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Bird Box: Barcelona | Crítica: Expansão da franquia é uma para tirar a venda dos olhos para ver

Lançado lá em 2018, o longa Bird Box, ou como chegou aqui, Caixa de Pássaros, estreou com um burburinho gigante na Netflix e movimentou a discussão on-line na época. E não tinha como, ser diferente, estrelado pela mega astro Sandra Bullock, o filme era uma aguardada adaptação do livro de Josh Malerman, realmente mostrou para o que veio, e está aí na lista de filmes mais vistos da plataforma desde então.

Anos depois, e principalmente, uma pandemia depois, chega na plataforma, um longa que se passa no mesmo universo e que expande a franquia de uma forma bastante interessante.

Com Bird Box: Barcelona (2023) o que temos é um longa de suspense feito para se tirar a venda dos olhos para se assistir. Talvez, não tenha o mesmo impacto narrativo e até diríamos cultura que Caixa de Pássaros teve, mas consegue segurar, e prender, a atenção durante algumas horinhas.

A presença do ator Mario Casas, uma figura conhecida para quem acompanha longas espanhóis, e principalmente alguns disponíveis na plataforma, dá o tom um pouco mais sombrio e destrambelhado para essa versão espanhola. 

Bird Box
Mario Casas em cena de Bird Box: Barcelona.
Foto: NETFLIX © 2023. All Rights Reserved.

Bird Box: Barcelona não é um remake espanhol de Caixa de Pássaros, e sim, uma história que se passa no mesmo Universo do longa estrelado por Sandra Bullock, bem no começo da chegada dos seres que ameaçavam a personagem lá no filme americano.

Aqui acompanhamos o engenheiro Sebastián (Casas dentro do seu modus operandis, mas muito bem) que se vê com a filha Anna (Alejandra Howard) no meio do caos, em uma Barcelona deserta, onde eles perambulam pelas ruas, munidos com vendas que tapam seus olhos, contra a ameaça já conhecida, aquela que se você olhar para elas, automaticamente elas te fazem tirar sua vida. 

O roteiro de Àlex e David Pastor, que além de dirigirem o longa, também trabalharam com Casas no suspense A Casa de 2020, consegue ambientar bem o espectador no que é a ameaça que esses personagens enfrentam, o que eles precisam fazer para sobreviver, e também no que eles não devem fazer.

Bird Box: Barcelona também tenta dar uma explicação mais científica do que essa ameaça poderia ser, mesmo que seja tudo apenas sugerido, afinal, os irmãos Pastor penam um pouco quando precisam sair fora do material original, e principalmente desenvolver e apresentar todos os personagens que Sebastián cruza pelo seu caminho pelas ruas desertas de Barcelona. 

Com a trama em zigzag, e que pula entre o passado e presente, para entregar ao espectador um contexto sobre os eventos que levaram Sebastián e sua filha até aquele momento que vemos no presente, Bird Box: Barcelona parece querer construir um quebra-cabeça, mas que dá a pista principal para o que acontece com o personagem, e com a trama, logo em nos primeiros 20 minutos.

É uma reviravolta interessante e que muda toda a nossa concepção sobre esses personagens, sobre a história do filme em geral, e para onde o longa vai no restante trama. E em um ano com The Last Of Us, e até mesmo depois do mega sucesso que foi Um Lugar Silencioso, lançado no ano do longa de Sandra Bulock (e que não aparece aqui!), Bird Box: Barcelona não entregue nada relativamente novo, mesmo que começa de uma forma extremamente sólida. Mas também não consegue manter o ritmo, e oscila, narrativamente falando, demais.

 Gonzalo de Castro, Georgina Campbell, Mario Casas, e Naila Schuberth em cena de Bird Box: Barcelona
Foto: ANDREA RESMINI/NETFLIX © 2023.

É só quando Sebastian cruza caminho com um grupo lá na metade do longa que Bird Box: Barcelona volta a engrenar, mesmo que para nós espectadores, a grande graça do mistério que o longa tinha, se perde cada vez mais. Em termos de estrutura narrativa, e de roteiro, até entendo a opção dos Irmãos Pastor em já contar com a reviravolta logo no começo, mas talvez imagino que seria mais legal segurar o mistério um pouco mais e revelar aos poucos? Quem viu sabe! Não vamos falar abertamente aqui para deixar o espectador experienciar a história ao assistir ao filme. 

Assim, a dupla de diretores demora para colocar Sebastián em contato com o grupo formado pela psiquiátrica Claire (Georgina Campbell, muito bem depois de roubar as cenas no ótimo Noites Brutais no ano passado), Octavio (Diego Calva, depois de sua estreia no irregular Babilônia, também do ano passado), Rafa (Patrick Criado), Isabel (Lola Dueñas), Roberto (Gonzalo de Castro) e a garotinha alemã Sofia (Naila Schuberth) e também para apresentar e desenvolver suas histórias, passados, e como eles vão interagir com a figura do protagonista.

Bird Box: Barcelona então realmente começa a trabalhar esse mix de filme de sobrevivência com o desenvolvimento de todo o arco de Sebastian que foi introduzido momentos antes e também da figura misteriosa do personagem do ator Leonardo Sbaraglia na medida que o texto lida com temas como culpa católica, luto, e tudo mais. 

E por mais que a história deixe um pouco a desejar, Bird Box: Barcelona tem cenas, e decisões de câmera dos irmãos Pastor, muito boas, e realmente imersivas para quem assiste o longa. As tomadas aéreas da cidade de Barcelona, a câmera muitas vezes coladas no rosto dos personagens, ou que mostram as cenas vistas pelas percepção deles, realmente deixam o longa com um tom bastante parece do longa de 2018 e genuinamente fazem a diferença aqui. E principalmente nos momentos enquanto vemos o grupo tentar chegar numa localização misteriosa, um tipo de refúgio, e que precisam não só atravessar a cidade às cegas, mas também, desviar, não só das ameaças misteriosas, mas também de todos os outros perigos humanos que estão lá fora. 

O destaque realmente fica para as atuações de Casas e Campbell que dão um nível de dramaticidade bastante interessante para o longa, onde a história se apoia neles para ser contada da melhor forma possível mesmo com os percalços que temos. 

No final, Bird Box: Barcelona faz um bom filme, sim, e se destaca por conseguir agregar para a história geral que foi contada em Caixa de Pássaros mesmo que as conexões sejam poucas e apenas aparecem como easter-eggs ao longo da trama. Mas o importante é que como um longa isolado, um derivado do filme original, Bird Box: Barcelona consegue caminhar com suas próprias pernas, e entrega uma aventura bacana de passar algumas horas, e definitivamente uma de se tirar a venda para ver e assistir…

Avaliação: 3 de 5.

Onde assistir Bird Box:Barcelona?

Bird Box:Barcelona está disponível na Netflix.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

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