Os atores Renata Vaca e Diego Calva tem aparecido em diversas produções grandes em Hollywood nos últimos anos. Você já deve ter visto eles por aí em produções no cinema e que depois chegaram no streaming. Ela atuou no último filme da franquia Jogos Mortais, o 10º, lançado em 2023. Já ele, atuou em Babilônia, o frenético longa do diretor Damien Chazelle que tinha também os A-listers Margot Robbie e Brad Pitt no elenco.
E depois de trabalharem juntos no longa City of Dreams, os dois estrelam Família da Meia-Noite, a nova produção mexicana do AppleTV+ que chega agora em Setembro na plataforma.
São 10 episódios dessa série de drama que é inspirada no documentário de mesmo nome do diretor Luke Lorentzen que foi lançado em 2019. O documentário acompanha a família Ochoa, que administra uma empresa particular de ambulâncias. Já na série ficcional, a trama acompanha a personagem Marigaby Tamayo (interpretada por Vaca), uma ambiciosa e talentosa estudante de medicina durante o dia, que passa suas noites salvando vidas na ampla, cheia de contrastes e fascinante Cidade do México a bordo de uma ambulância pertencente à sua família. Junto com seu pai Ramón (interpretado por Joaquín Cosío) e seus irmãos Marcus (interpretado por Calva) e Julito (interpretado por Sergio Bautista), eles atendem milhões de pessoas ao longo dos dias e enfrentam emergências médicas extremas para ganhar a vida.
Da showrunner Natalia Beristáin, a atração foi criada por Julio Rojas e Gibrán Portela, e a dupla bateu um papo com o site sobre os principais desafios da atração, contaram bastidores e tudo mais.
Confira:
Vocês estiveram em grandes projetos de Hollywood nos últimos tempos. Seja lutando contra o Jigsaw em Jogos Mortais 10 ou atuando ao lado de Margot Robbie e Brad Pitt. O quão diferente, e também o quão similar, é trabalhar em projetos assim comparado com uma série de TV (para o streaming) como Família da Meia-Noite?
Renata Vaca: Eu acho que mesmo que você esteja trabalhando nos EUA, em Hollywood, México, Argentina ou em qualquer lugar do mundo, a coisa mais importante, e a coisa que realmente conecta tudo, são as pessoas. As pessoas que querem contar suas histórias e transmitir suas mensagens. Eu acho que no final do dia, todos nós somos iguais, independente de onde viemos, eu não sei se é tão diferente assim. Talvez, um filme tenha mais orçamento ou mais possibilidades, mas no final do dia: são pessoas querendo contar histórias.
Diego Calva: Sim, nós falamos a mesma língua de certa forma. E é a linguagem dos filmes e da narrativa. Foi como Renata disse, e para mim é a mesma coisa, cada projeto tem uma natureza diferente, mas, no final das coisas, todos nós queremos a mesma coisa que é contar a história e, para nós, atores, você tem sentir. Então, não existe uma língua que você possa sentir, seja falando em inglês ou em espanhol, você apenas sente.
Como foi para vocês gravaram as cenas dentro da ambulância, onde a série se passa em boa parte do tempo. Fiquei muito curioso ao ver a série, se era uma ambulância real, ou se era uma ambulância que foi adaptada para caber todos vocês junto com a produção da série? Como foi?
Renata Vaca: Nós tínhamos 3 ambulâncias, tipo 3 ambulâncias diferentes e elas era um pouco diferente uma das outras. Uma era menor, a outra era um pouco mais diferente, já a outra tinha uma que aberta que poderia ser filmada do lado de fora. Então, eram todas diferentes, e nós tivemos que aprender algumas coisas, algumas aulas, algumas lições de ambulâncias, com elas em movimento. E foi muito difícil, por que você tem que tomar conta do paciente, você tem que achar um lugar para segurar, colocar a perna, num lugar, ou seu braço. Seja lá o que onde você achar. Mas é muito difícil estar em uma ambulância e um apenas imagino como na vida real os paramédicos reais conseguem trabalhar nela. E os admiro muito por isso.
Diego Calva: E honestamente, para mim, o espaço muda tudo. E a nossa showrunner, Natalia, tomou boas decisões. Ela tomou uma decisão muito boa, por que existem poucas cenas que gravamos em estúdio. Por exemplo, quando a ambulância cruza por toda a Cidade do México, nós fizemos isso, nós estávamos lá mesmo, no meio da rua mesmo, meio da noite. Então foi uma coisa muito contagiante. Esse tipo de adrenalina. Então o espaço é importante. E como Renata disse, nós tivemos três ambulâncias. Uma que a câmera gravava dentro, outra uma ambulância de verdade, sem nada. Para nós atores é muito importante encontrar a realidade nas cenas. Se você estiver cercado de coisas reais, é mais fácil para atuar, e você tem que atuar menos.
Família da Meia-Noite é uma série ficcional baseada no documentário do diretor Luke Lorentzen. Vocês assistiram o documentário antes para se prepararem para a série? Ou vocês preferiram não ter contato com o original e só se prepararam com os roteiros que receberam? Como foi?
