quinta-feira, 21 novembro, 2024
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As Golpistas | Crítica

Para dar errado As Golpistas (Hustlers, 2019) tinha diversos fatores correndo a seu favor. Seja a história meio Robin Hood, um orçamento mais modesto, a mudança de estúdio no meio da produção, e etc. Mais aqui, A Golpistas abre suas pernas, dá um salto em carrossel em cima do palco, e faz um longa divertido, com um roteiro caprichado e inteligente em sua proposta, e marcado por poderosas e comoventes atuações.

As Golpistas não só entrega um dos melhores filmes do ano, como deixa sua marca ao fazer Jennifer Lopez caminhar com seus saltos agulhas rumo à temporada de premiações. Aqui, como a chefona Ramona, J.Lo brilha tanto como as jóias que sua personagem compra ao liderar um grupo de dançarinas que aplicam golpes contra os endinheirados executivos de Wall Street.

Jennifer Lopez and Constance Wu in Hustlers (2019)
As Golpistas – Crítica | Foto: Diamond Films/STX

E muito do filme dar certo, se dá graças ao olhar afiado da diretora Lorene Scafaria que realmente consegue conduzir As Golpistas de uma forma que nos desperta um senso de curiosidade gigante para saber mais sobre essa história curiosa e baseada no artigo da jornalista Jessica Pressler.

E bem mais do que se apoiar em soluções fáceis, ou que dependem de um tom pejorativo para descrever o grupo de strippers, Scafaria trabalha toda a situação de uma forma elegante e completamente disposta a apresentar todos os ângulos possíveis da história.

Aqui, vemos a trama se desenrolar quando Destiny (Constance Wu, ótima) conta para uma jornalista (Julia Stiles) sobre os tempos que atuava numa boate em Nova York. Via flashbacks, descobrimos que estamos na década de 2000, onde os EUA vivem uma de suas melhores décadas em termos de dinheiro aplicado na bolsa de valores, hipotecas, e juros anuais que garantiam enormes lucros, onde todo mundo em Wall Street parece ter seu milhão. E ao mesmo tempo, as dançarinas também ganham seus bons trocados com a vastidão de clientes do mercado financeiro que choviam dólares nas boates da cidade.

E assim, As Golpistas conta em seu início essa história de Cinderela moderna, onde se apoia em uma edição super caprichada, e embalada ao som de Gimme More da cantora Britney Spears para conseguir fazer um paralelo ao mesmo tempo esteticamente impecável, e muito bem montado, para contar essa época de auge, ganância, e fartura.

Mas a crise nos anos 2007 do mercado imobiliário vem aí… E puff… tudo some, tudo vira deserto, tanto em Wall Street quanto nas boates, e as pessoas precisam se virar para conseguir dinheiro para pagar suas hipotecas, e claro, sobreviver.

As Golpistas – Crítica | Foto: Diamond Films/STX

E então As Golpistas se torna um drama sobre controle, sobrevivência, e claro, de quem é o mais esperto, e isso, apenas, contribuiu e muito para a qualidade narrativa que o filme entrega. Aqui, Ramona (Lopez, no auge de sua atuação e beleza) começa a bolar um plano para ganhar um dinheiro por fora das tradicionais gorjetas que elas recebem: drogar seus clientes e estourar o limite de crédito de seus cartões. Eles gastaram fortunas numa boates não é mesmo? Que mal tem….

Mas fica claro que o esquema é perigoso, ilegal, e controverso, mas como falamos, Scafaria nunca defende, ou apoia, o grupo de dançarinas, apenas conta sua história. Em meio aos momentos tensos que a consequência da crise mostra, As Golpistas tem momentos hilários que servem para quebrar um pouco a tensão das partes mais dramáticas que ficam quase todas no colo de Wu que domina a cena. E para isso, o longa se cerca das atrizes iniciantes como Keke Palmer e Lili Reinhart que dão conta do recado quando inseridas na trama aos poucos. Em As Golpistas até mesmo as próprias cantoras Cardi B e Lizzo tem seus momentos de destaque. O elenco parece trabalhar com forte presença, e esbanjam química entre elas, onde realmente Wu e Lopez fazem uma das duplas mais complexas do ano.

No final, embalado com uma paleta de cores deslumbrante, As Golpistas entrega um filme incrível, caprichado e que parece ter deixado quem trabalhou nele, desde da diretora até as atrizes, confortável em estar ali.

Em As Golpistas, a produção faz um ode para os injustiçados numa profissão marginalizada, onde Scafaria consegue colocar um olhar humano e vivido, mesmo que um pouco glamorizado, sobre um grupo de mulheres em busca do seu ganha pão, numa história onde o dinheiro e poder andam juntos lado a lado, assim como, notas de dólares e lap dance.

Nota:

As Golpistas chega nos cinemas em 05 de Dezembro.


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
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