Depois de assistir Capitão América: Admirável Mundo Novo (Captain America: Brave New World, 2025) fica fácil notar que esse filme é um que serve não só para amarrar as pontas de muita coisa que andou rolando no MCU, mas, também, um que serve para entregar um novo começo para outras muitas coisas na franquia.
É como se o novo longa, e o primeiro do MCU no ano, servisse como um grande finale dos eventos que vimos na série Falcão e Soldado Invernal, ao mesmo tempo que serve também com uma sequência para os eventos vistos lá nos filmes do Hulk, numa era pré-Marvel-MCU, das cenas pós-créditos, histórias conectadas e tudo mais. Capitão América: Admirável Mundo Novo flerta também com o futuro da franquia em si e o que podemos esperar dos próximos filmes e das próximas narrativas que serão contadas nesse (novo) mundo que se abre.

Afinal, após os eventos de Vingadores: Guerras Secretas e Vingadores: Ultimato, o MCU atirou para todos os lados, introduziu novos heróis, vilões, e histórias a rodo, onde ficou claro que pelo menos o mundo dos filmes precisaria de um tempo para se recuperar dos eventos que fizeram metade das pessoas do planeta (e do Universo) desaparecer e depois retornar.
E com Capitão América: Admirável Mundo Novo é a tentativa de resumir um pouco o que rolou, após tudo isso, após o Tratado de Sokovia, após Thanos, após todo mundo desaparecer, a morte de Tony Stark, de Steve Rogers, de todo mundo voltar, e da introdução de um novo Capitão América. E aqui, o longa assume que o espectador tenha visto a série onde Sam Wilson (Anthony Mackie) assume o manto e o estudo do Capitão América depois do governo ter tentado, e falhado, apoiar um soldado próprio, na figura de John Walker (Wyatt Russell), que não dá as caras aqui, mas fará parte da trama do próximo filme do MCU no ano, Thunderbolts*, e que claro, dá errado.
Assim, o roteiro do filme passou por diversas mãos (Rob Edwards, Malcolm Spellman, Dalan Musso, Julius Onah & Peter Glanz) e por diversas regravações, meio que se preocupa em jogar todos esses personagens no meio da ação, e mostra que esse Capitão, de Sam Wilson, precisa lidar com muita ao mesmo tempo nesse pouco tempo de posse do escudo deixado por Steve Rogers. E não só isso, vemos também o novo Cap, lidar com os primeiros dias da administração do Presidente Thaddeus Ross (Harrison Ford que assume pelo falecido William Hurt visto pela última vez em Viúva Negra), mas também com toda a bagagem que vem ao se associar com o político por conta das discordâncias do passado com os Vingadores.
O mais interessante é que Capitão América: Admirável Mundo Novo deixa um extremamente confortável e estralando puro carisma Mackie solto para performar as cenas de ação e que chamam total a atenção aqui, já que o peso de assumir o manto ficou para a série, e o longa, já coloca o personagem no meio de uma conspiração que dá um gostinho de trama de espionagem igual tivemos com Capitão América: Soldado Invernal.
Assim, o longa, pelo menos no começo, se apoia na narrativa de vermos passagens em que somos apresentados para uma história que coloca a trama (e os personagens) para tentar desvendar o que está rolando na medida que suspeitos, explosões e caos tomam conta do Capitólio e, logo depois, nos levam para uma base secreta no meio do nada. Capitão América: Admirável Mundo Novo paga essa fórmula de um filme do Capitão América, coloca os extremamente carismáticos, divertidos e parças, Mackie e Danny Ramirez que retorna como Joaquín Torres, nessa aventura, onde, ao mesmo tempo que costura essa parte trama com todos os eventos que vimos lá em O Incrível Hulk e que ficaram aberto desde daquela época.
Uma que se tínhamos outro Ross, tínhamos não só também outro Bruce Banner/Hulk mas outros personagens que suas histórias não acabaram muito bem. A narrativa do longa então trabalha com que Capitão América: Admirável Mundo Novo seja um filme de ação e espionagem clássico na medida que vemos a dupla investigar os eventos de uma tentativa de assassinato na Casa Branca e que não só coloca diversos agentes, entre eles Isaiah Bradley (Carl Lumbly, visto na série do Falcão e Soldado Invernal), como culpados, mas também prejudica o acordo que o então Presidente Ross precisa fazer com as outras potencias mundiais sobre o grande celestial que tava há filmes (desde de Eternos para seremos exatos) parado no Oceano e que parecia que ninguém estava ligando muito para ele.
Como revelado nos materiais de divulgação, Capitão América: Admirável Mundo Novo já começa a olhar para o futuro do MCU já que um dos materiais encontrado no local se trata de adamantium (a liga que os fãs da Marvel sabem que foi usada na criação do Wolverine, um dos X-Man mais conhecidos). Capitão América: Admirável Mundo Novo olha para o passado, e conclui as narrativas vistas nas produções anteriores, apresenta novos personagens, seja as agentes interpretadas por Xosha Roquemore e Shira Haas (ambas muito boas por sinal), os vilões, Coral com um bom, mas meio que “sério que só foi chamado para isso?” Giancarlo Esposito, com o retorno de um irreconhecível Tim Blake Nelson como o cientista dos filmes do Hulk, o inteligentíssimo (e aqui cheio de efeitos) Samuel Sterns e ainda olha para o futuro na medida que o cobiçado adamantium passa de mão e mão ao longo do filme.
Assim, num ritmo até que bem ágil para contar toda essa história e todos esses arcos narrativos, vemos que Sam precisa correr contra o tempo para descobrir o que está acontecendo e ainda ter tempo de vencer um Hulk Vermelho (o Ross de Ford transformado e que dá para o filme a grande luta de efeitos especiais do final), e sobreviver a tudo isso para seguir na missão de formar uma nova equipe de Vingadores.

Mesmo não sendo nada espectacular ou de tirar o folêgo, Capitão América: Admirável Mundo Novo entrega alguma coisa boa, ali no meio termo, e parece fazer episódio de meio de temporada, onde as coisas avançam, mas não muito e não a ponto de mudar totalmente as regras do jogo, mas que faz um filme que não deixa a peteca cair em nenhum momento. Isso se dá pelo roteiro que entende a jornada e onde o personagem está, com um trabalho sólido de Mackie como o protagonista, algumas piadas aqui, algumas surpresas ali, e algumas participações especiais que ajudam a contar a história e que principalmente não estão ali para serem apenas gratuitas ou muletas por que o filme em si é fraco, por que não é.
Dos efeitos especiais da nova armadura do Capitão América, com asas de vibranium vindas de Wakanda, para os momentos de voo e de ação no ar, para a transformação de Ross para o Hulk Vermelho (sim, agora temos eles em vermelho!) no meio de um discurso, Capitão América: Admirável Mundo Novo faz o feijão com o arroz de uma Marvel que se apoiou nesse tipo de filme lá no começo e é exatamente nessa cartilha que o diretor Julius Onah segue à risca.
Pode não ser um grande evento cósmico, com uma grande reunião de heróis, mas, no final, Capitão América: Admirável Mundo Novo cumpre seu papel em contar uma história que foi feita para agradar e entreter, uma coisa que o MCU faz desde do começo.
Capitão América: Admirável Mundo Novo chega em 13 de fevereiro.