O Arroba Nerd foi convidado pelo Prime Video para participar de um evento virtual sobre o seriado Dead Ringers que no Brasil recebe o título de Gêmeas: Mórbida Semelhança.
Estrelado pela atriz Rachel Weisz, que interpreta as irmãs Mantle, o seriado acompanha as duas profissionais de sucesso mais brilhantes e extraordinárias já vistas no mundo médico. Idênticas dos pés a cabeça, essas médicas estão em missão para mudar as consultas neo-natais em seu escritório em Manhattan.
Assim, iremos acompanhar as duas trabalharem com experimentos pioneiros, mas ilegais, e também navegarem suas vidas pessoais e sexuais.
Weisz atuou como produtora executiva do seriado ao lado de Alice Birch que trabalhou na série Normal People.
No evento que o ArrobaNerd participou as duas falaram da atração, responderam perguntas dos participantes e comentaram o que os fãs podem esperar do seriado que chega no dia 21 de abril no Prime Video.
Confira o bate-papo com a dupla e o trailer da atração.
Sabemos que o seriado é sobre as irmãs Elliot e Beverly Mantle que são gêmeas e que basicamente dividem tudo. Vocês poderiam falar sobre o que significa no seriado elas serem tão conectadas e os perigos dessa co-dependência?
Alice Birch: O fato que elas nunca passaram uma noite sozinha uma da outra já diz muito sobre o tipo de psicologia que vamos lidar aqui. Mas, é uma relação muito intensa e elas se amam muito e de uma forma muito profunda. Eu acho que elas meio que sentem tudo, uma pela outra, de uma forma muito profunda o que nos leva para situações muito mais perigosas.
Qual é a relação que vocês tem com o filme original? [O seriado é inspirado no filme de mesmo nome lançado em 1988 que foi estrelado pelo ator Jeremy Irons e dirigida por David Cronenberg] Vocês eram fãs? O que mais sobre o filme marcou vocês?
Rachel Weisz: Eu sou uma grande fã do filme original de Cronenberg. Do primeiro momento que eu vi, eu nunca mais esqueci.
Alice Birch: Eu poderia dizer que eu andei meio obcecada por esse filme. Sou uma grande fã. Eu não tinha visto antes de ser abordada para trabalhar nesse projeto, então eu sentei para assistir, e assisti de novo, mais uma vez, logo quando acabou. Foi, extraordinário.
Como vocês abordaram trazer a trama do seriado para os tempos atuais e o que inspirou vocês a terem uma abordagem onde agora temos duas protagonistas?
Alice: Eu acho que muitas coisas. Eu acho que é muito interessante contar essa história com duas mulheres no centro de tudo. Mas não sei, Rachel e eu sempre tivemos conversas sobre [o projeto] e nós falávamos: “Ok, bem, agora que os personagens são mulheres, o que isso muda?”
E é claro que muda, muda tudo, mas ao mesmo tempo muda nada. Era isso que eu queria que fosse… que fosse tão divertido e tão selvagem quanto o filme e que deixássemos a série seguir sua própria direção.
E fazer a história se passar no universo médico, particularmente focado em obstetrícia e ginecologia, me pareceu muito correto em termos de narrativa, e de como contaríamos essa história. E eu acho que conseguimos chegar nesse tom que conseguimos contar essa história de uma forma muito interessante.
Boa parte do time criativo é quase inteiramente formado por mulheres… poderia comentar sobre isso?
Alice: Sim, nós tivemos uma sala de roteiristas inteira formada só por roteiristas mulheres, o que honestamente deu certo. Nós abordamos as melhores escritoras, e as roteiristas que eu acho que nós sentimos que iriam se conectar com o material, e que se sentiram desafiadas pelo texto, mas também que estivessem empolgadas para contar essa história.
E isso significava que, embora eu ache que todo mundo acabou por trazer suas próprias experiências pessoais para a sala dos roteiristas, isso também foi extremamente imaginativo… as pessoas estavam sempre pesquisando, lendo, e assistindo coisas… todo mundo contribuía e trazia suas próprias histórias para a mesa.
Vocês poderiam descrever o que vocês acham que os fãs vão sentir ao assistirem os 6 episódios da série? E como as pessoas vão se sentir ao longo dos episódios?
Alice: Uma montanha russa de emoção é uma grande forma de descrever. Eu espero que seja isso. Eu acho que nós queríamos que cada episódio fosse um pouco diferente e nós queríamos que o seriado começasse de uma forma que fosse conhecida [para o público geral] e pé no chão, onde nós reconhecemos que são duas médicas que estão andando por ai em um hospital em Manhattan.
