segunda-feira, 25 novembro, 2024
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Everybody’s Talking About Jamie | Crítica: Um coming of age musical colorido e empolgante

“Se eu não dizer isso com frequência, você é a melhor amiga que um garoto que às vezes gostaria de ser uma garota poderia ter…” E a longa, longa jornada que a adaptação da peça Everybody’s Talking About Jamie em filme acaba agora na metade de Setembro. Depois de ter sido aprovado quando Hollywood tinha mais estúdios de cinema do que plataformas de streaming, o longa passou por uma fusão de empresas, uma pandemia que impossibilitou um lançamento nos cinemas, e teve sua estreia incerta durante um bom tempo.

Mas isso termina agora. Ou melhor, apenas começa. Afinal, com o lançamento do longa no Prime Video, todos poderão conhecer a história de Jamie New e todo mundo poderá falar, cantar e se emocionar com a adaptação da história real desse jovem de 16 anos que tem como sonho ser uma drag queen.

Foto: Courtesy of Amazon Studios

Parte coming of age, parte musical teen, Everybody’s Talking About Jamie (2021) entrega um filme espalhafatoso, empolgante e empoderador de se assistir. E sem dúvidas digo que Everybody’s Talking About Jamie é tudo que The Prom da Netflix queria ser e não conseguiu. Aqui ambos os filmes lidam basicamente com um mesmo fio condutor: uma cidade pequena que não consegue ser grande e evoluir em sua visão de mundo. Quando o jovem Jamie (o novato Max Harwood, absolutamente bem escalado) entende que ele quer ser uma drag queen, ele resolve ir para seu baile de formatura como sua persona drag… e é quando as coisas ficam movimentadas na escola que ele frequenta.

“Jamie o garoto que se assumiu duas vezes” diz ele em tom de brincadeira para a sua melhor amiga, e quase única companhia na escola, a jovem estudiosa Pritti (Lauren Patel, adorável) em um dos momentos do filme. E aqui, Everybody’s Talking About Jamie coloca o personagem para sonhar acordado em boas partes do filme, e são passagens que realmente dão um ar mais fantasioso para o longa, onde temos as principais músicas da adaptação, como é o caso de Don’t Even Know It (uma das primeiras do filme) e Work of Art (uma das mais piradas que o filme entrega), e as duas que mostram momentos quando personagem é confrontado pela sua professora srta. Hedge (Sharon Horgan) sobre o que ele quer ser.

E assim, o longa ganha um ar de positividade e empoderamento com o mantra de que Jamie “precisa parar de pedir permissão para ser quem ele é” como afirma sua amiga Pritti, e claro, sua mãe Margaret (Sarah Lancashire, ótima), sua tia de consideração Ray (Shobna Gulati) e claro sua drag mother, Hugo (Richard E. Grant, num ótimo ano) também conhecido como Miss Loco Chanelle.

Aliás, Grant aqui realmente faz com que a produção saia de ser apenas um musical teen para se tornar um verdadeiro filme interessante que talvez um dos principais motivos que o projeto tenha ganhando luz no estúdio anterior, o mesmo que o ator levou sua indicação ao Oscar com o drama Poderia Me Perdoar? (2018). O ator (que deu as caras na série Loki da Marvel Studios), é um dos pontos de destaque e toda vez que aparece em tela – tanto como Hugo ou como sua persona drag – é um show à parte em Everybody’s Talking About Jamie.

Foto: Courtesy of Amazon Studios

Uma das cenas mais interessantes e que deveria, novamente, levar o ator e o filme para a temporada de premiações, sem dúvidas, é quando Hugo dá uma aula de Herstory para Jamie e conta sobre o quão político e importante para os direitos LGBT as drag queen foram. Ao contar a história por uma fita VHS, embalado pela a tocante This Was Me, e narrar a trajetória de Miss Loco Chanelle pelos anos 80 e 90, Grant realmente entrega uma das mais poderosas atuações do longa. E uma que impressiona, afinal a arte drag é “muito mais do que apenas um programa de TV” conclui o jovem Jamie na cena seguinte.    

As músicas de Dan Gillespie Sells ajudam e muito a contar essa trama, afinal, os personagens cantam suas emoções para o público como um bom musical. Em Everybody’s Talking About Jamie não parece que eles estão em um palco, e sim realmente num grande filme musical, o que realmente ajuda na dramatização da história. É como se Everybody’s Talking About Jamie fosse um grande Sex Education só que com música, e sem toda a parte do sexual que a série britânica da Netflix apresenta. Os personagens são extremamente interessantes, tem um sotaque inglês muito forte e tudo ajuda, desde da composição dos figurinos, até as locações e tudo mais, a dar um charme para a história que quer ser contada. 

“Gongue eles primeiro antes que eles te gonguem” diz Hugo em uma das cenas para Jamie quando o rapaz visita sua loja. E claro, assim como a vida, e principalmente como a vida de um jovem LGBT, nenhum tudo são flores, glitters, lip sync de cantoras pop. Everybody’s Talking About Jamie tem um forte começo, alto astral, divertido, onde vemos que Jamie não é um garoto tímido que precisa sair do armário para seus colegas, ele já está fora dele, e orgulhosamente anuncia isso para quem quiser ouvir, principalmente para o colega Dean (Samuel Bottomley) que toda vez que pode pratica bullying e ofende o rapaz.

Foto: Courtesy of Amazon Studios

Mas um dos grandes arcos da produção, e um que deixa Everybody’s Talking About Jamie com uma carga dramática maior e que contrasta demais com as primeiras partes do longa, é fato da relação entre Jamie e seu pai Wayne (Ralph Ineson) que aqui é tão inexistente quanto uma sobrancelha verdadeira de uma drag queen. Wayne não aceita o filho e deixou a esposa e o garoto quando ele era criança. O texto de Tom MacRae e Dan Gillespie Sells trabalha esse tópico de uma forma bem interessante para ajudar a contar os percalços na trajetória que Jamie enfrentou na sua vida e as passagens que Jamie tenta uma forma de se reconciliar com o pai, onde temos a incrível He’s My Boy, são momentos que realmente dão um senso de realidade para o longa para não cair no lugar fácil e dizer que tudo são cores, pois não é. 

No final, Everybody’s Talking About Jamie entrega um filme inspirador, colorido e divertido sobre a busca de sua identidade e de quem, não só o protagonista é, mas de todos os outros personagens que o filme apresenta. Todos ali estão em busca de se encontrarem como pessoas. Afinal, com 16 e pouco anos sabemos realmente o que queremos ser.

O que eu sei é que Everybody’s Talking About Jamie é o must-watch do Prime Video pelos próximos dias e um filme que merece a sua atenção, afinal, “ele tem o estilo, ele tem o gingado que te fará sorrir…”

Avaliação: 3.5 de 5.

Everybody’s Talking About Jamie chega em 17 de setembro no Prime Video.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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