Jogos Mortais está de volta! Mas você iria jogar esse jogo mesmo se Jigsaw te obrigasse? Fica a questão. Espiral – O Legado de Jogos Mortais (Spiral: From the Book of Saw, 2021) é novo capítulo da franquia (é o 9º filme, o que é isso? Velozes e Furiosos?) que chega aos cinemas nacionais depois de um belo desempenho nos cinemas americanos.
Com uma ideia de Chris Rock, e o comediante no papel principal, o novo Jogos Mortais entrega um filme muito mais violento e sanguinário do que seus antecessores, mesmo que aqui Espiral – O Legado de Jogos Mortais esteja mais como um capítulo à parte, e um que pretende iniciar uma nova aba dentro da franquia de terror que há anos vem por convidar as pessoas a jogarem esse mortal jogo e por assistirem o filme.
O roteiro da dupla Josh Stolberg e Pete Goldfinger se destaca em conseguir deixar o filme com um aspecto mais gore, com mais sangue jorrando em tela, mas ao mesmo tempo a dupla eleva as cenas dos assassinatos para um tom mais violento – aqui temos lingua arrancada da boca antes que um trem em movimento possa passar em cima da vítima, sangue drenado do corpo de uma delas e dedos puxados do corpo por um instrumento de tortura – o que dá uma certa impressão que eles não pouparam esforços para chocar, mas também parece que a dupla esquece de melhorar todos os outros aspectos do filme, e falham ao trabalhar nessa construção desse novo cenário onde um novo assassino serial com gosto para matanças e charadas atua.
E além do mais, os outros personagens, e basicamente todos da força policial que investigam o caso, deixam a desejar. Principalmente a dupla de detetives, o detetive veterano Zeke Banks (Chris Rock, pode ficar no stand-up e na comédia) e o novato William Schenk (Max Minghella) que tentam fazer a sacadinha da dupla de policiais em que um é durão e o outro mais bonzinho e que só quer aprender o ofício, onde eles não se dão bem no começo e depois precisam trabalham juntos para desvendar o caso.
São poucas cenas que não envolvem os personagens se ferrando em tela que realmente valem a pena em Espiral – O Legado de Jogos Mortais. Seja quando Schenk e Banks precisam trabalhar juntos no caso e mostram suas diferenças de personalidades, ou quando eles abusam das cenas policial veterano, policial novato, que acabam por serem engraçadas de certa forma. Mas de resto, todo o mistério criado em volta dessa nova figura máscara, agora um porco, que caça e mira policiais corruptos, não cola. É tudo muito fraco, as reviravoltas você vê de longe acontecerem, e eu assisti o filme todo com um bico gigante pensando: Gente não é possível que vai ser isso? E foi.
Nem a presença de Samuel L. Jackson que normalmente tá sempre bom no que faz ajuda. Seu personagem é sem graça, caricato e parece que tenta ser mais engraçado que o personagem de Rock, como se os dois estivessem em uma competição para ver quem é a maior estrela do filme. Talvez se fosse uma série procedural na plataforma da Lionsgate, o Starz, esse projeto se saísse melhor.
Para os fãs da franquia nos cinemas, Espiral – O Legado de Jogos Mortais pode até agradar, o longa tem suas famosas buscas pelas pistas que convidam o espectador para jogar o jogo junto com os personagens dos detetives que saem pelas ruas na busca dos símbolos de espiral na tentativa desvendar a charada que está intrinsecamente conectada com os passados pouco explorados deles todos.
O problema é que o roteiro acaba por ser tão fraco e mal trabalhado que nós como espectadores acabamos por resolver tudo antes do filme terminar e então precisamos ficar para assistir aquilo tudo ainda e falar: é isso, não falei? É o fulano que morreu, é o beltrano escapa, é a pessoa tal que é o policial corrupto que vai trair a corporação e etc.
No final, Espiral – O Legado de Jogos Mortais faz uma espiral de cenas de que já foram anunciadas que iam acontecer há muito tempo, e que mesmo com provas e desafios mais pesados e visualmente mais impactantes do que antes, esse novo filme pouco consegue deixar o legado de Jogos Mortais vivo.
Espiral – O Legado de Jogos Mortais chega com sessões antecipadas em 10 de junho pela Paris Filmes.
O Arroba Nerd viu o filme em uma sessão para jornalistas feita pela Paris Filmes que seguiu todas as regras e recomendações das equipes de segurança.
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