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“Mufasa foi pai de muita gente que assistiu O Rei Leão desde pequeno” afirma Pedro Caetano, dublador do personagem em Mufasa: O Rei Leão

O processo de escolha do dubladores para Mufasa: O Rei Leão seguiu a linha lá do primeiro filme, lançado em 2019, e que escalou Ícaro Silva como o leão Simba.

Assim, ao lado de Silva, temos também a cantora Iza, como voz de Nala. No novo filme, através de flashbacks, conhecemos Mufasa, um filhote órfão, perdido e sozinho até que ele conhece um simpático leão chamado Taka – o herdeiro de uma linhagem real. O encontro ao acaso dá início a uma grande jornada de um grupo extraordinário de deslocados em busca de seu destino. Seus laços serão testados enquanto eles trabalham juntos para escapar de um inimigo ameaçador e mortal. 

E o elenco de vozes ainda é formado por Pedro Caetano que dá voz para o protagonista Mufasa, para Hipolyto como a voz de Taka, de Luci Salutes como a voz de Sarabi e também de Eduardo Silva como a voz nacional Rafiki.

Em evento em São Paulo para promover o filme, o grupo comentou as principais dificuldades para se trabalhar no longa, os desafios, e algumas curiosidades de bastidores da dublagem.

Taka e Mufasa em cena de Mufasa: O Rei Leão. Foto: © 2024 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.

O grupo de atores comentaram muito sobre a questão de representatividade que estar por trás das câmeras na dublagem de Mufasa: O Rei Leão trouxe para eles.

O longa começa com uma grande homenagem para James Earl Jones, que deu a voz para Mufasa na animação de 1994 e que faleceu em Setembro com 93 anos. Pedro Caetano comenta sobre dar voz para o personagem no novo filme e como o processo de criativo para ele e como foi chegar no tom de voz para essa versão do leão.

Esse filme, por exemplo, me trouxe a oportunidade de entender, por que a gente tinha uma voz como a voz do James Earl Jones fazendo o Mufasa. O que significa essa voz? Porque a gente poderia tranquilamente ir para uma fórmula, né? Olha, “O Mufasa fala grave” e é isso? Vamos falar assim então porque vai ficar legal e é bacana. E aí quando você tem a oportunidade de limpar, limpar e suas referências, né? Claro que muita coisa já tá em você, muita coisa já você é atravessado por aquilo, mas você tem oportunidade de limpar sua referência e trazer qual é a sua ideia sobre aquilo que está sendo colocado, né?

É o que como que isso me atravessa especificamente. Como que essa informação ou como essa interpretação, como que essa construção parte diretamente do meu interior assim de dentro de mim. O que que eu posso trazer para isso, né? E isso para mim tem funcionado assim, tem tem funcionado como criação, como uma uma forma de revirar o que eu tenho dentro de mim para saber o que que eu posso emprestar para aquele personagem, como aquele personagem atravessa o que tem dentro de mim também. E foi uma conexão que que eu acabei fazendo nesse processo que quando eu cheguei a minha preocupação foi exatamente essa. Eu não tenho a voz do James Earl Jones, então ferrou? E eles falaram cara, mas como faz ainda não é o Mufasa, é uma fase que tá se formando. Como faz então como você forma o Mufasa?

E aí por isso eu falei tanto da minha filha, porque assim como eu me formo, me transformo em Mufasa! E aí eu tentei trazer esse lugar e, às vezes, é a segunda vez que eu assisto, e tem momentos que eu tô assistindo e falo: “Putz tem momentos que eu acho que eu fiquei tão blasé na dublagem”. Mas eu acho acho que é justamente esse essa busca dele interna de antes de eu ser reativo, antes de eu simplesmente colocar tudo para fora, antes de eu tentar lidar com isso aqui de forma impulsiva, e como eu absorvo isso, e como eu encontro a melhor forma de colocar isso para fora.

Então eu sinto que o Mufasa, nesse filme, é um personagem muito reflexivo é uma personagem que abraça muito o aprendizado que ele precisa ter né? Eu sinto que o Taka é o personagem que acaba falando mais, né? Ele tem tem tem momentos dele que são mais para fora e o Mufasa tá sempre tá muito nesse processo de tem lugares que eu preciso me conectar internamente assim. Então acho que a minha o meu processo criativo foi um pouco nesse lugar assim, cara deixa entender como que isso reverbera em mim, para que eu possa devolver. E aí eu acho que foi esse resultado assim.

Eduardo Silva, que dá voz para o macaco Rafiki no longa, comenta sobre o processo de dublagem e algumas curiosidades sobre o projeto. “O trabalho [de dublagem] é muito direto e objetivo né? Para ser o mais rápido possível, então cada um vai lá e dubla as suas falas direto. Isso faz com que tenha um ganho de tempo. Então a gente acaba não tendo ideia de como que vai ficar o filme, como que fica o todo, né?” comenta.

