quinta-feira, 21 novembro, 2024
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Contra o Mundo | Crítica: Porradaria e elenco conhecido salvam longa

Porradaria e elenco conhecido, liderado por Bill Skarsgård salvam Contra o Mundo. Nossa crítica do longa.

Sinceramente eu nem esperava que Contra o Mundo (Boy Kills World, 2024) fosse lançado nos cinemas depois de fazer pré-estreia no Festival de Toronto no ano passado, ter feito um burburinho nas redes sociais, mas depois ter desaparecido da conversa on-line até o anúncio que chegaria nos cinemas agora em Abril.

Mas acho que o que motivou o estúdio por trás do lançamento do filme nos EUA, comprado depois do lançamento no festival canadense, foi, primeiramente, o elenco de nomes conhecidos que o longa oferece. Aliado a isso, talvez, a corrida para tampar os buracos nos line-ups dos estúdios por conta das greves de Hollywood no ano passado e também essa onda que estamos no mercado em que todo mundo resolveu apostar em conteúdo original, aqueles não baseados em adaptações de histórias de quadrinhos, livros e tudo mais.

Somado tudo isso, eu acho que temos fatores que fazem de Contra o Mundo ser uma aposta curiosa de assistir. E mesmo que, definitivamente, seja um filme simples, um desses de ação que se daria melhor no streaming como foi o caso de Matador de Aluguel no Prime Video, lançado algumas semanas atrás, ou qualquer coisa que chegue na Netflix toda semana, Contra o Mundo, consegue entregar alguma coisa válida de se assistir por conta de suas quase 2 horas de pura porradaria.

Afinal, o longa tem bons momentos, claro, seja de Bill Skarsgård (o irmão Skarsgård que mais trabalha dos três nos últimos tempos), de Michelle Dockery (ainda querendo deixar seus tempos de Downton Abbey de lado) e de Andrew Koji (vindo de Trem-Bala, da série Warrior e da franquia GI Joe) que realmente fizeram valer a pena essa aposta do diretor de primeira viagem, o alemão Moritz Mohr.

Dá certo? Em partes, sim. Mohr pega referência de tudo que andou circulando no gênero de porradaria nos últimos tempos e coloca em Contra o Mundo batido e remexido. É como se fosse uma grande caça ao easter-eggs. São os jogos de Street Fight que o personagem do Boy (Skarsgård bastante expressivo, com olhar de doido, e com o abdômen trincado) joga, o universo dos filmes de Jogos Vorazes, que aqui estão representados pelo o mundo distópico que os personagens desse filme vivem, onde um governo totalitário selecionar tributos para uma competição, e até mesmo John Wick (onde tem um cara só, que sai batendo em todo mundo) com Big Brother e Uma Noite de Crime onde, no filme, o que temos é basicamente um programa de TV, que coloca os moradores da cidade escolhidos para tentarem sobreviver a uma noite de matanças. 

Curioso notar o interesse da produtora Lionsgate, aqui no Brasil, a Paris Filmes, afinal, é o mesmo estúdio que lançou boa parte dos filmes em que Contra o Mundo se baseia. E mesmo no meio dessa mistura toda, dessas referências todas, Contra o Mundo acaba por colocar um tempero próprio para contar essa história. A começar pelo fato que Boy, o nosso protagonista, não fala, e não escuta (os eventos que o levaram a isso, são apresentados na trama do filme), mas ele narra o filme com uma voz (de H. Jon Benjamin da série animada Bob ‘s Burguer) que lembra aqueles dos próprios jogos de Street Fighter que mostravam em tela: Preparados! Lutar!

Assim, a grande missão de Boy é tentar acabar com Hilda Van Der Koy (Famke Janssen), a ditadora que comanda a cidade junto com os outros membros da família Van Der Koy que por sua vez acabaram com a família do garoto, e executaram sua mãe e irmã. Largado no mundo, sozinho e sem a irmã Mina (a atriz mirim Quinn Copeland muito bem), Boy cresce ao lado de Xamã (Yayan Ruhian), um barbudo oriental que o treina (ah lá, Kill Bill) para garantir que Boy complete sua vingança, mate Hilda, e assim tire a família Van Der Koy do poder. Esse é o plano, mas além de não falar, Boy também alucina com a presença da irmã que o ajuda nos treinos e depois na missão que o já adulto personagem embarca na sua jornada. 

E o filme segue nessa história muito louca, nesse mundo muito maluco, onde logo depois, o nosso protagonista, conhece dois prisioneiros, que tem um outro plano em mente, do malucão Basho (Koji, muito bem) para o tagarela, e que Boy não consegue fazer leitura labial, Bennie (Isaiah Mustafa). Assim, eles se juntam e precisam enfrentar a cidade toda, os capangas e os próprios membros da família Van der Koy se quiserem chegar na super protegida Hilda. 

Contra o Mundo funciona realmente como um filme videogame, onde Boy e esse grupo de desajustados precisam enfrentar diversos chefões, seja o líder local e aspirante a roteirista Gideon Van Der Koy (o hilário Brett Gelman de Fleabag e Stranger Things), o expansivo e falante apresentador Glen Van Der Koy (Sharlto Copley), ou sua esposa e relações públicas da família, a ameaçadora Melanie Van Der Koy (Michelle Dockery), e até mesmo a chefe do exército da família Van Der Koy, a mascarada June27 (Jessica Rothe) que exibe suas emoções através do visor do capacete que usa que acaba por ser um recurso visual bem bacana.

Jessica Rothe e Famke Janssen em cena de Contra o Mundo. Foto: Graham Bartholomew – © Nthibah Pictures/Lionsgate. Paris Filmes. All Rights Reserved.

E, esteticamente, tudo em Contra o Mundo, esteticamente, soa bastante real, brutal, visceral e realmente ajuda a chamar a atenção. Das cenas violentas, aliás bem violentas mesmo, pegou classificação 18 anos no Brasil, e porradaria a rodo, o filme consegue navegar por esse mundo maluco que é apresentado aos poucos na trama, com seus personagens excêntricos e algumas reviravoltas que a história dá. É um filme totalmente imperdível? Que você deve correr para ver nos cinemas? Não, definitivamente não. Mas tem seus méritos sim, serve seu propósito e tudo mais. 

No final, as boas atuações do elenco, principalmente de Skarsgård que promete estar nos holofotes com esse e com O Corvo nos próximos meses, fazem de Contra o Mundo uma experiência diferente e um pouco fora da casinha quando colocados de lado para todas as diversas outras produções que tentou beber da fonte. Não é um filme que daria, 5 dedos de uma vez para ela, mas talvez uns 2, 3 tá de bom tamanho. Afinal, entre um soco e outro um nome conhecido aparece em tela, Contra o Mundo chega agradar sim. Não sei se vai agradar todo mundo, mas tem boa chances quando chegar no streaming. Por enquanto, tá em cartaz nos cinemas nacionais.

Nota:

Contra o Mundo está disponível nos cinemas nacionais.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

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