domingo, 22 dezembro, 2024
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Halloween Ends | Crítica: Encerramento da trilogia entrega um bom e pesado slasher

E depois de mais de 40 anos, a atriz Jamie Lee Curtis está de volta em Halloween Ends (2022) para encerrar esse novo ciclo criado para Laurie Strode anos depois do longa original e para, de fato, encerrar a trilogia começada em 2018. 

Halloween Ends faz o melhor dos três filmes? Não faz. Mas conclui essa história de uma forma tão bacana, tão a cara da franquia, e tão dentro de toda mitologia que Halloween vem por desenvolver ao longo dos anos que funciona bem. E de uma forma até que extremamente pesada para o que temos visto até então.

O embate entre Michael Myers e Laurie Strode tem mais um capítulo, agora, o final, depois dos assombrosos e brutais eventos vistos em Halloween Kills – O Terror Continua que não só envolveu a família Strode mas como toda a cidade Haddonfield numa aura de vingança e paranoia descontrolada. E o terceiro longa começa com uma clássica cena para a franquia Halloween: é noite de Dia das Bruxas e uma família contrata uma babá para cuidar de seu filho. E aqui, somos introduzidos para a figura do esforçado e gente boa Corey (Rohan Campbell). Numa reviravolta dos eventos, esse terceiro filme é marcado por isso, o babá sobrevive e a criança é morta. Assim, o jovem Corey fica marcado para sempre pelos moradores da cidade de Haddonfield.

Rohan Campbell e Jamie Lee Curtis em cena de Halloween Ends.
Foto: © 2022 Universal Studios. All Rights Reserved.

É como um dos personagens diz: “Sem Michael Myers a cidade precisava de um novo monstro.” E é basicamente assim que esse novo capítulo da jornada de Laurie Strode, e do assassino mascarado que a perseguia há anos começa em Halloween Ends: com a personagem a viver sua vida, com sua neta Allyson (Andi Matichak), e onde por alguns momentos a presença de Michael Myers, não está ali, a sua espreita, no seu pescoço pronto para a atacar.

Mas como a franquia Halloween sempre foi sobre essa situação trauma que Laurie carrega até hoje e como Michael Myers diretamente, e indiretamente, afetou a vida não só de Laurie mas de todos os moradores, Laurie sabe que não está tranquila. E nem ninguém da cidade. E quem mais do que ela para entender o que o jovem Corey passa depois que seu próprio evento trágico acontece e ele vive sendo perseguido e marcado pelos moradores locais com seus constantes bullyings, acusações e perseguições lideradas por um grupo de jovens locais.

Então o sentimento pesado de tensão em Halloween Ends é trabalhado aos poucos, é extremamente palpável de se acompanhar e faz um que transborda em tela, mais uma vez. Sabemos que Michael Myers, ou alguma coisa que sobrou dele depois dos eventos do longa anterior, está ali ainda vivo, naquele esgoto, mesmo depois de 4 anos. E o longa cria essa atmosfera tensa de que em algum momento alguma coisa aterrorizante vai acontecer e que o mascarado vai voltar. E claro que elas acontecem! Estamos em um filme slasher e um filme da franquia Halloween.

E a forma como os roteiristas (David Gordon Green também retorna na direção e no roteiro) escolheram para dar continuidade para essa história é bem interessante, cheia de reviravoltas e se conecta com a mitologia geral de Halloween de uma forma tão intrincada, tão interessante ao o que é o embate do “bem” e do “mal” e como esses antagonistas estão marcados para esse jogo de gato e rato quase que eterno.

E mesmo com uma quantidade de mortes menores do que Halloween Kills – O Terror Continua, mas bem mais que em Halloween, Halloween Ends tem passagens extremamente pesadas, gráficas e alguns jump scares que realmente surpreendem em termos de ter cenas de sustos e que consegue criar, mais uma vez essa ambientação de terror que sempre marcou a franquia.

São as cenas de matanças de fazer você querer desviar a cara da tela, mas que ao mesmo tempo te força a querer ver como vão acontecer, onde a forma como os personagens morrem de forma são tão sanguinárias e impactantes que apenas deixam o longa com uma cara que as apostas estão cada vez mais altas e é o vai ou racha para muitos personagens, inclusive Laurie e sua neta Allyson, e também o jovem Corey que além de entrar no círculo íntimo de Laurie começa a ter um relacionamento com Allyson, que digamos levanta algumas questões interessantes para o longa.

O trabalho de construção desse novo embate Laurie vs Michael em Halloween Ends tem algumas reviravoltas bem bacanas e questões mais teóricas e para se pensar do que propriamente um grande embate físico. Particularmente a minha morte preferida é uma que acontece em um quarta e que envolve um quadro. É a cara da franquia.

Michael Myers em cena de Halloween Ends.
Foto: © 2022 Universal Studios. All Rights Reserved.

Mas não se assustem, o confronto final vem, mas a ação do longa realmente engrena quando todas as peças são definidas pelo roteiro de uma vez. E, sem spoilers por aqui, Halloween Ends flerta com diversas possibilidades, algumas empolgantes, outras realmente assustadoras, com esses personagens e tudo que foi desenvolvido ao longo desses três filmes.

Curtis realmente está muito bem aqui, é a força que move, e moveu, Halloween ao longos desses anos, com milhares de filmes que foram esquecidos para termos essa trilogia, mas que sempre trouxe a essência que Laurie apresentou desde do final dos anos 70 com o primeiro filme: Uma jovem aparentemente normal que encara a personificação do mal e vê sua vida mudada para sempre. Matichak ganha a chance de ter mais destaque depois de dois filmes um pouco no escanteio, mas realmente sinto que a personagem não emplacou para mim e Campbell, com um visual meio Dahmer, mostra que os males da sociedade podem alterar o curso da vida de alguém.

E claro Myers, e essa figura realmente ameaçadora, realmente se mostra aqui em Halloween Ends mais como uma nuvem de ameaça do que uma ameaça em si, mesmo que não deixe de causar sempre um bom estrago. 

No final, Halloween Ends termina no ponto certo para essa etapa da vida de Laurie e companhia e termina também de uma forma super bacana para fechar esse arco que foi apresentado lá em 2018. Assim, além de fechar esse arco sanguinário, esse terceiro filme honra a franquia, e mostra que algumas coisas vivem para sempre independente de serem boas ou ruins. 

Avaliação: 3 de 5.

Halloween Ends chega com sessões de pré-estreia pagas em 11 de outubro no Brasil. Em todo o circuito nacional em 13 de outubro.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

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