Hollywood tem vivido intensos dias com a propagação do vírus COVID-19 ao redor do mundo, que paralisou e modificou o cenário global na indústria do entretenimento.
Em Fevereiro, o fechamento dos cinemas na China por conta do coronavírus já tinha feito a indústria do cinema perder por volta de US$ 2 bilhões. Segundo o Deadline, a projeção no mês passado era que até o final de Março as perdas poderiam atingir a casa dos US$ 4 bilhões.
Agora em Março, as projeções foram atualizadas e segundo o THR, depois dos adiamentos dos filmes nas últimas semanas, com a mudança de datas de grandes filmes como 007 – Sem Tempo para Morrer (Universal Pictures, começo de Abril), Um Lugar Silencioso – Parte 2 (Paramount Pictures, metade de Março) e Mulan (Disney, final de Março).
Em matéria, o portal afirma que o impacto na indústria pode chegar em pelo menos US$7 bilhões em todo o mundo. Em 2019, a Disney fez US$ 11 bilhões ao redor do mundo, somente por comparação.
Assim, na semana de 19 de março, os cinemas nacionais não terão, em anos, nenhuma estreia programada, onde os estúdios adiaram boa parte dos filmes até pelo menos metade de Maio. Grandes filmes como Mulan, Viúva Negra não chegam nos cinemas em suas datas, e não tem novas datas de lançamento marcadas até agora, e mesmo que tivessem mantido suas datas, boa parte dos cinemas em diversas partes do mundo estão fechados.
Pandemia do Corona Vírus adia produções, lançamentos, festivais e mais…
Para tentar compensar as perdas bilionárias, os estúdios tentam reverter a situação e colocar os filmes nos serviços de streaming pagos, os chamados VOD (Vídeo sob demanda). É quando você coloca o filme para ser “alugado” na TV à cabo e tem uma determinada quantidade de horas para ver dentro de sua casa e assistir quantas vezes quiser como funciona em boa parte as operadoras, assim como, nas lojas digitais on-line como Apple Store, GooglePlay e etc.
Lá nos EUA, os filmes chegarão pelo preço de US$19,99, já aqui no Brasil, nas principais plataformas, os títulos chegam por R$49,99 e R$59,99. Com a cotação do dólares à mais de 5 reais, a conversão parece já estar bem abaixo do padrão americano.
Como afirmou um colega, o brasileiro não tem esse costume e espera o filme entrar no pacote básico de TV, passar na Tv aberta, ou apela para outros sites de compartilhamento não legais. Para o lançamento ou não nos cinemas quando eles foram locais em que a população se sinta segura, caberá ao estúdio em suas projeções ver se o filme é rentável ainda para ser lançado.
O maior exemplo disso fica com o longa Dolittle (Janeiro nos EUA, Fevereiro no Brasil) estreou com algumas semanas de diferença dos EUA, com péssimas críticas, mas mesmo assim, deu de renda para a Universal Pictures, de mais de 13 milhões de reais* e um público de quase 1 milhão de pessoas nas salas brasileiras, coisa que se lançado no streaming não chegaria nem perto dessa soma por mais ruim (ou bom) que ele seja.
O nome de Robert Downey Jr. ajudou nessa conta, mas não é todo filme que tem esse privilégio. Assim, a intenção da matriz de lançar O Homem Invisível (em cartaz tem três semanas no Brasil e fez R$ 9 milhões em renda aqui) e os inéditos A Caçada (previsão era para Maio, 28) e Emma (previsão era para Maio, 7 ) talvez seja uma aposta arriscada para o estúdio aqui no Brasil. Até o lançamento dessa matéria, os três títulos não foram anunciados em VOD no mercado nacional, mesmo que a matriz do estúdio tenha afirmado se tratar de um lançamento também em mercados internacionais.
O caso da Universal Pictures é atípico e curioso, afinal, dos estúdios que resolveram lançar seus filmes em VOD lá nos EUA nos últimos dias, apenas a Universal Pictures tinha filmes que não saíram nos cinemas daqui. A Warner Bros lança Aves de Rapina e Luta Por Justiça nos EUA nos próximos dias nas plataformas de streaming, assim como, a Sony Pictures irá fazer com Bloodshot que estreou há 1 semana no país com 150 mil pessoas de público e pouco mais de 2 milhões de reais em renda (em comparação nos EUA fez 9 milhões de dólares).
Com os cinemas fechados em diversas cidades, o prejuízo deve ser muito maior e mais a longo prazo. Informações apontam que as perdas serão sentidas por muito mais tempo, até que o calendário de estreia ser arrumado por conta do efeito dominó que os lançamentos sofreram.
Para a indústria tentar salvar o pouco que sobrou deste primeiro semestre, jogar os filmes no streaming pago é o que resta para garantir que essas produções não saiam tanto no prejuízo. A discussão sobre a flexibilidade da janela de distribuição de 90 anos, coisa que os estúdios e redes de cinema sempre brigaram e foram vocais contra a Netflix e a Prime Video parece ser a grande chave para a sobrevivência em tempos de crise, e depois que a tempestade passar, para o futuro.
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