O longa de terror russo A Viúva das Sombras (The Widow, 2021) foi uma das apostas da Paris Filmes nas últimas semanas como uma opção entre a programação fraca que os poucos cinemas que estavam em aberto. Mas realmente será que era uma boa opção? Claramente não. Não funciona como drama sobrenatural e nem como terror.
A Viúva das Sombras faz o típico filme que chamamos de Found Footage, no velho e bom português, aqueles de filmagem caseira, mas nem mesmo a câmera tremida, o sentimento de antecipação angustiante do que pode vir pela frente, e um, ou dois, sustinhos ajudam a o filme a valer a pena. A trama extremamente simples, o roteiro cheio de conveniências e atalhos que chegam até insultar a nossa inteligência, e a dublagem em inglês por cima das falas dos atores prejudicam demais a experiência que é acompanhar essa história.
No fundo até que temos uma boa ideia em termos de história, que é baseada em eventos reais que aconteceram no país de origem do filme, mas em seu formato narrativo A Viúva das Sombras não sabe trabalhar com o pouco que teria para oferecer. No longa acompanhamos uma repórter (Anastasiya Gribova) e sua equipe de filmagem que vão para a mata para fazerem uma matéria sobre o time de profissionais de resgate que trabalham na região.
Assim, ao mesmo tempo que vemos A Viúva das Sombras adentrar a floresta, pela noite, e cheia de neblina, com uma visualização bem difícil e escura de ver, temos também os personagens do longa na mesma situação. Por conta do seu formato, A Viúva das Sombras faz o espectador parecer estar lá junto com a equipe de resgate e a de produção, e talvez isso, acabe por ser um dos pouco pontos positivos que o longa tem, afinal o sentimento de angústia e tensão é bem sentido e mostrado, afinal, estamos no meio do nada, juntamente com personagens que estão na busca de um garotinho desaparecido.
Enquanto A Viúva das Sombras foca na parte do desaparecimento do jovem, e toda a parte que envolve explicar o como e a forma que eles trabalham nessas buscas, o roteiro também começa a dar pistas de seu drama mais sobrenatural. A região é lar de muitas lendas, e uma delas, se trata do um espírito de uma moça viúva que anda pela região, e assombra o local, depois que segundo dizem os moradores locais, ela matou seu marido e foi perseguida pelos vizinhos há muitos anos. Segundo a lenda, agora ela vaga a região onde na mesma época do ano (que curiosamente é o momento onde a equipe de produção da história está) procura pessoas para seu sacrifício. Assim, o time sempre investiga o desaparecimento de pessoas que seus corpos são achados logo depois, e todos eles nus.
A Viúva das Sombras então começa a unir essa parte mais real da busca pelo garotinho com a parte mais mística da lenda, onde realidade e sobrenatural, acabam por se juntar na história e fazem os personagens se questionarem o que é real e o que não é. E realmente, como falamos, A Viúva das Sombras não acerta em nenhum deles, passei bons minutos olhando para a tela com a cara de aborrecimento e esperando os minutos passarem e também pensando que poderia estar fazendo qualquer outra coisa do que assistindo o filme. Quase limpei meu apartamento vendo o filme.
No final, A Viúva das Sombras entrega uma opção fraca para os amantes do gênero que tenta surfar nessa popularização do terror de baixo orçamento e que foca muito mais em criar uma ambientação mais claustrofóbica e tensa do que efetivamente usar tudo isso aliada com uma boa história por trás e realmente agregue para o longa. O único grande susto que levei mesmo foi pensar no que se passou na minha cabeça quando resolvi dar play no filme.
A Viúva das Sombras disponível em cinemas selecionados e que estão abertos seguindo os protocolos de segurança.