domingo, 22 dezembro, 2024
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Na Ponta Dos Dedos | Crítica: As complexidades das emoções humanas numa divertida história

Meio Black Mirror, meio comédia romântica conceitual, Na Ponta dos Dedos (Fingernails, 2023) é um daqueles filmes que a gente assiste por conta do elenco reunido antes de saber de qualquer coisa sobre trama e tudo mais. E é por conta desse time de atores que fica claro que essas escalações foram fundamentais para fazer esse filme acontecer e dar certo.

A carismática Jessie Buckley segue na empreitada de entregar personagens estranhas em filmes esquisitos e aqui com Na Ponta dos Dedos, Anna é mais uma para a galeria de mulheres complexas e personagens interessantes que a atriz tem apresentado nos últimos tempos.

Jessie Buckley em cena de Na Ponta dos Dedos. Foto: Courtesy of Apple.

No longa ela não está Entre Mulheres, ou está Pensando em Acabar com Tudo ou ainda encarando as Faces do Mal, e sim, a atriz nos apresenta para uma professora que ao aceitar um trabalho em uma clínica, começa a rever sua vida e seu relacionamento com o cara (Jeremy Allen White) que ela achava ser sua alma gêmea. 

Tudo isso por que um teste feito pelos dois, deu que eles tem 100% de compatibilidade e são destinados a ficarem juntos. Afinal, no mundo que o diretor grego Christos Nikou cria para Na Ponta dos Dedos o amor é algo palpável, quantificado e mensurável e não só baseado em sentimentos, atrações abstratas e sem explicações cientificas.

Os casais começam a realizar testes para saberem se são compatíveis uns com os outros e o quanto, em porcentagem, eles são destinados uns com os outros. A medição? Está na ponta dos dedos, onde o casal deixa uma unha para realizar o teste em uma máquina que em questão de minutos dá a resposta que define a vida dos pacientes. Um pouquinho de dor, e sangue, para uma vida tranquila ao lado de alguém que você sabe ser sua alma gêmea para todo o sempre. Nada de divórcio, nada de encontros ruins. Legal, certo?

Assim, Na Ponta dos Dedos nos apresenta para a figura de Anna que começa a trabalhar em um desses centros que parece ser aquela pessoa que tem tudo: ela conseguiu o emprego que ela queria, e está já um bom tempo com o marido depois deles terem feito o teste, e tudo parece estar encaminhado para ela. Até que vemos que não é bem assim.  Afinal, as coisas começam a mudar para ela quando ela começa a suspeitar que tenha uma quedinha pelo colega de trabalho Amir (Riz Ahmed).

Assim, o amor teórico é colocado ao lado do amor emocional e vamos acompanhar a jornada de Anna nessa situação que gera momentos engraçados, reflexivos, e que por conta da presença desse trio de atores tem o material elevado pelas essas atuações tão humanas, tão sensíveis e que prendem nossa atenção.

Buckley, como falamos, está incrível aqui em Na Ponta dos Dedos. Ahmed mais uma vez surpreende com uma atuação extremamente boa de se acompanhar e White mostra que realmente é o novo queridinho de Hollywood, mas por que ele é bom mesmo ao conseguir sair da aura criada em O Urso e entregar um personagem indiferente, chato, e que mostra o motivo pela qual a protagonista começa a ter dúvidas desse relacionamento.

Jessie Buckley e Riz Ahmed em cena de Na Ponta dos Dedos. Foto: Courtesy of Apple.

O ar meio retrô, o ar mais fabulesco, os casos que Anna e Amir pegam para trabalhar e que mostram diversos casais em diferentes etapas de seus relacionamentos na medida que eles participam de aulas em francês, as aulas na piscina onde mergulhar avalia o quão eles confiam um nos outros, a parte que os casais pulam de paraquedas.

Todas essas pirações apenas servem para veremos todos eles se submetendo ao trabalho da clínica criada pelo excêntrico Duncan (​​Luke Wilson numa boa participação) deixam o longa ser leve, envolvente, e que abraça o espectador para cair de cabeça nessa história e torcer para esses personagens, independente de quem Anna for escolher. 

Na Ponta dos Dedos é bem mais que uma pura e simples comédia romântica sobre um triângulo amoroso num ambiente de trabalho, é sobre uma história sobre sentimentos humanos e a complexidade deles e os malabarismos que essas emoções fazem com a gente ao longo dos anos e com diferentes relacionamentos.

No final, o que temos é um filme divertido, feito para emocionar e para colocar os casais para refletirem sobre suas escolhas e sobre o que eles querem para si mesmo, e não o que uma máquina ou um algoritmo o diz. Uma grata surpresa no ano marcada  por apaixonantes atuações. 

Filme visto na 47ª Mostra De Cinema De São Paulo.

Nota:

Onde ver Na Ponta Dos Dedos?

Na Ponta Dos Dedos chega no AppleTv+ em 3 de novembro.

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Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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