Parece que os vampiros estão em alta na Netflix mesmo. Depois do fraquinho As Passageiras, da série LGBT+ First Kill (que já foi cancelada), a plataforma entrega aqui o Dupla Jornada (Day Shift, 2022 ) com o ator Jamie Foxx como um caçador de vampiros que finge ser um limpador de piscinas enquanto caça esses seres em uma ensolarada cidade americana.
Para um filme lançado no streaming, numa época de vacas magras de lançamentos, Dupla Jornada é uma presa afiada de distância de valer dar seu play. É gore, tem umas piadas divertidinhas, mas, no final, não é nada de mais.
Nada imperdível de se ver na plataforma. Estreou hoje, mas você pode colocar na sua lista para ver amanhã, domingo, daqui 5 dias. Não é o must-watch da semana sabe? Aquele filme que se você não assistir vai ficar de fora da conversa do final de semana, dos memes no twitter, e tudo mais. Mas tem sim, seus méritos.
O mais bacana de Dupla Jornada talvez fique com a mitologia que a dupla de roteiristas, Tyler Tice e Shay Hatten (que trabalhou com a Netflix nos roteiros de Exército de Ladrões: Invasão da Europa e Army of the Dead: Invasão em Las Vegas) criou para o longa. São esses detalhes que deixam Dupla Jornada com um ar mais interessante do que ele parece ser. A história de como os vampiros deixaram o Valley e agora voltam para ocupar seu espaço, a agência de caçadores de vampiros e suas burocracias, e claro, o projeto da vampirona Audrey (Karla Souza) em fazer com que os seres da noite caminhem em plena luz do dia.
Dupla Jornada têm esse conceito legal e realmente dá certo por conta da presença de Foxx, que está muito bem, como o protagonista, e quando a história, o junta com o certinho e afobado Seth (Dave Franco, ótimo), um contador da agência de caçadores de vampiros chamada O Sindicato que precisa deixar seu emprego num escritório e acompanhar o caçador de Foxx, Bud que está recém de volta na empresa e enfrenta um período de experiência. Com personalidades das mais diferentes possíveis, Dupla Jornada empolga quando vemos os dois, e suas formas completamente polarizadas de trabalharem, trabalharem juntos.
E Foxx e Franco estão ótimos juntos. Essa dinâmica “policial experiente” e “policial novato” é o que dá um gás para a história na medida que Bud precisa caçar o maior número de presas possíveis para levantar dinheiro (US$10 mil são 10 mil né?) e impedir que a ex-esposa Jocelyn (Meagan Good) leve a filha dos dois Paige (Zion Broadnax) para outro Estado.
Como falamos, Dupla Jornada não entrega nada de espectacular em duas quase 2 horas, o tom amarelado que as cenas tem e algumas decisões de câmera que o diretor J.J. Perry toma não chegam a afetar negativamente o longa, mas nem mesmo algumas reviravoltas aqui e ali, deixam o longa ser totalmente bom e passa apenas um ar bem de produção b, trashzona, até mesmo para os padrões de filmes de vampiros.
Claro, as cenas de luta em que o personagem de Foxx precisa combater os vampirões, principalmente uma lá na metade do filme em que eles encontram dois outros caçadores rivais ( Steve Howey e Scott Adkins) é bem bacana de assistir por conta das acrobacias, das cenas mais sanguinárias, mas mesmo assim, tudo se encaminha para o embate final entre os caçadores do Sindicato e da gangue da Vampiro Líder de Souza.
Em termos técnicos, Dupla Jornada até que têm bons efeitos visuais, a cena em que uma cabeça cortada se move quando o carro passa numa lombada é muito boa, e práticos, com os vampiros se contorcendo nas lutas e etc, mas sinto que falta alguma coisa, algum fator X para deixar o longa se destacar. No final, é tudo muito feito no piloto automático e feito por fazer para dar tempo para termos um filme propriamente dito. Nem a presença de Snoop Dogg com suas piadas de sempre que envolvem substâncias ilegais ajudam a dar um tchan necessária que Dupla Jornada precisa.
Dupla Jornada disponível na Netflix.