O jogo começou. Mais uma vez. E é ela, Enola Holmes que está à frente mais uma vez da investigação. Uma sequência para o agradável Enola Holmes lançado em 2020 era quase uma certeza, na medida que ficou claro para a produtora Legendary que eles tinham uma possível franquia nas mãos depois de um lançamento na Netflix. Afinal, o primeiro filme foi liderado por uma das queridinhas de Hollywood, a atriz Millie Bobby Brown, e ainda contava com um elenco formado por Henry Cavill, Helena Bonham Carter, Fiona Shaw, entre outros. E elementar meus caros leitores, as pistas estavam aí, e claro, agora, anos depois temos Enola Holmes 2.
Mas qual caminho seguir para uma sequência? Expandir o universo criado, é claro. É a fórmula de qualquer franquia. E aqui, com Enola Holmes 2 , digo, com total certeza, que temos um dos raríssimos casos em que a sequência é melhor que o filme original. Enola Holmes 2 não só é melhor, mas entrega um caso mais interessante, e muito maior do que vimos no primeiro filme. Talvez pelo fato que Brown esteja mais confortável no papel mesmo que entregue o mesmo charme visto do primeiro filme (a quebra da quarta parede continua!), mas também que o roteiro de Jack Thorne (que retorna aqui do primeiro filme ) talvez tenha ganhado mais liberdades para usar conceitos, ideias, e até mesmo personagens para incrementar a história da sequência.
Talvez seja por conta do processo que a Netflix chegou em acordo com os descendentes de Arthur Conan Doyle, a trama de Enola Holmes 2 é uma expansão convidativa, divertida e cheia de pistas para serem solucionadas como uma boa história Sherlock Holmes, aqui focada em Enola Holmes, sua irmã, e agora, colega detetive, mais uma vez.
Enola Holmes 2 nos entrega essa nova história de uma forma muito bacana para os fãs de mistério, aumenta a participação de Sherlock na trama, e Cavill realmente se mostra na sequência uma decisão de escolha para ser o personagem muito mais acertada agora que houveram essas mudanças. Definitivamente, Cavill aproveita seu tempo de tela, e garante que passamos bons momentos com essa versão de Sherlock, uma muito melhor que a de Robert Downey Jr. por exemplo.
Mas claro que a estrela de Enola Holmes 2 é Enola Holmes que aqui ganha um caso muito mais interessante, mesmo que um pouco complexo, para investigar. Brown se destaca sem dúvidas, mesmo que a dinâmica que a jovem atriz e Cavill criam para esses irmãos detetives só beneficia a sequência, afinal, Enola Holmes 2, como falamos, faz uma história Sherlock Holmes em sua essência.
Temos o tal caso, que se apresenta com boas reviravoltas, e claro, vilões com motivações ocultas que só são desvendadas no final do filme, como uma boa história de detetive. E tirando a parte da investigação que continua igual do primeiro filme, em Enola Holmes 2 é sentida a mão da Netflix, e a sequência parece ter sofrido de uma “Bridgertonização” (sim, essa palavra não existe), menos a parte dos tórridos romances, afinal, o tom mais jovem adolescente que Brown agora imprime para Enola é o que deixa o longa muito interessante na medida que a história coloca Enola no ambiente mais desafiador de todos para uma jovem independente e “para frente” como ela: a alta sociedade inglesa.
Enola Holmes 2 dá um desafio à altura para nossa protagonista, e também para seu irmão detetive, na medida que ambos exercem a função e veem seus novos casos se entrelaçaram com “pontas soltas” que precisam ser investigadas.
Assim, conhecemos a garotinha Bessie (Serrana Su-Ling Bliss) que pede ajuda para Enola para procurar sua irmã mais velha desaparecida, onde a jovem detetive começa a investigar e entra disfarçada na fábrica de fósforos da família Lyon e conhece uma nova realidade. E isso só não dá para Brown a chance de brincar com uma nova persona para Enola, que se disfarça em diversos ambientes durante a investigação, mas também dá a chance para Brown nos entregar novas peripécias para a personagem na medida que as pistas do caso são investigadas.
O mais interessante de Enola Holmes 2 é a forma como tudo, as conversas, os cenários, e os personagens, servem para ajudar o espectador a montar essa charada junto com Enola, na medida que o sentimento de conspiração aumenta quando a detetive começa a se infiltrar cada vez mais nessa história. A trama passa de apenas ser um desaparecimento de uma jovem para estarmos envolvidos com um possível caso de corrupção no governo e na alta sociedade inglesa, onde temos Enola por interagir com o filho do dono da fábrica, o jovem Lorde Williem Lyon (Gabriel Tierney), a jovem socialite Cecily (Hannah Dodd), o Ministro do Tesouro (Tim McMullan) e sua secretária srta. Troy (Sharon Duncan-Brewster), e o superintendente da polícia Sr. Grail (David Thewlis, ótimo).
Assim, o filme ganha novas, e mais perigosas, camadas para esses personagens. E é claro que para ela também é a chance de estar mais perto do Lord Tewkesbury (Louis Partridge), seu crush do filme anterior, onde essa trama avança e contribui para o lado mais Bridgerton que o filme possui e citado acima.
Outros personagens do filme anterior também retornam, como a mãe Eudora (Helena Bonham Carter) e Edith (Susan Wokoma), onde ao lado de Enola fazem uma das melhores cenas do filme, e se juntam com novos, e extremamente, importantes personagens para o desenrolar da trama, e da franquia, que dão as caras aqui de formas surpreendentes, e ajudam a construir esse Universo Sherlock Holmes na Netflix.
Assim, o caso apresentado, essa construção de mitologia e a presença carismática de Brown e Cavill em seus papéis, apenas deixam Enola Holmes 2 com um gostinho de quero mais disso tudo muito grande. É um retorno no ponto que nos dá tudo que esperamos para uma nova aventura detetivesca de Brown como Enola.
Enola Holmes 2 chega em 4 de novembro na Netflix.