domingo, 22 dezembro, 2024
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“Quanto mais convincente, quanto mais familiarizado que tivéssemos com isso, com os termos médicos (…) melhor.” afirma Claudia Abreu em bate-papo sobre a série médica Sutura

A nova série nacional do Prime Video, chamada Sutura, é um drama médico daqueles de ficar colocado na tela para saber o que vai acontecer.

A trama conta a história de Ícaro (Humberto Morais), um jovem da periferia de São Paulo, recém-formado em Medicina, que não pode fazer a sua residência médica por conta de uma dívida contraída durante a faculdade e da Dra. Mancini (Cláudia Abreu), uma cirurgiã de sucesso recém-saída de um trauma, atormentada por tremores nas mãos, que quer voltar a operar em um hospital que uma vez ela liderou o departamento médico.

A única solução que encontram para resolverem seus problemas é atuar como médicos em uma clínica clandestina no subsolo do hospital. A parceria inusitada entre os dois, dá início a uma perigosa vida dupla, onde além de salvar vidas, os dois precisam tentar salvar as suas.

Em entrevista para o site, os atores Claudia Abreu e Humberto Morais falam sobre seus personagens, os principais desafios de fazer a série juntamente com os diretores Gustavo Mello e Jéssica Queiroz que contam curiosidades de bastidores do drama médico que estreia no streaming.

Confira:

Claudia Abreu e Humberto Morais em cena de Sutura. Foto:  © – Todos os direitos reservados a Boutique Filmes – All Rights Reserved
  • Uma das cenas mais bacanas dos primeiros episódios de Sutura é quando vemos o Ícaro, e a Dra. Mancini no elevador e ele fala para: “Eu preciso da sua ajuda aqui em cima, mas quem precisa da minha lá embaixo é você.”

E eu achei que que diz muito sobre a dinâmica, e até mesmo a relação de poder, entre os dois personagens. Claudia, Humberto, como foi para vocês trabalharem nessa relação entre os dois personagens, uma vez que quando a história e foco do episódio muda, muda também?

Claudia Abreu: Eu acho que é uma relação muito interessante realmente [entre eles]! Assim que primeiro que eles se unem através do desejo de salvar vidas que é a premissa básica da Medicina, né? Eles são apaixonados por medicina e medicina é exatamente salvar vida e seja de maneira oficial, né? Ou de maneira clandestina, já que você não vai negar salvar uma vida, né?

Outro dia eu vi que uma pessoa morreu na porta de uma UPA, de um hospital assim, acho que era uma UPA, um desses postos de saúde e que os médicos viram que a pessoa tava passando mal, e falaram “Não, a gente não pode pegar alguém na calçada!” Entendeu?Então. assim, isso é anti Medicina, né? Acho que eles se unem muito por essa cumplicidade de os dois serem apaixonados pela medicina e pela vida. E também, de certa, maneira, eles tem uma certa dependência entre eles, no sentido que ele percebe o tremor na mão dela e comenta também no elevador inclusive “O hospital inteiro tá comentando que você vai voltar a operar hoje e que você tá voltando.” e meio que é ele dizendo “Eu vi o temor na sua mão”. E ela se sente absolutamente desmascarada dentro do seu segredo, uma coisa tão íntima.

E ao mesmo tempo, ela também sabe que ele tá irregular na residência, e então, eles dois de alguma maneira, se unem, para salvar uma vida, por um bem comum, e acabam por serem cúmplices de uma situação que não tem fim. Porque agora eles estão na mão do crime, lá da chefe do tráfico. Eles não têm como sair dali, mas curiosamente a Mancini aceita essa situação e o Ícaro não, a princípio, porque eu acho também que ela existe uma revolta dentro dela também sobre o que tão fazendo com a medicina lá, oficialmente, no hospital que tão usando de hotelaria e que estão desvirtuando do sentido básico de que é investir em melhorias para a própria medicina e não para aparência do hospital. Ela tem muitos questionamentos. Então eu acho que mesmo que inconscientemente isso conta muito. É um posicionamento dela a favor da Medicina e também dela se salvar por que curiosamente ela está mais confiante na informalidade da medicina e para [voltar] a operar lá embaixo e treinar para para ganhar confiança lá em cima, né? São várias camadas, que que fazem com que ela vá para para essa situação.

