sábado, 07 setembro, 2024
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Imaculada | Crítica: Abençoada seja Sydney Sweeney por aquele final

Abençoada seja Sydney Sweeney por aquele final de Imaculada. O problema são as outras 1h20. Nossa crítica do longa.

O primeiro semestre de 2024 definitivamente será marcado pelo atriz e produtora Sydney Sweeney que corre por aí como uma das principais figuras dessa nova Hollywood pós-pandêmica. A americana de 26 anos é um dos três nomes que vieram da série Euphoria da HBO e que tem feito sucesso nessa transição para os cinemas e nessa busca por novos A-Listers que consigam levar as pessoas de volta para verem os longas nas telonas.

E o lançamento de Imaculada (Immaculate, 2024) no Brasil, mesmo que atrasado em relação aos EUA, apenas mostra que o trem do hype da atriz continua, vindo de Todos Menos Você e depois, com uma parada que Hollywood tem preferido ignorar, lá em Madame Teia, em Fevereiro. Aqui com o filme, Sweeney apenas continua a surfar nesse bom momento, e na safra meio parada após as greves de Hollywood, e veio com Imaculada para se solidificar na indústria. Afinal, o lançamento do longa trouxe a oportunidade da atriz estar mais uma vez em press tour, onde o discurso era que a atriz tinha amado o roteiro do filme, feito audição para o projeto que não foi para frente e agora como produtora ela foi lá e bancou o longa.

Sydney Sweeney em cena de Imaculada. Foto: Diamond Filmes. All Rights Reserved.

E se olharmos o longa pelos olhos comerciais, Imaculada é um novo capítulo para a trajetória da atriz/produtora e abençoada seja Sydney Sweeney por aquele final. Os últimos 15,10 minutos de Imaculada são realmente divinos de se assistir. Mas narrativamente, qual é o problema com o filme? As outras 1h20 antes dele. Talvez seja pelo fato que Imaculada lembra outro filme bem parecido e com a mesma temática lançado alguns meses atrás em uma janela de tempo bem pequena entre os dois projetos. Claro, A Primeira Profecia tem uma conexão com o filme clássico de Profecia e é mais artístico e tem uma pegada mais “cult” do que Imaculada, mas a ideia é a mesma: uma freira americana, com um passado atribulado, chega num convento na Europa e se vê grávida de uma hora para outra.

Mas se Imaculada sofre com essas comparações, por outro lado, é notável que Sweeney faz uma protagonista muito mais interessante do que a vista em A Primeira Profecia. A atriz em ascensão dá para a irmã Cecília uma mocinha inocente, pura, quase novelesca das tramas das 6h, mas que querendo ou não puxa o espectador para o seu lado. A ingenuidade, a calma, tudo é amplificado pelo olhar arregalado de Sweeney e sua expressividade já tão marcante e uma das assinaturas da atriz. Bem diferente da sua personagem em Euphoria, Sweeney mostra aqui em Imaculada uma versatilidade gigante e entrega uma figura angelical mesmo quando as coisas começam a ficar um pouco doidas para o lado da irmã Cecília neste convento isolado.

Da presença da durona da Madre Superiora (Dora Romano) para a colega de quarto, meio rebelde e desbocada, a irmã Gwen (Benedetta Porcaroli) para a freira carrancuda e sem muitos amigos da irmã Isabelle (Giulia Heathfield Di Renzi), a chegada da irmã Cecília chega para movimentar o lugar, e as relações entre esses personagens na medida que o texto de Imaculada, escrito por Andrew Lobel (em seu primeiro roteiro para o cinema) demora para engrenar enquanto parte boa parte do tempo de brincar com “será que alguma coisa de ruim vai acontecer aqui?”

É o ditado né? Onde tem fumaça tem fogo. E se o filme leva essa questão, a resposta é clara, igual o badalar dos sinos de uma igreja. E a resposta vai por ser entregue na vai na medida que os dias da irmã Cecília a levam para adentrar não só nas profundezas do convento em si, mas também o que ele esconde.

Sydney Sweeney e Álvaro Morte em cena de Imaculada. Foto: Diamond Filmes. All Rights Reserved.

Com alguns jump scares aqui e ali, prolongadas cenas em silêncio e uma ambientação escura que o diretor Michael Mohan abusa para criar o tom do filme, Imaculada constrói sua história aos poucos, mesmo que tudo soa um Déjà vu enorme em relação A Primeira Profecia. Volto a falar sobre o longa por que vi um primeiro e depois o outro, mas sinto que não importa a ordem que você assistir, ambos passarão a mesma ideia e sentimento.

Mesmo extremamente focado na personagem de Sweeney, a introdução das figuras masculinas no filme, e que dão as caras no convento ao longo da trama, seja para o o Padre Sal (um ótimo Álvaro Morte) e do Cardeal Merola (Giorgio Colangeli) servem para darem ao longa a possibilidade do espectador juntar as pistas do que realmente está acontecendo naquele lugar. 

Principalmente quando a irmã Cecília descobre a gravidez e depois vemos os meses posteriores dessa “concepção milagrosa” e a forma como ela é tratada como uma divindade pelas colegas religiosas do local. Imaculada é pá pum nesse quesito, os meses passam, as situações ficam cada vez mais doidas, e o longa não perde tempo em colocar o pé no acelerador para escalonar tudo, partir para as revelações e para uma ação desenfreada onde a irmã Cecília parte para tentar se salvar. 

É a expressividade de Sweeney que garante esses bons momentos, da cena que é vestida com as roupas claras e o véu numa forte semelhança para Virgem Maria ou até mesmo para os momentos quando a chave cai para irmã Cecília do que realmente está por acontecer e partimos para os momentos finais de Imaculada que realmente é o ápice do filme.

E se Sweeney e Morte, estão bem, fica claro aqui que são eles que realmente elevam o filme, e a experiência mesmo que curta de assistir o longa. São eles que fazem essa história sair do lugar comum e ajudam a entregar alguma coisa que vale a pena de se ver no meio dessa temática “freiras em conventos com tramas obscuras”. No final, com Imaculada, a carreira de Sweeney se mostra a prova de fracassos (cof cof Madame Teia) até o momento, vamos ver até quanto a atriz/produtora vai conseguir não manchar o trabalho imaculado que tem feito.

Nota:

Imaculada chega em 30 de maio nos cinemas nacionais.  


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

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