sábado, 21 dezembro, 2024
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Divertida Mente 2 | Crítica: Riley amadurece e sequência também

Riley lida com ansiedade, amadurece e sequência também. Nossa crítica de Divertida Mente 2.

Quase 20 anos depois do lançamento do primeiro Divertida Mente, a Pixar está de volta com uma sequência de um dos filmes mais importantes da história do estúdio e que pode, sim, já ser considerado um clássico dentro da Disney. E se em Divertida Mente 2 (Inside Out 2, 2024) a garotinha Riley amadureceu, o mesmo vale para a narrativa desse novo filme que entrega uma trama que segue os moldes do primeiro filme (arrecadou mais de US$ 800 milhões em todo mundo lá em 2015 e está prestes a se tornar um dos maiores lançamentos de um fraco 2024) e ainda conseguir lidar novamente com a complexidade das questões humanas.

Divertida Mente 2
As emoções em Divertida Mente 2. Foto:  © 2023 Disney/Pixar. All Rights Reserved.

E se lá no primeiro filme, Riley era uma garotinha que lidava com os sentimentos de Alegria, Tristeza, Medo e Nojinho, agora em Divertida Mente 2 a personagem cresce, ela tem 13 anos, e precisa lidar novas emoções e sentimentos um pouco mais complexos do que os de antes na medida que um novo evento canônico em sua vida acontece. Divertida Mente 2, então, abre espaço para novas figuras de emoções antropomórficas: a laranja acelerada Ansiedade (voz de Tatá Werneck na dublagem brasileira), o envergonhado Vergonha e seu casaco de capuz, a Tédio (voz de Eli Ferreira na versão dublada) com franjinha, celular na mão e um olhar fulminante e a verdinha e pequeninha Inveja. E todas elas vem para “arrumar a casa”, a cabeça de Riley, na medida que a jovem garota vai para um acampamento de hóquei e precisa não só lidar com essas novas emoções, mas também novos desafios sociais e de convivência.

Adolescentes né? E se antes “a ilha da família” era responsável por boa parte das interações sociais de Riley com a figura do pai bigodudo e da mãe compreensiva, agora na sequência, a “ilha das amizades” é que tem um destaque maior e é o que guia essa nova trama apresentada na sequência. Ao mesmo tempo que Divertida Mente 2 continua a explorar a mente da protagonista, a história do novo filme coloca as emoções antigas misturadas junto com as novas em situações inusitadas para vermos quem vai assumir o controle do centro de comando. 

É meio que um repeteco do primeiro filme? Sim, mas é a mesma fórmula que deu certo lá em 2015, introduziu esses personagens, e fez Divertida Mente cair no gosto popular. E aqui, a sequência, acerta em seguir o mapa do primeiro filme e trabalhar novamente com complexidade das emoções humanas num conto divertido e emocionante. Só que um pouco mais maduro na abordagem desses novos eventos, claro, afinal, Riley cresceu e principalmente o público que acompanhou a personagem desde de 2015 também.

E no começo de Divertida Mente 2, tudo está certo na mente de Riley até que o alarme da Puberdade toca de uma hora para outra, sem aviso prévio, e avisa para as emoções antigas que mudanças estão vindo aí no centro de comando. A energética Ansiedade assume no lugar da também cheia de energia Alegria (voz de Mia Melo na versão dublada), onde rapidamente, vemos as emoções originais serem banidas para o fundo da mente da jovem e agora precisam traçar uma rota para voltarem para casa. 

E basicamente essa é a premissa de Divertida Mente 2. A diferença é que agora todas as emoções antigas estão juntas nessa missão, enquanto Riley sofre para tentar se enturmar no grupinho de garotas mais velhas do time de hóquei. Divertida Mente 2 coloca as novas emoções para lidar com os desafios de ser adolescente que Riley enfrenta agora que está a caminho do Ensino Médio e quer uma vaga no time de hóquei liderado por Val, uma jogadora que ela admira muito e é um prato cheio para a Inveja atacar.

