O ator Hugh Jackman protagoniza o longa Caminhos da Memória para a Warner Bros. e em um bate-papo, o veterano de Hollywood comenta sobre como foi trabalhar com sua colegas Thandiwe Newton e Rebecca Ferguson no filme, sobre o que é para ele o longa, e claro, diz qual seria a primeira memória que viria a tona se ele entrasse no tanque visto no filme.
Com direção de Lisa Joy, da série Westworld, Caminhos da Memória acompanha um cientista que descobre uma maneira de reviver seu passado e usa a tecnologia para pesquisar um amor há muito perdido.
No longa, Jackman é Nick Bannister, um investigador particular da mente, navega o mundo sombrio do passado ajudando seus clientes a acessar memórias perdidas. Vivendo nas margens do litoral da Miami submersa, sua vida muda para sempre quando ele aceita uma nova cliente, Mae (Ferguson). Uma questão simples de achados e perdidos se torna uma perigosa obsessão. Ao lutar para descobrir a verdade sobre o desaparecimento de Mae, ele descobre uma conspiração violenta, e terá que responder à pergunta: até onde você iria para manter as pessoas que ama por perto?
Lisa Joy disse que você era o ator que ela tinha em mente quando escreveu Nick Bannister e que você era a inspiração dela. Poderia comentar um pouco sobre essa primeira reunião que vocês tiveram e suas ideias quando lia o roteiro pela primeira vez?
Hugh Jackman: Ela disse isso mesmo quando a gente se encontrou, mas talvez eu tenha estado em filmes por muito tempo. Eu tava: Hum será que sou? Não tenho certeza. Será que foi apenas o Brad [Pitt] que recusou esse papel? Ou foi Leo [DiCaprio] e Brad. Não tenho certeza. Diz ele de forma bem humorada.
Ela fez uma convincente história e eu estou muito honrado. Eu sou um grande fã de Westworld. Então no momento que eu a conheci eu sabia que estava em boas mãos. Ela me chamou para uma reunião e me mostrou algumas imagens no computador antes de eu ler o roteiro, o que é uma coisa não muito comum. Então eu ouvi a apresentação dela e pensei: “Eu tenho certeza que vou fazer esse filme mesmo sem ter lido o roteiro”. (…) E logo depois, já 20 páginas depois que eu comecei a ler o roteiro, eu virei para o meu agente e disse: “Eu não terminei de ler e eu absolutamente irei fazer”. Eu achei um mundo tão legal, tão original, tão surpreendente.Eu não fazia ideia para onde a história ia, e certamente não vi onde ia terminar. Eu só pensei que era um papel diferente para mim.”
No filme, Joy une vários gêneros dentro dele e brinca com eles ao longo do filme. Para um ator isso deve ser incrível. E o que você fez, e como você fez, para criar o tom certo para Nick Bannister ?
Hugh Jackman: Eu totalmente concordo com você. Ela faz isso e eu acho que ela faz de propósito isso é isso que é tão legal. Nesse filme, quando eu lia, eu pensava, nossa agora eu estou na parte mais Humphrey Bogart [um dos atores mais conhecidos da Hollywood clássica e vencedor do Oscar de Melhor ator em 1951] do filme. E depois, ah não, não estamos mais nessa parte, nós vamos para todas essas direções. Ela cria esses clássicos personagens, a mulher fatal, interpretada pela atriz Rebecca Ferguson, a leal secretária, que pode estar realmente apaixonada pelo Nick, interpretada por Thandiwe Newton. E logo quando você menos imagina, você não está mais ali, você apenas vai para um caminho que nunca pensou que você iria. Achei incrivelmente animador e energizante, diferente e original, certamente lendo e fazendo o filme. Espero que a audiência também ache.
Poderia comentar como foi trabalhar com essas duas atrizes maravilhosas e poderosas?
Hugh Jackman: Eu fui incrivelmente sortudo. Elas são duas atrizes incríveis. Eu gosto muito delas. Eu já tinha trabalhado com Rebecca, claro, antes, em O Rei do Show, então eu já conhecia ela. E eu faria mais um 100 filmes com a Thandiwe, ela é apenas fenomenal, super divertida, eu também gosto muito dela. No filme, elas são personagens muito fortes. O amor obsessivo é a Mae, interpretada por Rebeca, e é uma relação não muito comum para Nick. Nick é uma pessoa muito reservada, ele não daqueles que se apaixonam por qualquer garota. Ele é um homem um pouco machucado no começo do filme. E então ela vem, muda a vida dele muito rapidamente e desaparece. Ele não tem nenhum conhecimento sobre onde ela está e o amor deles se torna uma obsessão para ele. Ele embarca em um caminho muito sombrio.
Já com Watts, interpretada por Thandiwe, ela e Nick são parte do mesmo grupo. Eles são amigos há muito tempo, são extremamente leais, melhores amigos. Existe alguma coisa a mais? Eu deixo para a audiência descobrir, mas ela certamente tem uma relação muito única e especial com Nick. Ela é a melhor coisa da vida dele.
E ainda sobre Lisa Joy e pensando que Caminhos da Memória é seu primeiro filme na direção, como foi trabalhar com ela atrás das câmeras?
Hugh Jackman: Eu sei que é o primeiro filme da Lisa, mas de toda forma, se ela não tivesse me falado isso, ou se eu não tivesse dado um google, você nunca iria pensar nisso. Literalmente, ela é uma das diretoras mais seguras que eu já trabalhei. E ainda atua como roteirista. (….) Quando ela chega no set de gravação, temos mais que apenas storyboards, ela sabe exatamente o que quer… e a forma que ela consegue descrever para todo mundo. Para os atores, a equipe de produção, os dublês, todo mundo. “Essa é a forma que eu vou gravar. Isso é o que eu preciso”. E ela faz isso de uma forma tão corajosa que eu ninguém mais fez. Muitas das coisas do filme foram gravadas em câmera. A máquina das memórias, por exemplo, não foi feita via efeitos especiais. Eles gastaram quase um ano para criar.
Se você vai para uma escola de atuação, não tem um professor que dá aulas de direção que te diga para você tentar inventar uma nova forma de gravar alguma coisa assim na sua primeira vez nos filmes. Ela é incrivelmente corajosa e colaborativa e teve ótimas pessoas perto dela. Ela confia neles e trabalha de uma forma que permite as pessoas se sentirem envolvidas. Eu trabalharia com ela de novo num piscar de olhos.
Se você pudesse estar em um tanque de memórias agora, o que seria a primeira memória que você gostaria de resgatar?
Hugh Jackman: A primeira coisa que eu gostaria de voltar era para quando eu fosse mais jovem. Eu tenho 52 anos e tem alguns buracos na minha memória de quando eu era super jovem. Eu ia amar completar algumas lacunas de coisas que meus irmãos e irmãs não podem, e que eu não lembro também. Coisas divertidas, coisas legais, e interessantes. Eu iria amar ver novamente esses momentos e sentir eles de novo. Eu iria amar voltar para os anos iniciais dos meus filmes , por exemplo o primeiro dia deles. Meus dois filhos são adotados e eu estava no nascimento do meu filme e da filha. Eles têm 15 e 21, mas eu iria amar voltar para esses anos iniciais.