A Rebelião (Captive State, 2019) tem toda a cara e o jeitão de um filme ficção científica, mas acaba por ser muito mais que isso, e faz uma produção que mescla e mistura diversos outros pequenos subgêneros dentro de si.
Aqui, temos, assim, um forte sci-fi, com um filme de assalto, de espionagem e conspiração, e ao juntar tudo isso em menos de 2 horas, faz um longa com uma trama até que interessante e intrigante, mas também, densa, cansativa e que suga o espectador num vai e vem enorme de arcos narrativos confusos com diversos personagens.
A Rebelião acompanha grupos distintos e contrários que lutam entre si, após uma grande invasão alienígena que domina as principais cidades do mundo. Vemos, logo no começo, que essa ocupação se dá globalmente, mas aqui em A Rebelião, a história acompanha, apenas, uma parte pequena dessa grande mudança que o mundo vive.
O roteiro de Rupert Wyatt, que também dirige o filme, leva tempo para ambientar o espectador nesse novo mundo. Por mais ágil que as passagens passem, elas se apoiam em efeitos especiais e truques para dar um ar tecnológico enorme para o filme. Aqui, tudo é moderno e cibernético, onde o filme máscara seus problemas com a ajuda desses aparatos tecnológicos, seja ele humano ou de presença alienígena.
Em termos de atuação, A Rebelião tem uma forte presença de John Goodman que faz um personagem complexo e cheio de camadas, onde o espectador nunca sabe o que esperar do detetive Mulligan que está na cola da misteriosa organização. Mas, o grande problema que A Rebelião tem, é a quantidade de personagens que a trama apresenta. O filme introduz pessoas que desaparecem rapidamente, principalmente nomes conhecidos como Vera Farmiga e Madeline Brewer, o que deixa o ritmo do filme muito truncado e difícil de acompanhar.
Para nós, se longa se fosse vendido como uma grande série de TV teria uma impacto muito maior, afinal, em história e mitologia A Rebelião parece ter e de sobra. Como falamos, o filme mistura vários gêneros e peca por uma falta de uma estrutura narrativa bem desenvolvida, onde aqui, temos o ator Ashton Sanders (talentoso) como Gabriel, um rapaz que é recrutado para a facção rebelde que quer neutralizar a ameaça alienígena na cidade de Chicago.
O ator entrega uma boa atuação, sem dúvidas, mas como falamos, o zigue-zague de personagens e de histórias, não o fazem assumir efetivamente o papel de protagonista. O restante do grupo passa batido, não ganhando destaque nem quando o filme foca no plano para destruir uma comitiva alienígena que visitará a Terra.
A produção visualmente é bem caprichada, tem até uma atmosfera escura e sombria, que ajuda a deixar o espectador com ares de dúvidas, e de suspeitar de todos os personagens. Os efeitos visuais, principalmente das criaturas alienígenas invasoras, são bem feitos e passam um ar bem assustador em varias partes.
A Rebelião compensa sua trama meio confusa com um final coeso, que amarra as pontas de uma forma super válida, que ajuda a ver o quadro geral do filme e a idéia que o diretor quis passar, mas o caminho até ela é tortuoso e completamente não linear. Basta ver se isso é o suficiente para o grande público.
A Rebelião chega nos cinemas em 28 de março.