Em Janeiro de 2015, começou a aparecer nos noticiários nacionais a história que um brasileiro foi condenado a pena de morte por tráfico de drogas na Indonésia.
Marcos Asher, o Curumim, foi preso em 2004 após a tentativa de entrar na Indonésia com mais de 10 kg de cocaína. Após ser barrado no aeroporto de Jacarta, Curumim fugiu sendo capturado pela polícia 2 semanas depois. No país o tráfico de drogas é punido com a pena de morte.
Curumim esperou desde então sempre apelando para as cortes do país. Após alguns anos entrou em contato com o produtor Marcos Prado (Tropa de Elite, de 2007, e Paraísos Artificiais, de 2012) e começou ilegalmente a gravar cenas de dentro da prisão de segurança máxima. Junto com cartas e conversas por telefone, Curumim quis mostrar para os jovens brasileiros a grande enrascada que cometeu e, em parceria com Prado, mostrar mais de sua história. Assim nasceu o documentário Curumim.
Em forma de documentário, as imagens nos ambientam onde Marcos Curumim está naquele momento de sua vida: preso, no corredor da morte com 27 pessoas na sua frente.
Por meio de cartas aos produtores conhecemos um pouco mais da história do cara que nasceu em um família rica carioca, mas foi criado por babás. Marcos Asher ganhou o apelido Curumim logo na infância, onde costumava a matar aula para ir surfar com os amigos no Rio de Janeiro e fumar maconha.
Em termos de produção visual o documentário é ótimo, as filmagens dos locais paradisíacos com águas cristalinas contrastam bem com a paisagem cinza da prisão e as gravações amadoras feitas com a câmera de mão. Aliás esse é o grande diferencial do documentário, pois mostra a aflição e nervosismo da pessoa que acorda sempre achando que aquele dia é seu último dia na Terra.
O documentário mostra via depoimentos de amigos que tentaram ajudar Marcos Curumim em sua jornada, tanto ao enviar dinheiro, quanto pelas apelações as cortes, até os colegas de prisão condenados por motivos semelhantes e até mesmo terrorismo.
Conforme fala no próprio documentário a corrupção no país é enorme onde se paga propina para tudo no sistema carcerário, desde dos guardas para drogas até os promotores e juízes federais. Talvez a grande sacada da produção é fazer o público entender que eles não apoiam as decisões, mas sim mostram a verdade crua e não tão bela sobre assuntos como drogas, tráficos, prisão e pena de morte, pois fazer uma pessoa esperar por mais de 10 anos não é considerado um tipo de tortura?
O documentário mostra como o sistema do tráfico de drogas funciona sem rodeios ou enrolações. O mais importante é como as pessoas envolvidas não estão como vitimas e vilões, ou preto no branco, mas sim passando em aspectos de cinza.
Curumim, foi exibido no Festival de Cinema de Berlim no inicio do ano, no Festival do Rio e na Mostra Internacional de São Paulo. O documentário tem estréia prevista para novembro nos cinemas.