sexta-feira, 22 novembro, 2024
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A Máfia dos Tigres | Crítica

A nova minissérie documental da Netflix estreou no final de Março, em plena quarentena, e realmente se tornou a nova obsessão dos usuários por conta de sua história insana, surreal, e incrivelmente pirada. No original, A Mafia dos Tigres tem como título de Tiger King: Murder, Mayhem and Madness, em tradução livre, de Tiger King, Assassinato, Caos, e Loucura e essa é a própria definição do que esperar ao embarcarmos na excêntrica história dos criadores de animais exóticos dos EUA.

Tiger King: Murder, Mayhem and Madness (2020)
A Máfia dos Tigres | Crítica | Foto: Netflix

A Máfia dos Tigres tem tigres ferozes, relacionamentos poliamorosos tanto hétero quanto homossexuais, e suspeitas de assassinatos que faz do documentário um reality show dos mais absurdos possíveis, com personagens tirados de um filme de ficção de tão fora do comum que eles se apresentam.

Com 7 episódios, A Máfia dos Tigres faz um olhar minucioso sobre essa peculiar comunidade de amantes de animais selvagens que movimentam milhões de dólares, e nos brinde com seus conflitos, suas alianças, e suas histórias tanto de sucesso, quanto principalmente de fracasso. 

A série documental da Netflix embarca numa espiral de loucura, dinheiro, drogas e processos judiciais que literalmente coloca o espectador na boca do leão ferroz ao apresentar essas figuras deslumbradas pela fama, pela atenção, e pela quantidade dinheiro envolvida. A Máfia dos Tigres se concentra principalmente na grande rivalidade entre o cantor country e personalidade da mídia Joe Exotic, e sua principal adversária, a ativista Carole Baksin, onde ambos representam dois lados com opiniões bastante apostas em relação ao trato de animais selvagens, mas que no final, acabam por ser farinha do mesmo saco. Ele comanda um zoológico no Estado de Oklahoma, já ela é uma conhecida ativista pelos direitos dos animais, mas que também é proprietária de um chamado refúgio para grandes felinos.

A Máfia dos Tigres fala sobre a adoração das pessoas por animais considerados selvagens como leões, tigres, e panteras, e essa ideia que eles possam viver domesticados, junto com os seres humanos no dia-a-dia. Os primeiro episódios de A Máfia dos Tigres começam a mostrar o fascínio dessas pessoas com o sentimento de aventura, perigo e a sensação de poder que os animais os dão quando estão em suas companhias. E claro, a movimentada nas redes sociais que os animais provocam, não é mesmo? Mas a vontade de ter um animal desses por perto, mesmo que para uma foto apenas passa rapidamente ao assistir ao documentário.

Com depoimentos das principais figuras envolvidas, a produção de A Máfia dos Tigres consegue criar uma histérica história linear sobre os eventos que levaram Joe Exotic a ser preso pela suspeita de encomendar o assassinato de Carole Baksin, e mostra as desavenças que os levaram a chegar nesse ponto tão crucial na relação dos dois. Temos horas e horas de depoimentos de ambos os lados, onde a produção aponta os fatos de uma maneira que todas as informações sejam apresentadas, e para o que o espectador entenda o complexo contexto que esse grupo de pessoas vive. E os dois lados acabam por terem suas peculiaridades, Joe Exotic é como se fosse um Donald Trump mais afetado, com um vício em drogas e armas, e Carole Baksin assim por dizer tenta passar uma impressão de Hilary Clinton se a política fosse amante dos animais, onde a Presidente do Big Cat Rescue também tem seus esqueletos escondidos, principalmente por ser a suspeita número 1 do desaparecimento do ex-marido, e A Máfia dos Tigres capitaliza em cima dessa rivalidade entre os dois, assim como foi nas eleições americanas de 2016.

Em A Máfia dos Tigres é como entrar na jaula do leão, e embarcar numa jornada sobre um mundo de grandes egos, golpes em que a loucura de um parece atrair a loucura dos outros. Através dos depoimentos das inúmeras figuras que vão desde dos próprios acusados, até mesmo as figuras secundárias como os funcionários dos zoológico de Joe Exotic, os maridos que ele acumulou ao longo dos anos (será John Finlay finalmente arrumou os dentes?, e até mesmo o produtor de seu programa. Assim, A Máfia dos Tigres cria um mapa sobre como funciona o mercado de venda ilegal, e a comunidade de amantes de animais nos EUA, mostra tudo de uma forma bastante minuciosa, e com detalhes que deixarão o espectador com o cabelo em pé pela quantidade de situações fora do comum e que beira a loucura e insanidade. 

Carole Baskin in Tiger King: Murder, Mayhem and Madness (2020)
A Máfia dos Tigres | Crítica | Foto: Netflix

A Máfia dos Tigres fala ainda sobre o culto que os milhões de seguidores desses pessoas tem, e o fascínio que eles como figuras públicas exercem sobre eles. Ao longo dos episódios vemos que os animais acabam por ficar em segundo plano, quando todos os envolvidos começam a se digladiar em inúmeros processos legais, e várias acusações que no final derrubam todos eles.

O documentário mostra ainda a realidade de milhares de trabalhadores do interior dos EUA, que são apelidados de red neck (estereótipo do típico homem branco do interior, de origem humilde, super tradicionalista e conservador, e com uma baixa renda), comenta sobre a precariedade que eles vivem muitos na linha de pobreza e que acabam por ficar presos a esses trabalhos. 

No final, a história de Joe Exotic entrega um mix do reality show no estilo Keeping Up with the Kardashians só que com pessoas mais humildades, com o pior da televisão sensacionalista, e que entrega uma história viciante, e brutal sobre essas figuras peculiares, carismáticas, ao mesmo tempo completamente desconexas com a realidade. A Máfia dos Tigres une intensas histórias sobre o quão surreal pode ser a mente humana quando lida com suas vontades e vícios. 

A Máfia dos Tigres disponível na Netflix


Miguel Morales
Miguel Moraleshttp://www.arrobanerd.com.br
Sempre posso ser visto lá no Twitter, onde falo sobre o que acontece na TV aberta, nas séries, no cinema, e claro outras besteiras.  Segue lá: twitter.com/mpmorales

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