Humberto Morais: Ainda sobre essa história da UPA, eu também fui no postinho na semana passada e tinha uma mulher desacordada na rua. E aí entraram uns adolescentes e falaram “Olha, tem uma mulher tá acordada ali na rua. A gente tem que ir embora, mas vocês tem como pegar elas?” e eles falaram “Não, não tem como” e eles levaram essa mulher desacordada para dentro. E dentro do postinho, eles podiam atender.

Mas sobre Ícaro e Mancini, eu tenho certeza que eles não conseguiriam não atender lá na calçada mesmo essa pessoa e eu acredito que um dos primeiros casos da série é assim, né? Eu acho que nessa trajetória que você falou das relações deles, eu acho que eles vão entendendo que eles são mais parecidos do que eles imaginam assim. Acho que eles acham que eles são diferentes, mas eles vão encontrando onde um quer ajudar o outro, onde um olha para o outro, enfim, eu acho que essa relação vai azeitando com o tempo, onde no começo é bem áspera aí depois, a gente vai entendendo um pouco mais sobre eles.

Claudia Abreu em cena de Sutura. Foto: Adriano Vizoni/Pivô Audiovisual  © – Todos os direitos reservados a Boutique Filmes – All Rights Reserved
  • Diego e Jéssica, acho que a pergunta principal para vocês seria sobre as locações! A série se passa em São Paulo, mas sinto que vocês utilizaram diversos locais para criarem esse hospital? Da fachada do prédio, as cenas nas escadarias da área exterior, e o interior com os quartos, o elevador, o subsolo?

    Foi tudo criado em estúdio? Como foi chegar na estrutura desse local que de certa forma acaba por ser também um personagem da série?

Gustavo Mello: Então, sobre o hospital, a maior parte do hospital, tivemos diversas locações né? Então a gente alugou um prédio, né? Que é um prédio comercial que tava completamente vazio e usamos parte das estruturas que são tipo as janelas, o teto, o piso e daí a arte [o departamento de arte], construiu tudo, totalmente. O hospital foi totalmente construído, todos os corredores, a UTI, o PS, o quarto dos pacientes. Foi um trabalho de cenografia bem primoroso e bem extenso, assim, da direção de arte. Então tudo aquilo não é de verdade.

Já a fachada, fomos para uma outra locação, e acabou por ser uma mistura de três lugares. Tivemos um prédio, o estúdio, digamos assim, tínhamos a fechada que é uma locação, aqui, no centro de São Paulo, perto da Av. Paulista, e o interior do subsolo, tanto do necrotério, e da sala secreta, a arte fez uma cenografia dentro de um outro galpão.

Então foram três lugares que ajudaram a montar esse quebra-cabeça que é o Hospital São Dimas, visto na série.

Jéssica Queiroz: Eu acho que uma coisa que vale falar também é que aqui na série, é que São Paulo [a cidade de] também é um personagem né? Então acho que São Paulo é esse lugar que costura essa diferença de status, digo de status sociais, por isso que vemos bastante de São Paulo na série, por que ela faz parte dessa desigualdade. Uma outra coisa que eu acho legal de se falar sobre o cenário, a nossa diretora de arte, a irmã dela é cirurgiã, então várias coisas ela perguntava para ela, levou a irmã dela quando o cenário estava em fase para ser construído e falou assim: Aí vem ver! E ela: Tá aprovado! Tá parecido mesmo.

Então estamos cercados de consultoria em todos os lugares e isso foi ótimo.

