A longa gestação da série baseada no filme Expresso do Amanhã (2013) parece que finalmente chegou na Netflix, e enfim, partiu para sua viagem inaugural. Depois de um bom tempo em desenvolvimento, mudanças de emissora nos EUA, e quando finalmente a série ficou pronta, estreia no meio de uma pandemia global e num momento crucial sobre como as histórias são contadas e como elas se intercalam com a nossa realidade.
Snowpiercer (Expresso do Amanhã) chega em um momento onde o mundo do entretenimento vem numa trajetória de produções mais intensas sobre desigualdades sociais que pipocam no cinema, TV e no streaming. É o assunto do momento impulsionado por filmes como Coringa (2019), Parasita (2019), e o mais recente burburinho da Netflix, O Poço (2020).
O assunto claro, não é inédito, pelo ao contrario, é contado desde que basicamente o mundo é mundo, mas agora parece que serve como um aviso para situações que a nossa própria sociedade vive, onde aqui é mostrada em menor escala.
E Snowpiercer coloca no papel toda essa necessidade de se falar de injustiças extremas, e parte rumo à sua jornada pelo mundo gelado, onde as pessoas são colocadas a bordo de um gigantesco trem que abriga uma micro-sociedade onde existe a eterna disputa de classes. Snowpiercer conta com dois nomes que se destacam nos papeis principais e que devem movimentar os próximos episódios num grande jogo de xadrez. Os personagens interpretados pelos atores Daveed Diggs, André, o líder dos rebeldes que foram confinados no porão, e Jennifer Connelly, Melanie, como a concierge do trem, estão ali para lutar por aquilo que defendem, cada um a sua maneira.
Snowpiercer parece fazer uma mistura de diversas outras histórias, afinal parece ter o jeitão da franquia Jogos Vorazes, com a opulência dos luxos da Capital contra os moradores do fundo do trem – sem a parte da competição, claro – misturado com o novo Assassinato no Expresso do Oriente (2017) e a parte da investigação de um assassinato no trem.
E basicamente o primeiro episódio faz uma grande apresentação desse novo e compacto mundo, onde Snowpiercer abre a porta do compartimento de cargas, e deixa o espectador adentrar pelos cômodos e vagões do trem para conhecer as relações entre o grupo clandestino que embarcou forçado quando a temperatura da Terra caiu drasticamente após uma tentativa de combater o aquecimento global de dominar o clima no planeta. Parece que não deu muito certo pelo visto?
São 6 anos já abordo do Snowpiercer, inúmeras tentativas de rebelião, onde todas foram dominadas pelas forças policiais do Sr. Wilford. Assim, vemos o grupo de rebeldes na busca de formar novamente um plano para avançar nas cabines do trem, rumo aos vagões principais, e assim, tentar assumir o controle do veículo.
O que parece ser uma dose de esperança acontece quando André (Diggs) tem sua presença solicitada para ajudar na resolução de um caso de assassinato que aconteceu a bordo do trem e é cercado de diversos mistérios.
Assim, as interações entre ele, Melanie, e os membros da força policial começam, na medida que o personagem começa a investigar as pistas, e avaliar se vale à pena ou não ajudar no caso. Fica claro então que a ideia de André é tentar reunir o maior número de informações possíveis sobre o veículo, e como ele funciona, para bolar seu plano, conseguir dominar o trem, e explodir o sistema de dentro, bem The Handmaid’s Tale, não é mesmo?
Snowpiercer, mesmo com alguns efeitos especiais duvidosos, e que dão a impressão de não terem tido tempo de serem renderizados, parece que irá embarcar o espectador numa jornada intensa e interessante de se acompanhar.
Se iremos continuar a viagem, ou pular fora do trem, não sabemos, mas por enquanto a viagem tem sido agradável mesmo que ainda não tenha mostrado para o que veio, onde ainda precisa se afirmar como uma produção única e que não será uma cópia do filme, e graphic novel, na qual foi inspirado.
Snowpiercer (Expresso do Amanhã) está disponível na Netflix. Novos episódios todas as segundas-feiras.
[…] SNOWPIERCER (EXPRESSO DO AMANHÃ) | 1ª TEMPORADA […]