Quem quer brincar de Bodies, Bodies, Bodies? O que poderia ser uma grande trend no TikTok acaba por ser o título de um dos filmes mais divertidos e impactantes do ano. Com Morte, Morte, Morte (Bodies, Bodies, Bodies, 2022), o gênero slasher nunca soou tão in, e cool e precisou um filtro de instagram e uma sólida playlist para ser descolado mais uma vez. Morte, Morte, Morte acaba por uma mistura de gênero que entrega uma crítica social tão poderosa sobre a geração Z enquanto visualmente estilosa.
Marcado por boas atuações de nomes conhecidos de Hollywood em ascensão, Morte, Morte, Morte mostra que, às vezes, não precisamos de um ser mascarado, ou uma ameaça sobrenatural para vermos a verdadeira face do mal: Jovens adolescentes ricas e maldosas.
E isso dá certo pelo fato que a roteirista Sarah Delappe usa como seu maior trunfo a mesma coisa que Morte, Morte, Morte critica, o poder das redes sociais em se criar relações quebradiças e aqui representadas por esse grupo de jovens que se reúnem para passar alguns dias protegidas de um furação em uma mansão isolada. E no meio disso tudo, desses conflitos, temos corpos caindo por aí, onde uma brincadeira entre amigos se torna um cenário de terror.
É como se Delappe usasse o gênero whodunnit para criar essa trama super convidativa e que a diretora Halina Reijn abusasse das cores neon, das jogadas nada tradicionais de câmera, e da pouca luz (por conta da queda de energia!) para nos deslumbrar com esse cenário apocalíptico e de terror. Morte, Morte, Morte ao mesmo tempo que impressiona visualmente com sua descolada ambientação, ainda consegue entregar um filme que tem uma mensagem e uma coisa interessante para se falar. E graças ao texto de Delappe, que é falado por uma ótima Amandla Stenberg, um hilário Pete Davidson, e uma sensacional Rachel Sennott num timing cômico incrível, temos um ótimo filme.
Para mim, o trio rouba a cena e são o que Mortes, Mortes, Mortes tem de melhor em termos de atuação. E fica claro que tem o dedo da produtora A24 envolvida no longa, o estilo mais cult, com um orçamento menor, não tira o brilho que Morte, Morte, Morte tem.
O longa sim é enxuto, e ágil, mas ao mesmo tempo tem a duração ideal para um filme do gênero na medida que precisamos tentar descobrir o que acontece nessa mansão na medida que esse grupo precisa passar a noite juntos. Quem vai sobreviver?
O mais legal talvez de Morte, Morte, Morte seja que ao mesclar o jogo fictício que dá título para o longa, uma versão mais intensa do famoso Gato Mia, só que com shots de bebidas e tapas na cara no início para dar aquela esquentada. E no longa temos dois “jogos” em andamento. O jogo propriamente dito, onde um “assassino” é procurado, e claro, um mistério que começa a se formar na medida que um corpo, de verdade, cheio de sangue, aparece no meio da noite. Assim, Morte, Morte, Morte, coloca esse grupo de jovens para uma noite super perigosa e sangrenta.
E claro, que ao longo da noite, as relações dessas meninas serão colocadas na lupa, onde conflitos do passado, e situações do presente vão ser debatidas à exaustão na medida que a noite se encaminha para seu inesperado desfecho.
Seja o motivo pelo qual a jovem Sophie (Stenberg, ótima) se afastou do grupo de amigas, começou um relacionamento com a jovem Bee (Maria Bakalova) e a leva pela primeira vez para participar de um evento com todos eles, ou a irritante Alice (Rachel Sennott) com seu podcast e seu casinho do Tinder, o já mais velho Greg (Lee Pace), o relacionamento que parece ser perfeito entre a atriz em potencial, e também bastante irritante, Emma (Chase Sui Wonders) e David (Pete Davidson), ou sei lá o que a competitiva Jordan (Myha’la Herrold) tem a dizer sobre suas amigas. Todos esses personagens se reúnem na mansão para gravarem tiktoks, beberem e usarem drogas, até que a energia cai e fica tudo escuro.
Assim, Morte, Morte, Morte vai por plantar diversas pistas sobre quem pode ser o responsável por esses acontecimentos e então usa esses conflitos para nos agraciar com uma linguagem afiada, e fazer uma crítica social para a geração que esses personagens querem representar. É como se tivéssemos um toque de Euphoria dentro de um spin-off de Pânico, menos o assassino do Ghostface.
No final, Morte, Morte, Morte é um dos pontos altos das produções do gênero no ano, num longa imperdível para os fãs de slasher.
Morte, Morte, Morte chega em 06 de outubro nos cinemas.
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