Humberto Morais e Claudia Abreu em cena de Sutura. Foto: Fabio Braga/Pivô Audiovisual.  © – Todos os direitos reservados a Boutique Filmes – All Rights Reserved
  • É mais difícil tentar entender os procedimentos médicos lendo o roteiro ou tentar dizer eles com a entonação certa e de uma forma natural?

Claudia Abreu: Fizemos uma preparação bem consistente mesmo. Para tudo aquilo ficasse realmente natural para gente, sabe? Não era só fazer a sutura de maneira convincente, mas também os procedimentos médicos mesmo. Como mexer nas coisas, até mesmo falar os casos médicos né? Logo no início, eu não sei se é no primeiro episódio, acho que é no primeiro episódio, eu tenho que fazer como se fosse um arguição com os residentes.

E é sobre como cada deles, o que faria numa situação de diagnóstico…. então foi uma preocupação nossa mesmo. Para que não parecesse que estávamos alienados nesse universo. Quanto mais convincente, quando mais familiarizado que a gente tivesse com isso, com os termos médicos, com os casos médicos, e os procedimentos médicos melhor.

Humberto Morais: No meu caso, em particular, falar foi mais difícil. Por que na hora do procedimento, de tentar entender, o Diego, sempre falava para mim: “Olha, calma, calma que vai dar tudo certo, a gente vai ver.” Só que falar era comigo né? Falar era minha responsa. Então, para mim foi mais complicadinho, por que, como a gente teve muita consultoria médica para acabar fazendo, acaba sendo, como a Claudia falou, de treinarmos muito, muito, muito. O falar mesmo que foi complicado.

Gustavo Mello: Só para complementar o que eles falaram, o que eu acho mais legal, na verdades, nas cenas de procedimentos, é que eu via muito que trabalhávamos como uma coreografia né? O que precisamos entender daquele caso médico, aquela cirurgia, e era preciso coreograr tudo que acontecia né? E isso foi um trabalho exaustivo de pré [produção] para realmente aquilo fazer sentido e ser crível. Então com toda a ajuda da consultoria médica, no final, toda cirugia foi como se fosse uma coreografia de certa forma né?

Então isso foi um ponto nosso de atenção. A Dra. Cecília Fernandes Martins que é a chefe de consultoria médica, ela acompanhou tudo, desde da pré-produção. Na verdade foi antes, ela acompanhou a fase de roteiro, de pré-produção, de filmagem e pós-produção. Foi uma coisa super detalhada, essas cenas que envolviam técnicas cirúrgicas sabe? Assistíamos o casal real, ela mandava, uns casos dela, “olha hoje eu fiz essa cirurgia aqui que vai ser uma do episódio 2, a gente via junto, e depois a equipe de maquiagem, de efeitos, de próteses, de mock-up. Então, todas as cenas de procedimentos cirúrgicos tínhamos consultorias e dublês e era tudo de verdade. Mas quando você via a Dra. Mancini e o Ícaro fazendo as suturas eram as mãos deles mesmo que tava lá.

O elenco ainda conta com Juliana Paiva, Gabriel Braga Nunes, Danilo Mesquita, Lara Tremouroux, Leopoldo Pacheco, Naruna Costa, Elzio Vieira e Yara de Novaes. 

Diego Martins cuidou da direção geral da atração. Jéssica Queiroz cuidou da direção de episódios. Gustavo Mello e Zasha Robles são os showrunners.

A produção ainda conta com a consultoria médica da Dra. Cecília Fernandes Martins.

A história foi criada por Fábio Montanari, escrita por Marcelo Montenegro, com desenvolvimento de Marcelo Montenegro, Gustavo Mello e Zasha Robles, e roteiros de Donna Oliveira, Fernanda D’Umbra, Marcelo Montenegro, Fábio Montanari e Victor Rodrigues, com colaboração de Santiago Roncagliolo.

Confira o trailer:

Sutura chega em 22 de novembro no Prime Video.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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