Quando temos um documentário como A Luta de Steve (Gleason, 2016) é difícil não se emocionar com a realidade chocante e complicada, afinal não estamos vemos uma ficção com personagens e tramas criadas para o cinema onde passado aquelas horas tudo que você viu acaba ali mas sim lidando com pessoas, ser humanos reais com sonhos, esperanças e que tem uma história de vida que poderia muita bem acontecem comigo, com você ou com algum familiar. A dura realidade de um ex-jogador da NFL é apresentada sem muitos rodeios e de forma bastante interessante a medida que vemos os vídeos gravados por eles próprios dentro de casa, feitos em uma câmera de mão.
Assim, o diretor J. Clay Tweel, se une com o próprio Steve Gleason, sua mulher Michel Varisco para contar a trajetória de vida do jogador desde que ele foi diagnosticado com ELA (esclerose lateral amiotrófica ou também conhecida como doença de Lou Gehrig). Para quem não sabe, a doença é neurodegenerativa, ou seja ela afeta aos poucos as células do sistema nervoso e faz com que a pessoa perca as habilidades motoras fazendo que o corpo vire como se fosse uma concha dura e estável mas a pessoa mantém sua consciência perdem a fala e o controle de partes do corpo também.
ELA ficou mais conhecida durante 2014 e 2015 quando teve a famosa campanha do Desafio do Balde de Gelo, onde as celebridades se desafiavam em jogar um balde cheio de gelo em prol da doar para a pesquisa da doença. O ex-jogador Steve desafiou o Presidente Obama depois que o mesmo aprovou a Lei Steven Gleason em 2015 lá nos EUA. O ato assinado por Obama dava acesso médico para as pessoas com a doença para conseguir um aparelho que gerava uma mensagem de acordo com os comandos por olhos que a pessoa passava. Isso tudo é apresentado no documentário que mostra também toda a trajetória que o jogador teve para auxiliar outras pessoas com a doença por meio da sua fundação.
Assim, A Luta de Steve acompanha durante mais de cinco anos o dia-a-dia de Steve e sua esposa de forma bem real e brutal e chega até bem bem triste e cruel afinal eles gravam seus cotidianos e contam suas histórias desde de quando se conheceram até descobrirem a doença. O documentário opta por mostrar cenas inteiras sem muita edição. Os médicos deram para ele dois a cinco anos de vida mas Michel descobriu logo em seguida que estava grávida. O casal então decide então enfrentar a doença e resolve aproveitar o tempo com sua esposa e gravar vídeos sobre sua rotina e claro começar a ajudar outros que sofrem da mesma doença.
Emocionante, forte e bem comovente em várias partes o documentário conta por etapas o desenvolvimento da doença de Steve e mostra entrevistas de familiares e amigos. Ele é simples e as cenas filmadas de forma caseira contrastam com as cenas das entrevistas e com as ambientações ao longo dos anos. É difícil não se emocionar em alguns momentos.
Mesmo tentando mostrar que o casal não perdeu seu lado romântico e apaixonado nos primeiros estágios da doença a dramaticidade vem quando o filho deles nasce e o trabalho começa a ficar mais complicado. Então, A Luta de Steve serve para um alerta mais uma vez sobre os impactos da doença nas pessoas que acabam desenvolvendo a doença e sua produção consegue ser tocante em diversas cenas que acabam por deixar um dó na garganta mas que devem ser discutidas para levar o conhecimento sobre o problema que afeta milhares de pessoas no mundo.
A Luta de Steve entra em cartaz dia 13 de julho.