Aqueles Que Me Desejam a Morte (Those Who Wish Me Dead, 2021) é um daqueles filmes que até desejam ser bons, afinal tem a combinação de nomes conhecidos no elenco e uma premissa interessante que poderia se desenrolar ao longo do filme. Mas o longa estrelado por Angelina Jolie (na primeira da suas duas produções no ano, num retorno depois de algum tempo) deixa a desejar e queima todas as possibilidades interessantes que poderia ter.
Ao colocar um grande incêndio como mais um obstáculo para os personagens enfrentarem, Aqueles Que Me Desejam a Morte faz um filme com muitas peças que precisam ser encaixadas ao mesmo tempo, e ao fazer isso, parece que o roteiro do trio Taylor Sheridan (que também dirige o longa), Charles Leavitt e Michael Koryta (que escreveu o livro que o roteiro se baseia) atira para todos os lados. E ao não saber para onde focar, se vamos ter um filme de ação de tirar o fôlego, ou vamos ter um drama de desenvolvimento de personagens, Aqueles Que Me Desejam a Morte acaba pr se tornar um filme, um pouco cansativo em termos de conseguirmos acompanhar sua estrutura narrativa.
Acontece tanta coisa no filme, e roteiro entrega tantos momentos que você acha que trama vai para um lado, mas acaba por ir para a outra (assim como o vento que a personagem de Jolie erra em calcular) que fica difícil ver qual é o norte que Aqueles Que Me Desejam a Morte quer tomar. Diversas situações surgem e passagens que o longa se apresenta ao longo das suas 1h40 min que nem mesmo, as belíssimas paisagens e o senso de escala que os longos trechos de mata no coração dos EUA deixam o filme ficar interessante. E isso vai desde de combater o grande incêndio que toma conta da região, passando pela personagem completamente bad-ass de Jolie, até que a criança que é perseguida por uma dupla de assassinos de aluguel, até mesmo pelo Xerife da cidadezinha e sua esposa habilidosa.
Claro, para os amantes de filmes sobre desastres naturais, Aqueles Que Me Desejam a Morte entrega um imprevisível e devastador filme, mas acho que o diretor Taylor Sheridan tenta fazer com que as relações entre esses personagens sejam mais importantes do que o grandioso incêndio que toma conta. E como falei, um dos poucos destaques para mim em Aqueles Que Me Desejam a Morte fica com as tomadas aéreas e o sentimento que tudo pode mudar, e que ninguém pode sair vivo, quando o fogo começa a se espalhar. Esse sentimento de tensão e imprevisibilidade que o diretor imprime é uma das poucas coisas acertadas no longa.
Na trama conhecemos Hannah (Jolie, bem) uma bombeira com um passado atribulado que vive com peso na consciência após um incêndio florestal ter matado diversas pessoas e ter feito a equipe comandada por ela se salvado por muito pouco. Jolie até segura na carga dramática para nos apresentar essa personagem e consegue construir uma certa conexão com ela, onde precisávamos de alguém com o porte da atriz para entregar isso em tão pouco tempo em tela, mas a forma como que o roteiro e o filme de maneira geral apresenta tudo isso é tão simples, tão fraco, que fica claro a intenção dos roteiristas de colocar a personagem na história apenas por colocar-lá em novo teste e vermos a busca de Hannah por redenção.
Aqueles Que Me Desejam a Morte coloca a personagem que ainda lambe suas feridas por conta dos eventos no encontro do jovem Connor (Finn Little) um adolescente que se vê em fuga com o pai Owen (Jake Weber), um contador que parece estar envolvido com algumas atividades ilegais. O que exatamente e quem o persegue? Fica no ar. Mas o longa consegue criar um sentimento de tensão e de importância para o que Owen descobriu que gera uma perseguição interessante ao longo do começo do longa. Aqueles Que Me Desejam a Morte de forma paralela, trabalha para apresentar essa história, e esses personagens de uma forma individual até que todos eles se juntam quando o grande incêndio começa e a dupla de assassinos profissionais Jack (Aidan Gillen, ótimo aqui) e Patrick (Nicholas Hoult) precisam sequestrar o menino, e as provas que ele carrega depois que o pai é assassinado, e então todos eles precisam escapar do fogo que cresce a cada minuto.
Particularmente, achei os personagens de Gillen e Hoult a melhor coisa do filme, e eles estão muito bem juntos como esses personagens. Uma das cenas logo do começo do filme, onde vemos eles fingirem serem da polícia e da companhia de gás para entrar numa casa, e logo depois vermos, o local explodir e eles tratarem o fato sem a menor cerimônia, um bom começo para dar o tom do filme.
Nem tudo cheira mal, como plástico queimado, em Aqueles Que Me Desejam a Morte entrega algumas cenas de ação bem interessantes, realistas, e que realmente combinam com ver o filme numa tela grande, destaque principalmente para todas que envolvem a perseguição de Hannah e Conner na torre de observação e para alguns momentos mais dramáticos do filme como algumas passagens que mostram os personagens dos atores Jon Bernthal, o Xerife Ethan e sua esposa grávida Alisson (Medina Senghore) que se veem envolvidos na perseguição ao garoto, mas que usam as táticas de sobrevivência do acampamentos que comandam de uma forma bem surpreendente. Mas ao assistir o filme, sinto que ao mesmo tempo, que o longa não se preocupa em ser cuidadoso com algumas passagens e com alguns momentos para unir todos esses personagens sem ser pelo fato de pura conveniência narrativa e para fazer tudo cair bem em tela.
No final, por mais que tente ter uma combinação explosiva Aqueles Que Me Desejam a Morte apenas entrega bons momentos num satisfatório filme ação. Pela quantidade de bons nomes envolvidos, e pelo que o diretor já entregou em outros projetos, sinto que o longa poderia ser mais do que é? Absolutamente sim.
Aqueles Que Me Desejam a Morte disponível nos cinemas nacionais que estão abertos pela Warner Bros.
O Arroba Nerd viu o filme em uma sessão para jornalistas feita pela Warner Bros. que seguiu todas as regras e recomendações das equipes de segurança.