A grande sacada de Deadpool, quando a produção estreou lá em 2016, foi pegar um personagem pouco conhecido do grande público e criar um filme diferente daquilo que as produções de super-heróis estavam acostumadas a mostrar para o público. Com boas tiradas, um desenvolto Ryan Reynolds e um roteiro sarcástico e afiado, o filme entregou um sopro de novidade no gênero que se provou um sucesso tanto de bilheteira quanto de crítica.
Com o primeiro filme sendo mais uma aposta acertada com o selo Marvel, sua sequência que chega nos cinemas essa semana, vem com uma pressão enorme. Somado a isso, o filme vem também, como todo blockbuster hoje em dia, com uma lupa sobre si, amplificando tudo que acontece ao seu redor. Os fãs acompanharam de perto tudo sobre a produção, desde do anúncio do projeto, a perda de seu diretor, os problemas nos bastidores e também como a sequência penou um pouco nas mãos dos jornalistas e suas notícias “caça-clique”.
Mas mesmo assim, Deadpool 2 chega ainda mais ousado, boca-suja e deixa de lado a maldição das sequências ao conseguir mostrar de uma vez por todas que o personagem não é um acerto único na carreira de Ryan Reynolds. O ator, além de mandar muito bem no papel, é o principal responsável por deixar o filme com aquele tom malicioso e super engraçado de se ver e acompanhar.
Deadpool 2 chega ser ainda mais surpreendente que seu antecessor e conta uma história um pouco mais madura, cheia de ação e com muitas, muitas referências à cultura pop e as histórias em quadrinhos. E a melhor coisa nisso tudo, o filme nos apresenta novos e viciantes personagens num elenco muito bem escalado.
Ryan Reynolds ainda continua com aquela sagacidade ao saber brincar com si próprio e nessa sequência o sentimento de “meu deus não acredito que eles fizeram essa piada” continua gritante. No final das contas, esse é grande diferencial da franquia Deadpool, nada e nem ninguém está a salvo, afinal ver Wade Wilson andando pela Mansão X-Men na Cadeira do Professor Xavier é hilariante mesmo que por todos os motivos errados. E isso é Deadpool em sua essência, coisa que Reynolds capturou como ninguém.
O roteiro escrito por três pessoas (Rhett Reese, Paul Wernick e Ryan Reynolds) não tem medo de nada e novamente faz piada com tudo! Dessa vez, o foco maior do humor e das sacadas ficam com personagem de Josh Brolin, que faz o mutante Cable. Brolin acaba sendo uma grande aquisição para o elenco, tanto pelo seu personagem que é bem desenvolvido, quanto por entregar uma boa atuação.
O ator acerta em conseguir criar um antagonista bem dosado e principalmente com uma carga dramática um pouco mais acentuada (mesmo não sendo um filme de Zack Snyder), que coloco mais uma camada no filme por cima do tom cômico.
Em Deadpool 2, Cable tem uma missão própria e que ele vai completar a qualquer custo e isso define bem o personagem. Além de compôr um bom personagem, Brolin se destaca dos outros personagens pelos seus ótimos efeitos visuais.
No filme conseguimos ver o rosto do ator finalmente em tela (Brolin esteve em Vingadores: Guerra Infinita como o vilão feito por computação gráfica Thanos), o que acaba realmente sendo um dos grandes destaques da sequência. Cable não é um vilão clássico, também não é um mocinho, mas tem propósitos bem claros e que são explicados ao longo do filme de uma forma bem trabalhada.
Juntamente com ele, a atriz Zazie Beets, vista na comédia Atlanta e em outras pequenas produções, finalmente tem a oportunidade em um grande filme e faz de sua personagem Domino, uma das partes mais divertidas da sequência. Com um poder super bacana e bastante confortável no papel, Beets rouba as cenas toda vez que aparece.
A atriz acerta em deixar quem assiste com vontade de saber mais e mais sobre a sua personagem, é como se, em proporções menores, Domino em Deadpool 2, fosse o Homem-Aranha de Capitão America: Guerra Civil (2016).
Rápida e bastante ágil, a história em Deadpool 2 acompanha o mutante Russell (Julian Dennison) que, por motivos importantes para desenvolvimento da história não contaremos aqui, tem na sua cola um exército contra-mutantes e claro, Cable (Brolin) que vem do futuro atrás dele.
Para isso, Wade Wilson (Reynolds) acaba criando uma liga de mutantes chamada de Força-X para ajudar a salvar o menino. E talvez aqui, Deadpool 2 apresente seus principais erros e pontos negativos. O filme tem tanta coisa acontecendo e o tempo todo, que a sensação que passa é de estarmos dentro daquela cena de abertura do primeiro filme, lembram?
Com inúmeras coisas voando na tela e você não sabe para onde olhar… se é para as piadas dos créditos ou para o que efetivamente acontece na tela. Com a trama mesmo que fluindo bem ao longo de suas 2 horas, o filme deixa passar aquele sentimento de inchaço, com muitos personagens, muitas tramas paralelas, que não são bem desenvolvidas e são mascaradas com tiradas mais e mais tiradas de humor.
E isso tudo isso em sequência e numa velocidade alarmante, é como se para uma coisa levar a outra precisamos passar por diversas pequenas coisinhas que acabam no final não levando necessariamente a nada. Com tantas referências sendo jogadas em tela, é possível que quem assista, acabe se perdendo em tantas citações que vão desde da cantora Beyoncé, passando pelos próprios X-Men e até o fatídico filme do Lanterna Verde, protagonizado por Reynolds em 2011.
Mas, no final, o diretor David Leitch consegue pegar todas essas pequenas pontas soltas e amarrar com ótimas cenas de ação, explosões e claro as famosas câmeras lentas que definiram o primeiro filme do personagem.
Com uma ótima trilha sonora que vai do pop ao rock, Deadpool 2 pega os personagens antigos como a namorada Vanessa (Morena Baccarin), o hilário taxista Dopinder (Karan Soni), a parceira de quarto Al Cega (Leslie Uggams), o amigo bartender (T.J. Miller) e junto com Wade Wilson, todos eles são jogados novamente em tela para contar mais uma história divertida e cheia de piadas de duplo sentido.
Espirituoso e ainda mais debochado, Deadpool 2 aproveita que está em casa para abrir a geladeira, pegar uma cerveja e depois colocar o pé (com sandálias crocs) na mesa de centro. Assim, a sequência é um agrado para os fãs do mercenário tagarela e de suas piadas duvidosas já figurando entre um dos filmes mais divertidos do ano.
PS: Deadpool 2 tem duas cenas pós-crédito!
Deadpool 2 chega aos cinemas em 17 de maio.
Comentários estão fechados.