E continua: “Então, por exemplo, a cena com as músicas, né? Teve um dia que eu fui, gravei a minha a minha parte e aí depois outras pessoas foram gravar suas partes, cada um a sua, e quando a gente vê o todo, e todos nós juntos e fala assim: Nossa como fica lindo, né? Os quatro junto sabe? Por que geralmente em teatro a gente ensaia junto, né? E eu tinha feito o teste pro Rafiki jovem e para o Rafiki velho. O Fábio [Azevedo, diretor de dublagem] me chamou e ele achou que eu ia ser aprovado pra fazer o Rafiki velho e acabaram me escolhendo para fazer o Rafiki jovem e eu fiquei muito contente. Fiquei muito feliz, principalmente porque a gente tá com elenco de dubladores majoritariamente negro, né? E isso é uma coisa muito legal e mesmo nos filmes que são com atores, né? Que não é animação. Antigamente eram chamados atores negros para dublar outros atores e atrizes negros também e agora essa coisa está deixando de acontecer. Então isso é muito importante também, né? Que tanto na animação quanto nos filmes que não são de animação a gente consiga ter mais espaços como na sociedade como um todo né? Isso é maravilhoso também.

Sarabi, Taka, Mufasa e Rafiki em cena de Mufasa: O Rei Leão. Foto: © 2024 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.

E ainda sobre o que O Rei Leão representa para eles, a cantora e dubladora Luci Salutes comenta um pouco sobre a sua relação com a animação e ainda sobre dar voz para a Sarabi.

Eu tenho 30 anos, O Rei Leão existe há 30 anos, eu tive a honra de conhecer a Graça Cunha [que deu voz para a Sarabi na versão de 2019]! É uma voz que me acompanhou em vários momentos diferentes essa canção em especial e muitos momentos me salvou sabe me recolocou e poder dar a voz para Sarabi nesse momento da vida é muito especial.”

Ela completa: “A gente fala de um momento em que nossos rostos pretos também se colocam potentes vivos presentes e isso tem acho que tem muito significado assim, mas a gente tava falando sobre isso no domingo, como é importante o legado, né? E nós estamos aqui jovens e as crianças também já estão aqui dublando, olha aí o Cauêzinho, um pretinho lindo dublando, então é realmente uma história que não tem fim e poder existir da voz faz com que isso seja eterno, né? A gente tem uma uma dimensão, às vezes, um pouco equivocada do que é eternidade até né? E a eternidade tá aqui. Tá no fato de existirmos e sermos sempre através dos outros. Acho que eu sempre penso nisso quando eu vou fazer todo e qualquer movimento artístico, quando eu dou um passo, eu nunca sou só eu, eu sou uma multidão porque eu carrego os que vieram antes de mim, os que estão comigo, e os que virão. Então viver a Sarabi hoje, significa pra mim isso, ser essa multidão.”

Para Pedro Caetano, tanto O Rei Leão quanto Mufasa é uma referência enorme e ainda uma coisa que está presente na sua vida durante anos.

O dublador comenta: “Cara, o Mufasa para mim é uma referência assim que já tá na minha vida tem 10 anos, quando eu fiz o musical em 2013, fiz o Mufasa no musical também, fui para o México fazer O Rei Leão lá, e fiz o musical lá também, então são três anos de teatro vivendo Mufasa e a minha filha nasceu quando eu tava fazendo Mufasa no teatro, então eu sinto que eu meio que aprendi a ser pais junto com ele, né? Porque ele também tava aprendendo a ser pai ali com o Simba. Então faz para mim virou justamente essa referência essa essa referência de responsabilidade mesmo, né essa referência de legado.”

Ele completa: “Então acho que é isso para mim, o Mufasa tem esse peso, tem essa responsabilidade, Mufasa tem esse papel, sabe? Acho que o Mufasa foi pai de muita gente, que que assistiu O Rei Leão desde pequeno. Talvez, seja uma das grandes referências de de paternidade preta que a gente tenha, sabe? De todo esse tempo até aqui então para mim eu eu aceitei esse papel com todo esse peso com toda essa responsabilidade.”

Já para Hipolyto, um dos principais desafios para dar voz para Scar, ou como no filme é conhecido, Taka foi lidar com o peso do legado de O Rei Leão. O ator comenta: “Olha eu acho que formos falar de desafio, eu tô falando isso, desde que, enfim que anunciaram [que eu ia dublar o personagem]. Então, a ficha ainda tá caindo para mim, de verdade. Eu eu não não acreditava, eu não voltava a fé que eu passaria para esse personagem. Porque de fato é um personagem de muito peso muito emblemática, acho que a história do Rei Leão é né? Mas o Scar cara!”

“Eu fiquei muito chocado, muito mesmo, eu fiquei muito surpreso, muito feliz, mas muito surpreso assim de caraca, que responsa assim, né? E desde o início foi esse desafio para mim sabe chegar, ter essa confiança, e de falar: “Mano, será que eu consigo mesmo?” Eu acho que o grande desafio, se tratando de dramaturgia mesmo, assim foi entender esse esse essas viradas do Scar! Porque é isso, ele não começa como Scar né? Ele não é o Scar, primeiro, ele é o Taka, então ele precisava se soltar, cara e depois essas coisas iam chegando, então consegui passar essa energia. Acho que esse daí foi o o grande pulo do gato assim sabe tipo, esse desafio, foi um bem presente quando a gente tava fazendo esse trabalho.”

Com roteiro de Jeff Nathanson e direção de Barry Jenkins, o longa chega nos cinemas nacionais em 19 de dezembro.

Assista o trailer dublado:


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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