Nós queríamos que se parecesse como se estivéssemos hoje em dia e que o seriado apresentasse mulheres com problemas reais. E no final, estamos em um lugar mais intenso e mais operístico.
Rachael: Eu espero que as pessoas achem que estão em uma montanha russa. É bem selvagem em alguns momentos. Tem muitos momentos espirituosos e deliciosamente travessos. É bem, emocional… mas tem humor também. Um humor mais ácido, mais sombrio.
Ao longo dos episódios dá para notar que mesmo idênticas, Beverly e Elliot são duas personagens completamente diferentes. E você, Rachael interpreta as duas. Como vocês efetivamente filmaram as cenas? Como foi? Vocês filmavam tudo da Beverly, depois mudavam, e vice-versa? Ou vocês ficavam parando entre as cenas para trocar as ordens?
Alice: É, foi uma coisa que nós aprendemos. Nós tivemos que aprender as coisas muito rapidamente. E realmente foi um trabalho incrível de equipe. Tipo, todo mundo meio que se tornou essa máquina bem azeitada, sabe? Tínhamos cabelo e maquiagem, o pessoas que operava as câmeras, todo mundo sabia o que fazer. Nós sempre gravávamos e tínhamos a tomada da gêmea, quando nós tínhamos as gêmeas juntas no mesmo Frame, nós gravávamos o Lado A que era normalmente a Elliot. Ela meio que sempre ditava o ritmo da cena. E depois tínhamos a troca de figurino e Rachel, mudava e nós gravávamos o lado B.
Era uma coisa muito técnica, mas que também tinha que envolver muito a Rachael nesse processo, coisa que ela era muito incrível, e conseguia ir e trocar tudo de uma forma muito rápida.
Rachel: Não tinha tempo entre uma personagem e outra. Eu tive muita sorte por que a escrita da Alice era tão bem feita, e tão psicologicamente profunda, e cheia de camadas entre cada uma dessas personagens tão distintas.
Elas eram duas pessoas totalmente diferentes, e separadas uma das outros nas páginas, muito antes de eu ir fazer o cabelo, a maquiagem, colocar os figurinos, e elas agiam de uma forma que era muito diferente. Elas foram escritas para serem personagens completamente diferentes. Eu só tive que dar forma para as palavras de Alice que eram escritas extraordinárias.
Beverly é altruísta, pensativa, cuidadosa, genial e tem uma complicada relação com o prazer e que realmente quer mudar a forma como todas as mulheres que dão a luz, independentemente de sua situação econômica, suas posses ou não.
Já Elliot é bem diferente. Ela ama Beverly, e ela embarca nessa ideia, nesse sonho da irmã, de mudar a forma como as mulheres dão a luz, mas ela não é nada altruísta. Ela está lá pela ciência, ela quer realmente mudar o mundo através de mudanças científicas e descobertas, e ela quer empurrar os limites do que é ético e o que não é. E com isso, ganhar alguns prêmios também.
Rachel, ao longo de sua carreira, você interpretou muitas mulheres complicadas. Sem as colocar em nenhuma lista, ou alguma coisa assim, mas o quão diferente são essas mulheres para você interpretar enquanto atriz? O quão divertido e desafiador foi para você trabalhar com essas mulheres tão complexas?
Rachel: Esse trabalho foi, sem dúvidas, o maior desafio da minha carreira. Sem dúvidas, mas também o que eu mais me senti feliz. Foi um trabalho gigante, mas como a Alice comentou, todo o elenco e a produção se movimentava como um único organismo. E não fui só eu. Foi o pessoal dos efeitos visuais, do cabelo, maquiagem, o pessoal dos figurinos, dos cenários. Eu quero dizer, todo mundo mudava de personagem em personagem.
Eu não gravava como Elliot um dia, e depois Beverly no outros. Era tudo na mesma cena, então a cena que você vê, nós gravámos metade dela, e depois gravávamos a outra metade. Então sim, era como se fossemos uma unidade única no set. Então, sim, era empolgante. Quero dizer, empolgante como se estivéssemos andando na corda bamba, o que eu não consigo fazer, então nós aprendemos todos juntos. Era empolgante.
Claro que a série lida com diversas questões médicas que até existem na vida real e imagino que vocês tenham feito muitas pesquisas. Teve algum elemento que surgiu durante as pesquisas que foi o mais impressionante? Ou alguma coisa que marcou vocês ou que vocês aprenderam que vocês não esperavam?