Renata Vaca: Eu vi o documentário alguns anos atrás, bem antes que eu soube que iriam fazer a série. Eu vi e fiquei apaixonada e depois nós tivemos a oportunidade de conhecer o diretor. Ele veio no set um dia e falamos com ele. Ele ficou muito impressionado com tudo e eu tava muito impressionada ainda com ele ter feito o documentário. Afinal, é um doc incrível. Eu acho, acho que vou rever agora que fizemos a série.
Diego Calva: Foi a mesma coisa comigo. Eu assisti alguns anos atrás e acho que foi uma decisão muito boa minha por que no final nós estamos fazendo ficção e mostramos nossa realidade sobre o documentário. Mas nós não somos os Ocho. Nossos personagens são baseados neles, então eu estou feliz que não tentamos replicar ou fazer a mesma coisa, por que nós devemos uma nova vida para essa nova família e acho que isso foi muito legal.
Diego, em um dos episódios da série, Marcus, seu personagem, canta um pouco de rap, e faz algumas rimas com um outro personagem. Sem querer dar spoiler, mas como foi para você aprender a rimar? Ou veio naturalmente para você cantar daquele jeito?
Diego Calva: Olha te falar que a parte mais fácil foi escrever mesmo. Eu gosto e perguntei para o time de produção, para os diretores e para Natalia se eu poderia escrever minhas próprias letras e eles falaram que sim. Então eles me colocaram com uma compositora, um rapper de verdade e com um produtor musical. Mas eu nunca tinha cantado antes. A Renata aqui é uma cantora de verdade, mas comigo eu só senti mesmo.
Eu tenho ouvido hip hop e rap minha vida toda. Eu peguei meu skate e não parei de ouvir, tipo literalmente todos os dias. Eu tentei dar o meu melhor. Foi uma das coisas mais difíceis, uma das partes mais difíceis, de um projeto como esse foi ter essa liberdade e cantar na frente das pessoas. Eu posso pilotar uma ambulância, posso salvar alguém, atuar junto com Margot Robbie e Brad Pitt, mas cantar na frente das pessoas? Uau. Difícil.
Uma das coisas mais legais de Família da Meia-Noite é que é sem dúvidas uma série mais dramática, mas não deixa de ser também meio melodramática que é a característica das produções da América Latina em geral. Vocês conhecem alguma novela Brasileira?
Renata Vaca: Eu acho que não vi nenhuma novela brasileira. Mas eu já vi algumas mexicanas e elas são bem melodramáticas mesmo. Muito intensas, sim, e eles usam os ângulos uma forma que não sei dizer.
Diego Calva: É, eu concordo. Nós aqui na América Latina temos um ponto de vista mais melodramáticos. Essa é forma de viver!
E Renata, no começo da temporada vemos que sua personagem tem um casinho romântico com um professor na Universidade e ao mesmo tempo vemos ela notar um interessante por um outro colega de classe. Quando você leu os roteiros? Você torceu para a Marigaby ficar com quem em particular?
Renata Vaca: Nossa, agora você me pegou. Que pergunta boa. Eu tenho um sim. Claro, o Bernardo [Itzan Escamilla da série Élite]. Eu acho que o Bernado por que eu acho que o personagem é mais honesto, mais cabeça aberta e tranquilo. O médico, tipo eu gosto dele, também, mas acho que Bernardo é mais verdadeiro, e tipo eles tem a mesma idade sabe? Particularmente, eu já estive em um relacionando com uma pessoa mais velha que eu eu acho que é melhor ter alguém da sua idade sabe? Eu acho, para mim eu acho que é melhor.
Para finalizar, sabemos que o AppleTV+ é um serviço de streaming global e que a série vai passar em diversos países. Mas qual é a importância, para vocês, que uma série como Família da Meia-Noite vai ajudar a melhor a representatividade latina em Hollywood.
Diego Calva: Eu acho que uma parte importante de representação, não é só contar histórias latinas e sim latinos contarem suas próprias histórias para o mundo. E isso vai mudar tudo para nós. Nós estamos acostumados a ver as favelas do Brasil, a coloração no México com esse filtro meio desertico e sépia, tipo com coloração de cor, mas somos muito mais que isso. Nós somos pessoas. Nós temos que ver, ou sermos vistos, por aquilo que somos, nossas ruas e pessoas. Eu acho que representação não é sobre estar em tela, e sim, nos colocar acima dela.
Renata Vaca: Concordo com o Diego. 100%. Eu acho que é um exemplo para jovens atrizes. Quero dizer quando eu era criança, eu sempre quis fazer parte desse mundo. Sabe? E ter a oportunidade de fazer isso, e agora que eu estou aqui, eu espero que possa ser um tipo de imagem para quem ver e saber que é possível. Sabe, se você for uma jovem criança latina que queria ser um ator/atriz você pode ser. Mesmo que você tenha crescido no México, ou no Brasil, na Colômbia, você pode fazer acontecer. Então sim, eu acho que isso abre portas sim e para nós é importante ver pessoas que sonham estar aqui saberem que é possível.
Completam o elenco os atores Óscar Jaenada, José María de Tavira, Itzan Escamilla, Mariana Gómez, Dolores Heredia e também Yalitza Aparicio.
Assista o trailer:
Família da Meia-Noite chega na quarta-feira, 25 de setembro no Apple TV+, com os dois primeiros episódios, seguidos por um novo, semanalmente, até 20 de novembro.
