Ontem (12) foi anunciado que a Walt Disney Company teria uma nova estruturação na empresa e que iria focar seus departamentos em mais produções voltadas para o streaming.
As áreas de comercialização e distribuição da empresa virão um único departamento chamado Media & Entertainment Distribution e será liderada pelo executivo Kareem Daniel. (Via Deadline).
A ideia agora é desenvolver e produzir mais conteúdos, como filmes e séries, para os serviços de streaming da empresa, claro com foco no Disney+ que desembarca na América Latina em Novembro, mas também para o Hulu e ainda misterioso Star, uma plataforma internacional de streaming (Leia mais aqui).
Mas isso significa que a Walt Disney Company vai matar os cinemas? Claro que não! O estúdio continuará a lançar filmes para serem vistos no cinema, apenas se adapta para os novos tempos, onde querendo ou não vivemos e iremos viver por mais algum tempo em uma pandemia, e faz tudo aquilo que todo o estúdio deve fazer.
E na real, já estão fazendo.
Os cinemas estão aí a mais de 100 anos e já passaram por poucas e boas. Claro, sofreram um baque enorme por conta do coronavírus, mas vão sobreviver sim. A Walt Disney Company, como uma empresa que visa lucro para seus acionistas, precisa apenas pensar em outras possibilidades e é para isso que o se gasta uma quantidade monumental de dinheiro em uma plataforma de streaming.
Em 2019, o Mickey gastou de mais de 27 bilhões de dólares em conteúdo. Só no Disney+ a previsão de gastos para criar efetivamente a plataforma, e os primeiros conteúdos, foram na casa 3 bilhões de dólares e tudo para tentar competir com a Netflix.
A empresa viu que a Netflix é uma das poucas empresas de entretenimento que se deu bem na pandemia. E isso, nos cinemas era função do Mickey. Em 2019, os filmes da Disney fizeram mais de 11 Bilhões de dólares ao redor do mundo, e o estúdio agora mira seus olhos (e orelhas redondas!) para o streaming.
A pandemia afetou as operações parques (uma das principais fontes de dinheiro!), as viagens para esses parques temáticos, as propagandas nos programas de TV da empresa, e nos jogos esportivos, e claro as receitas dos filmes que não saíram nos cinemas. Com 60 milhões de assinantes pagantes em Agosto, e bem longe dos mais de 190 milhões da rival Netflix, a Walt Disney Company precisa de conteúdo para bombar o catálogo.
Claro, em menos de 1 ano de operação do Disney+ tivemos a série The Mandalorian, a versão de Hamilton e o filme da Beyoncé, mas isso tudo é muito pouco em comparação ao que a Netflix tem. Nos últimos meses vimos a polêmica decisão de jogar Mulan para a plataforma com o Premier Access, números devem ser divulgados em Novembro, e ainda para o futuro teremos a chegada da animação Soul em Dezembro direto na plataforma e não mais nos cinemas, e ainda o lançamento da série WandaVision, a primeira da Marvel Studios, ainda em 2020.
Assim, a empresa terá a criação de novos projetos dividida em três grandes grupos o Estúdio, Entretenimento geral, e esportes. Os executivos Alan Horn e Alan Bergman ficam na parte do Estúdio e respondem direto para o CEO da empresa, o executivo Bob Chapek.
Assim, as marcas da Walt Disney Studios, como os filmes em live-action do selo Disney, Walt Disney Animation Studios, Pixar Animation Studios, Marvel Studios, Lucasfilm, 20th Century Studios e Searchlight Pictures vão trabalhar para criar projetos para o cinema e para as plataformas de streaming.
Na parte de TV, os canais ABC, FX, National Geographic, Freeform e Disney Channels também produziram conteúdo que ficaram focados nos EUA também no Hulu e nos outros mercados internacionais no Star. Os acordos de ter conteúdos da Disney deve acabar. No Brasil, e na América Latina, já acabou. Com a chegada do Disney+ em novembro, não teremos mais os filmes em nenhum outro lugar a não ser na plataforma, e claro, sem a comercialização de mídia física também, o que para a gente ainda é um pouco precipitado, mas o custo, na pandemia deve ter ficado mais alto não é mesmo?
A era on-line chegou e é onde está realmente o dinheiro hoje em dia.
Chapek afirma “Dado o incrível sucesso da Disney + e dos nossos planos para acelerar nossos negócios diretos ao consumidor, estamos posicionando estrategicamente nossa empresa para apoiar de forma mais eficaz nossa estratégia de crescimento e aumentar o valor para os acionistas”.
E os estúdios rivais, como falamos também se movimentam para além de enfrentar os streaming, a Disney novamente. A Comcast, dona da NBC/Universal, já trabalha com isso no Peacock, mesmo que de forma bem inicial, a Warner Media também já criou um selo de filmes da Warner para o HBO Max, e a Paramount Pictures que faz parte do grupo Viacom também começa a engatinhar com o CBS All Access que em breve vira Paramount+.
Não é matar a experiência de ir aos cinemas e sim trabalhar junto com essa nova forma de se consumir produções numa era digital. O mesmo foi dito quando o VHS chegou e depois o DVD, e depois também não na mesma escala o Blu-ray.
A única forma de existir é co-existir. E claro, fazer com que todo mundo pague seus boletos no final do mês, isso é mais que fazer com que um sonho que se realiza…. ao som das 12 badaladas do relógio, é cair na realidade sem deixar o sapatinho cair.
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