Rachel: Nós nos encontramos com um especialista de longevidade, um cientista do ramo de longevidade. E ele acredita, ou nem diria que acredita, ele diria que sabe que a morte um dia será como uma doença curável. É uma coisa que ele diz ser completamente preventiva, mas que nós ainda não estamos ainda lá medicamente falando.
Então, esse foi um cientista e uma teoria científica bastante surpreendente de se deparar. Mas, honestamente, todos foram.
Alice: Foi uma coisa que todas aquelas coisas que a Elliot fala em cena, tudo aquilo existe no mundo real. São ideias que estão sendo discutidas. E como Rachel comentou, essas mulheres são brilhantes, elas estão na melhor fase de suas carreiras, e elas são incrivelmente ambiciosas. Então em ordem de deixarmos Elliot ir atrás disso, nós precisávamos seguir todas essas teorias. E nós falamos com muitos especialistas, muitos cientistas, e nós tivemos muitos especialistas no set de gravação, e principalmente para os procedimentos médicos. Mas claro que teve momentos que nós imaginávamos muitas coisas.
Vocês poderiam dizer os motivos que vocês gostam da Beverly e Elliot? Sem escolher um lado!
Alice: Eu acho que Elliot é mais eficiente na busca por prazer. Tipo, ela quer alguma coisa, ela consegue. Ela vai e acerta na mira. Então, ela quer outra coisa, e ela vai lá e consegue. E eu acho que isso é muito extraordinário. Sabe, eu tenho um pouco de inveja disso. Na certa. E eu acho que Beverly, sabe, eu acho que ela é incrivelmente empática. Eu acho que ela realmente se importa. E eu acho que nesse contexto, onde eu acho que elas vivem é muito difícil e que a fazem gastar muita energia.
Rachel: Bem, o apetite de Elliot para o prazer, e a forma meio diabólica, e o tipo de humor meio malicioso que ela tem foi bastante divertido de se personificar. E ela gosta de comer muito. Quero dizer, ela tem um grande apetite, sabe, ela tem um tipo de apetite sexual, uma fome de subir na carreira, e um apetite pela comida também. Então ela comia muito, o que eu adorava.
Mas tamos também a Beverly, e Beverly como Alice disse, é cheia de empatia, e se coloca no lugar dos outros. E sim, ela também é muito profunda. E as duas são muito bem escritas e maravilhosamente complicadas.
Vocês poderiam falar com um pouco sobre trabalhar com a atriz Britne Oldford. Ela interpreta uma personagem chamada Genevieve. Poderiam falar o que ela agrega para o seriado e o que vocês mais gostaram de trabalhar com ela?
Alice: Eu quero dizer, ela é uma alegria, uma atriz maravilhosa de se trabalhar. Eu acho que ela só fez deixar a personagem ficar mais real, e trouxe muita humanidade para ela. Ela tem uma relação muito diferente com cada uma das gêmeas. E sim, ela é brilhante.
Rachel: Britne, sim, ela é cheia de graça, cheia de equilíbrio e tem bastante emoção com artista. E como Alice falou, ela era a alegria do set, e para mim, foi muito bacana trabalhar ao lado dela. Por que tanto Beverly quanto Elliot passam muito tempo com ela, e de formas diferentes.
Vocês tem alguma coisa que vocês acham que vão levar com vocês para sempre quando vocês lembrarem de terem trabalhado nesse seriado? Ou alguma coisa que vocês empolgadas para o público assistir?
Alice: Eu amei escrever a cena do jantar. [Que vemos no episódio 2]. E temos muitas outras cenas de jantares que são um pouco mais complicadas. Elas foram, para mim, muito divertidas de se trabalhar. Eu acho que eu aprecio muito todo o esforço do time de produção e de bastidores, de Rachel, para fazer essas cenas darem certo.
Rachel: É a cena do episódio 2 do jantar. E eu tenho outra. Na verdade eu tenho mais duas. Ah, mais três. Meu Deus. Sim, eu tenho muitas cenas de jantares complicados que nos levam para eventos muito coloridos entre as gêmeas.
O elenco da série também inclui Britne Oldford (The Umbrella Academy; American Horror Story: Asylum), Poppy Liu (Hacks; Better Call Saul), Michael Chernus (Severance; Orange is the New Black), Jennifer Ehle (A Hora Mais Escura; Saint Maud) e Emily Meade (The Deuce; The Leftovers).
Gêmeas: Mórbida Semelhança terá 6 episódios que chegam na plataforma em 21 de abril.