que Keanu Reeves olha para a quantidade de capangas que precisa enfrentar em sua jornada de vingança. Uma aqui que no quarto filme é longa, mas que vale à pena cada momento.
No final, com derivados vindo aí, uma série e um filme, apenas o futuro dirá quantos mais filmes John Wick teremos, mas fica claro que existem sim mais ameaças, e figuras ameaçadoras para serem enfrentadas, onde esse quarto longa que não desaponta e entrega mais uma vez uma descarga de adrenalina em suas cenas de luta.
Ps: O filme tem cenas pós-créditos.
Onde assistir John Wick 4?
John Wick 4: Baba Yaga estreia com sessões antecipadas em 22 de março no Brasil.