E todas essas novas interações que Riley se vê obrigada a viver, e esse golpe das emoções novas nas antigas, faz maravilhas para a sequência, afinal, o longa serve também como reintrodução dessa história para um novo público. Claro, as emoções originais como Alegria, Tristeza, Nojinho, Medo e Raiva tem seus momentos ao longo do filme, e entregam os principais, e mais divertidos, momentos no filme, principalmente quando estão perdidas no meio do vale das memórias antigas e precisam se unir para juntas bolaram uma forma de voltar para o centro de comando, mas fica claro também que Divertida Mente 2 tem nome e sobrenome e o filme é da Ansiedade não tem como (aliás a cena dela bebendo três latas de energético é hilária e define bem a personalidade da personagem).

O trabalho de construção que a dupla de roteiristas Dave Holstein e Meg LeFauve fazem da personagem, desde de sua aparição, para o momento que a emoção assume o centro de controle e basicamente se torna “a vilã” do filme, até o seu arco de redenção é primordial para a sequência dar certo. É a introdução não só dessa nova, e mais complexa emoção, como também de tudo que vem com ela tanto para as dinâmicas na mente de Riley como também na vida de Riley fora dela. E não só da Ansiedade, todas as outras novas emoções tem mais espaço para guiarem a vida da jovem ao longo dos dias que a Riley passa no acampamento esportivo. Afinal, é um dos primeiros contatos dela com o temido Ensino Médio e para ela o esporte é uma chance de interação social além de ser alguma coisa que ela é boa também.

O texto de Holstein e LeFauve (que retorna do primeiro filme) parece muito mais confortável em fazer humor e piadas das emoções dentro da mente da Riley e deixar o espectador curtir esse retorno para esse local tão interessante e curioso de se passar um tempo. E se a dupla acerta no tom cômico, o time de dublagem nacional, também faz um ótimo trabalho na regionalização das piadas. Particularmente, achei uma das cenas mais legais do filme, uma em que Riley começa a fazer um brainstorm para resolver uma situação, na versão nacional a cena vira um toró de ideias.

São esses pequenos detalhes, e a animação belíssima que acompanha o longa, que ajudam a experiência de Divertida Mente 2 ser ainda melhor de se acompanhar, afinal, entre momentos divertidos de Nojinho (voz de Dani Calabresa na versão dublada) em um brócoli, ou a Raiva (voz de Leo Jaime na versão dublada) se conectando com o Sarcasmo, temos o tradicional momento em que o longa toca em questões existenciais que fizeram o primeiro filme trabalhar em uma mensagem tão bacana. 

E na medida que a figura da Tristeza (voz de Katiuscia Conoro) também ganha muito mais destaque, vemos que no final todas as emoções acabam por ajudar de certa forma nos planos opostos que Alegria e de Ansiedade tem para Riley. E quanto mais a Ansiedade ganha controle sobre a sala de controle, a cena da personagem na televisão comandando as baías como se fosse um grande Big Brother é sensacional, o longa desenvolve esse trabalho de querer mostrar o quão é importante o trabalho de saúde mental e ter uma rede de apoio para lidar com certas coisas.


No final, Divertida Mente 2 faz rir e chorar na medida certa, onde acerta ao fazer o que o primeiro filme fez de melhor e ainda de quebra entrega novas e divertidas passagens com essas novas emoções. A vida de Riley ganha novas camadas na medida que a personagem precisa lidar com esses desafios, e ao fazer isso, o longa entrega uma aventura para lá de engraçada, tocante, e no final, imperdível.

Definitivamente, entrega um filme a altura do que esperávamos de uma sequência de Divertida Mente e com certeza dará um empurrãozinho para 2024 finalmente engrenar.

Nota:

Divertida Mente 2 chega nos cinemas nacionais em 20 de junho.

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Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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